Cesar Maia
1. Nos últimos anos, espalhou-se o mito que a publicidade é o mais
importante ministério dos governos. A curva de gasto dos governos com
propaganda – incluindo publicidade, patrocínios, promoções esportivas e
culturais, incentivos fiscais com seus logotipos, marcas em eventos,
testemunhais de comunicadores, etc. – é exponencial. Difícil calcular, pois
aparece distribuída e não concentrada na rubrica publicidade.
2. Aliás, seria uma boa medida os tribunais de contas, ou mesmo uma
resolução do senado, determinar que todo esse gasto fique alocado em uma só
rubrica. Somando tudo o que se gasta em um ano em propaganda do governo
federal, estados, municípios e empresas dos governos, se iria a mais de R$ 10
bilhões por ano, talvez mais próximo de R$ 15 bilhões.
3. Uma máxima de propagandistas de governos, de uns 80 anos atrás,
já lembrava que “não há um bom governo sem uma boa publicidade, mas também não
há uma boa publicidade sem um bom governo”. Outra máxima centenária ensina que
“... não se engana todo mundo o tempo todo”.
4. A nossa Constituição – até ingenuamente – proibiu publicidade
dos governos com o nome dos governantes. Mas se esqueceu de que a vinculação
não precisa de nomes, mas de marcas. E mais grave, distorceu o processo
democrático na medida em que os governos têm direito a fazer qualquer
propaganda e a oposição não. E com o dinheiro dos impostos. Nos Estados Unidos
e na Europa governos são proibidos de gastar dinheiro com publicidade.
5. “Quero morar na propaganda do governo da Bahia”. Quero Morar na
Propaganda do Governo da Bahia fez sucesso no YouTube ironizando com um
‘contra-jingle’ a propaganda do governo. O uso e abuso da TV nas campanhas
eleitorais brasileiras tem se aproveitado de um certo alheamento do eleitor com
a política e durante os 45 dias de campanha na TV recriam os governos mostrando
fatos e feito virtuais, pagando jingles e depoimentos... E elevam a aprovação
aos governos que disputam a reeleição.
6. A propaganda pode criar governos virtuais enquanto o eleitor
está desatento ou enquanto as mazelas dos governos ainda não estão
generalizadas. A propaganda exaltando feitos dos governos medíocres procura
convencer o eleitor que o sucesso em outros pontos vai chegar ao eleitor em um
pouco mais de tempo.
7. Durante anos dos governos Lula-Dilma, o que se via era ambos
despachando com o publicitário João Santana para desenhar a publicidade do
governo na TV e aumentar ou recuperar, virtualmente, prestígio. E agora? Dilma
bate recordes de impopularidade. Lula vai junto e passa a dar entrevistas e
fazer palestras dando show de oportunismo – transferindo responsabilidades para
Dilma e o PT.
8. Afinal: onde está o João Santana??
Título e Texto: Cesar Maia, 24-6-2015
Grifos: JP
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