terça-feira, 15 de novembro de 2011

As falsidades, os melindrados e o índio


Índios respectivamente das tribos:
Assurini, Tapirajé, Kaiapó, Tapirapés, Rikbaktsa e Bororó
Fotos: Licínio Miranda, Lecen, 2009

Valfrido M. Chaves 
As discussões em torno de temas controversos e de interesse da sociedade são fundamentais numa democracia imatura como a nossa e onde, por suprema ironia, o poder central se encontra nas mãos de grupos cuja ideologia, historicamente, nunca foi compatível com a propriedade privada, com o pluripartidarismo, com os direitos individuais, a liberdade de imprensa e, sobretudo, de opinião. Mas não apenas isso: trata-se de um modelo de pensamento e prática baseado na crença de que “o conflito é o motor da história” e de que tanto a moral quanto a verdade seriam relativos: verdadeiro e moral é o que promove o conflito, sendo mentira e imoral tudo o que entrava o “avanço”, dentro da concepção ideológica onipotente dessa militância. Na prática, “avanço” seria o que fragiliza a propriedade privada e promove o conflito dentro da sociedade. Assim se compreende, leitor, o boicote ao plantio de erva-mate em áreas guarani, algo compatível com a cultura desse povo, e manga e caju em áreas terena, cujo povo sempre soube plantar e comercializar. Índio plantando, comendo bem, comercializando, prosperando, integrado, se constitui num “mal” a ser evitado, pois não promove o conflito e o afastamento entre as comunidades. Quem está no poder e tem maioria no Congresso, porque não se interessa em simplesmente comprar terras de proprietários legítimos, para o índio? Por quais razões ignora o financiamento externo para violação dos mais legítimos direitos de cidadãos brasileiros, através de invasões? Em que país do mundo isso é tolerado? Porque os militantes tão hábeis em distorcer a alta criminalidade entre indígenas, apresentando-a como violência cometida “contra os povos indígenas”, protegem a cultura do ócio entre esses povos, não denunciando o assistencialismo e as ações para segregar nossos índios? Em que cultura o ócio não é o “caldeirão do diabo”, estando aí a raiz da alta criminalidade nessas comunidades, volto a dizer, mentirosamente alardeada como “violência contra o indígena”? Quando este escriba emitiu opiniões deste teor em outro artigo, elas melindraram o Dr. Hermano Melo, que escreveu nesta página o artigo “O psicanalista e o índio”. Lembrei-me então de outro melindre do referido escritor, expresso por ocasião da libertação da franco-colombiana Ingrid Bettencourt, das mãos dos narco-terroristas das FARCs. A Imprensa mundial deu toda divulgação à brutalidade, bestialidade dos seqüestradores, que foram muito bem analisados pela ex-prisioneira. “São como autistas, vivem em outro mundo, são inacessíveis, nada os comove”, disse ela com extrema precisão e sabedoria. Pois, bem, nosso professor, por suas razões, melindrado, expressou em um artigo que a imprensa “fez o maior chororó” em torno de nossa Íngrid. Ou seja, desqualificou as oportunas divulgações de nossa imprensa sobre a barbárie exposta na ocasião. Da mesma forma, quanto a nossos pontos de vistas: se não estivéssemos dispostos a ler ou ouvir críticas oportunas ou não a elas, não nos manifestaríamos nesta segunda página do Correio. O que quer que ocorra e se manifeste, se presta à análise do leitor, no contexto dessa liberdade de imprensa que tanto incomoda justamente aqueles que dela se valem para a promoção do conflito e distorção da realidade. Coisa só mesmo para Marx e Lênin explicar.
Título e Texto: Valfrido M. Chaves, Psicanalista, Pós Graduado em Política e Estratégia

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