Haroldo Barboza
As greves no setor público são
longas, pois os governantes têm como filosofia deixar que elas aconteçam para
DEPOIS jogar as categorias oprimidas contra o povo. Como exemplo, sabemos que
os professores estão com salários indecentes há mais de trinta anos. O
governante pode negociar um paliativo entre janeiro e março de cada ano, mas
espera a greve acontecer para depois de dois meses dizer que vai contratar cinco
mil professores e que os alunos não serão prejudicados.
No setor privado, um mês antes
de algum movimento de descontentamento de seus funcionários, o patrão lúcido
faz as contas e percebe que pode investir 5% de seu lucro do último ano para
atender seus funcionários e evitar o atrito negativo que lhe causará prejuízo
na imagem e nas vendas.
Aqui no Rio, a copa de 2014 e
as “Olim...piadas” de 2016 receberam todas as verbas definidas (o triplo do que
foi previsto no início do projeto) para dar conforto aos atletas (além de
crédito político ao governante e propina às empreiteiras), enquanto os postos
de saúde, as escolas, as delegacias ficaram (e continuam) sem material para
trabalho rotineiro. E os servidores públicos de qualquer área (salários
engessados) têm de ficar sorrindo trabalhando dentro deste caos provocado com
fins escusos! E nós (quatro anos depois) ainda pagando as contas dos “elefantes
brancos” através de impostos que vão e serviços que não chegam.
A única categoria que
INFELIZMENTE não faz greve é a dos legisladores e juristas. Quando ficam
cansados de nos esfolar, definem aumentos imorais (durante as madrugadas) para
suas classes e aumentam as fontes de custeio através da elevação de nossos
impostos.
Este cenário dificilmente
mudará antes de trinta anos, pois a atual geração anda muito preocupada com seu
“futuro”, ou seja: quando chegará ao mercado o novo modelo de smartphone que
terá um imã para manter a caneta em pé para realizar os exercícios de
caligrafia pedidos pela professora?
Enquanto este aplicativo não chega, vão se distraindo com o BBBB da vez.
Título e Texto: Haroldo Barboza, 20-5-2018
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