Luisa Castel-Branco
Liga-se a televisão em
qualquer canal, ou lê-se um jornal e deparamo-nos com um coro de carpideiras.
Desde dignitários da Igreja Católica, a comentadores de todas as espécies, até
passando por essa nova estirpe de politólogos, todos dizem o óbvio, e cada um
tem mais certezas do que o outro sobre como gerir o país.
Os mesmos que acusam os
políticos de tudo o que se possa imaginar, choram de seguida com a necessidade
da classe política ter uma boa imagem junto do povo.
Trespassa em todos os
comentários um desprezo profundo aos ricos, o que quer que seja que esta
definição abrange, e podemos ouvir afirmações como: «São precisos muitos pobres
para fazerem um rico» (Frei Fernando Ventura in SIC Noticias)!
Falam e falam e apelam ao povo
para se manifestar, abençoam as greves que ai vêm e todos esperam um futuro de
motins e desacatos sociais.
O impressionante é que parece
não termos apreendido absolutamente nada com o exemplo da Grécia, a dita de
quem andamos a fugir a comparações a sete pés!
Estes mesmos comentadores não
alertaram os portugueses (salvo raras excepções) para o comportamento
irresponsável para dizer o mínimo do Partido Socialista, esse sim, que nos
colocou nesta situação.
Mas afinal o que é que querem?
O país ficou sem dinheiro e hoje temos de viver da ajuda da Europa. Bons ou
maus decisores, goste-se ou não, a verdade é que não temos condições para fazer
mais nada senão aquilo que está acordado com a Troika.
Querem greves e motins? Depois
queixem-se!
Título e Texto: Luisa
Castel-Branco, Destak, 07-11-2011
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Carpideiras, pormenor de uma
pintura mural do Túmulo de Ramosé, XVIII dinastia. Têmpera sobre estuque.
"Carpideiras faziam parte
de todos os enterros no Egipto, celebrados como devia ser. Choravam o morto e
tentavam acordá-lo do sono da morte com altos gritos. Os cabelos estão soltos e
os seios nus por cima de vestidos esfregados com cinza azul-acinzentada. As
lágrimas rolam pelos rostos abaixo. Os braços erguidos são uma forma
tradicional de simbolizar o luto e o desespero. O artista dispô-las como um
grupo compacto com os corpos paralelos. As cabeças estão dispostas em três
níveis. Conseguiu evitar a monotonia fazendo pequenas variações: uma fila de
figuras de perfil muito juntas, uma delas a olhar para trás, e uma rapariga
adolescente despida: a cena está pintada sobre um fundo branco e o artista não
usou muita cor em toda ela. Os vestidos são azul-claros, o cabelo é preto, e os
rostos amarelo-pálido.
Estas mulheres em pranto fazem
parte de um cortejo fúnebre que decora uma das paredes do túmulo de Ramosé, um
vizir do reinado do faraó Amen-hotep III."
Imagem: Cíntia Pontes, Porto,
Portugal, no blogue “Um olhar sobre o mundo das Artes”
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