João César das Neves
O mundo deve muito à cultura
grega, que nos ensinou a filosofar, fazer arte e tantas mais. Mas é bom lembrar
que a primeira vez que esse povo deu nas vistas foi no final de uma guerra, ao
introduzir na cidade vitoriosa um pequeno número de guerreiros escondidos, que
levaram à ruína os vencedores.
Hoje a União Europeia sente-se
como a velha Tróia. A Grécia, a única economia obrigada a ficar de fora aquando
do nascimento do euro em 1999, só entrou em 2001, aldrabando as contas para o
conseguir. Hoje é a dissimulada e pequena Grécia que gera a crise alegadamente
fatal para o euro. O teste grego tornou-se assim decisivo. A dois níveis.
Para os países em
dificuldades, como nós, a finalidade é provar que somos muito diferentes da
Grécia. E somos. Mas é bom não esquecer que temos por cá muitos «gregos». Todos
aqueles que convidam à subversão, recusam os sacrifícios, duvidam do caminho e
esquecem as tarefas de reconstrução em nome de vinganças ou raivas, repetem
aqui aquilo que, mais que a dívida, afundou o nosso parceiro helénico. Porque o
problema grego tem sido, acima de tudo, de solidariedade nacional.
O teste grego é também
precioso para a União. Esta perturbação mostra bem os enormes custos do fim do
euro. Instabilidade cambial, perda de poupanças, colapso financeiro e recessão
económica, não só nos estados membros mas em todo o mundo, são a alternativa a
uma solidariedade comunitária, de que muitos ainda duvidam, mas que certamente
acabará por vingar. A Europa tem de sair mais forte do teste grego. Ou não sai.
Título e Texto: João César das
Neves, Destak, 17-11-2011
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Cavalo de Tróia em pintura de Giovanni Domenico Tiepolo
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Carpideiras
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