O PS viabilizará um desastre
para o país acenando com alguma medida resgatada por entre os escombros. Uma
estratégia tão oportunista como míope.
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António José Seguro, Secretário-Geral do PS. Foto: Agência Lusa |
José Gusmão
António José Seguro deixou o
país suspenso durante semanas enquanto agonizava em dúvidas e hesitações sobre
o orçamento mais à direita da história da democracia portuguesa. No final de
tanta angústia, o General saiu decidido do seu labirinto e anunciou: abstemo-nos. Mas temos condições. E se essas condições não forem cumpridas…
abstemo-nos à mesma.
O PS subscreveu o memorando da
Troika e continua a tentar convencer os portugueses de que se o PEC IV tivesse
sido aprovado, estaríamos salvos. Mas mesmo para quem ainda se consegue manter
nesta posição quando as consequências da austeridade devastam a Europa, a
viabilização do orçamento é incompreensível. O PS fez a sua campanha em torno
da austeridade “soft” em que o Estado Social, os direitos de trabalho seriam
protegidos. Serão protegidos agora?
A aposta de António José
Seguro é evidente: no meio da tragédia, conseguir qualquer coisa que possa
apresentar aos portugueses como a conquista do PS e, com isso, fazer prova da
sua relevância e ganhar capital político. E se conseguir alguma coisa, essa
estratégia será bem-sucedida. No curto prazo, bem entendido. O PS viabilizará
um desastre para o país acenando com alguma medida resgatada por entre os
escombros. Uma estratégia tão oportunista como míope.
Tudo isto são más notícias
para toda a esquerda. É hoje muito claro que esta política (e não apenas este
Governo) só poderá ser derrotada com uma enorme mobilização popular. Um PS
colado à Direita mais fanática que este país já conheceu até pode abrir espaço
para que outros possam crescer à sua esquerda. Mas fragiliza toda a esquerda
social e política naquela que é provavelmente a mais importante luta que tem
pela frente desde há muitas décadas.
É por isso que quem quer ser
“violento” contra esta política, tem um caminho simples. Rejeitá-la, no
Parlamento e na rua. Nem precisa de ser uma “rejeição violenta”. Basta que seja
coerente e consequente. Mas esta pode ser uma exigência excessiva para quem a
coerência é uma batata e a palavra dada um verbo de encher.
Título e Texto: José Gusmão, Dirigente
do Bloco de Esquerda, economista. Publicado originalmente no site Esquerda.net,
08-11-2011
Grifos: JP
Que coincidência! Ainda ontem eu comentava sobre a "evidente aposta de José Seguro": tirar proveito político da demagógica proposta que apresentará ao Governo, qual seja a de "poupar" do corte um dos subsídios dos funcionários públicos. Eu dizia que se fosse Governo eu não acederia a essa proposta pela evidente intenção político-partidária e responderia "Ih, Seguro, pra cima de moi, non!". Isto é, como está, o Governo vai continuar a "beneficiar" da oposição, séria ou não, fundamentada ou não, de greves, da desqualificação dos seus integrantes, da fofoca, da torcida contra, das carpideiras, etc... Nada vai mudar. Agora, se aceder à emocionante proposta do PS, sairá o Sr. Seguro como salvador da Pátria, dos Injustiçados e caterva. E o Governo continuará a receber os mesmos "benefícios" listados no antepenúltimo período. A ver iremos!
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