quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O novo governo federal

Artigo da semana, de Peter Rosenfeld:

Gabinete da Presidência da República Federativa do Brasil, Palácio Planalto. Foto: Alex Pereira, 23 de setembro de 2007
A Presidente-eleita, Sra. Dilma Rousseff, está às voltas com a formação de sua equipe de ministros. Ao que parece, tem tido sérios problemas.
Em minha opinião, está cometendo alguns erros que podem atrapalhar negativamente todo o esforço que certamente está envidando para formar uma boa equipe.
Esses erros tem que ver com a nomeação de pessoas para satisfazer seu ex-chefe, Sr. da Silva, ou os partidos que a apoiaram na eleição ou a apoiarão em seu governo.
Já mencionei em artigo anterior que causa asco, nojo, a forma como os partidos se comportam.
Talvez não seja o que penso, mas é muito difícil que esteja enganado.
Em minha opinião, quando um partido briga por determinado ministério é porque quer meter suas indelicadas mãos, verdadeiras patas,  nas verbas desse ministério, tanto de forma direta como indireta.

Não é porque tenha uma pessoa altamente qualificada para dirigir aquela pasta. É, sem sombra de dúvida, para poder nomear mais e mais cupinchas, a grande parte sem qualquer qualificação técnica e, muitas vezes, com muito baixa ou negativa qualificação moral, para o cargo.
O mais indecoroso de todos os partidos é, sem sombra de dúvida, o PMDB (atualmente seguido muito de  perto pelo PT).
Não é à toa que o PMDB é o maior partido do Brasil.
Sempre foi muito competente em barganhar em seu proveito os melhores ministérios e os melhores cargos nos mesmos. Quando ocupa um ministério há uma brutal verticalidade, pois preenche todas as vagas, desde as mais saborosas($$$$) até as mais modestas.
E sabe se aproveitar dessa  vantagem.
O melhor exemplo de políticos aproveitadores é a família Sarney. É dona do Maranhão há muitos e muitos anos, tendo conseguido manter o estado em situação de penúria.
Tudo o que existe lá leva o nome de um Sarney ou, simplesmente, o nome Sarney. Lembro que, há muitos anos passados, era proibido aos pedestres passar em frente à propriedade Sarney na calçada de tal propriedade.
O pedestre tinha que atravessar a rua e caminhar na calçada oposta! Incrível mas verdade. Não sei qual é a situação atual.
Mas, não satisfeito por ter o domínio absoluto do Maranhão, o Patriarca José Ribamar se candidatou a senador pelo estado do Amapá, e continua nessa situação até hoje!
Houve evidente fraude eleitoral à época, pois o Sr. Sarney não tinha, efetivamente, domicílio no Amapá.
Mas voltemos à formação do futuro governo.
Algo totalmente errado no País consiste no fato de serem nomeados para Ministérios ou outros cargos de primeiro escalão políticos eleitos para o Senado e/ou para a Câmara de Deputados.(a propósito, o mesmo ocorre nos Estados e Municípios). O parlamentar que se elegeu o foi para representar seus eleitores no legislativo.
Se quiser ocupar um cargo no Executivo, o parlamentar deveria ter que renunciar ao mandato eletivo, como ocorre em outros países com sistemas de governo presidenciais, diferentemente do que ocorre em países com sistemas parlamentares de governo.
A existência de suplentes é execrável, em minha modesta opinião.
Devido a essas distorções todas, a Presidente eleita está em palpos de aranha, pois é obrigada a aceitar determinados nomes que nada tem com ela, Presidente eleita; sequer são pessoas de sua confiança.
Note-se que algumas dessas figuras são pessoas de confiança do Sr. da Silva; fizeram parte de seu ministério.
Há que dar lugar a gente nova, com mentes arejadas.
A Presidente eleita certamente conhece muita gente competente, já que milita na política há tempo, tanto no Estado em que se decidiu a trabalhar em cargos públicos como na esfera federal.
Então, por que não arejar o ambiente com novos nomes, não viciados na esfera federal ? Mais, esquecendo quaisquer parlamentares, pois esses têm dívidas morais para com seus eleitores.
O Sr. da Silva está deixando uma enorme herança maldita. Dívida pública monumental, que terá que ser paga mais cedo ou mais tarde. Grande parte da população igualmente endividada, pois cometeu a loucura de comprar automóveis a serem pagos em até 80 meses; eletro-domésticos igualmente financiados a prazos longos, sem falar dos imóveis (esses sim, corretamente financiados em até 30 anos).
Empréstimos de milhões e milhões de dólares a países que provavelmente não terão condições de saldar tais compromissos (e o Sr. da Silva perdoou a dívida de uns tantos deles!).
A máquina pública excessivamente inchada. Só para o gabinete presidencial foram recentemente nomeados mais 190 aspones. Eu disse MAIS, porque no gabinete já havia quantidade absurda de funcionários de várias posições hierárquicas.
Vejamos como se haverá a Presidente eleita quando assumir! 
Peter Wilm Rosenfeld
Porto Alegre, 08 de dezembro de 2010

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