Os russos da RSI Trading, que
concorrem à reprivatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo,
admitiram, esta segunda-feira, que a empresa poderá voltar a ter mais de mil
trabalhadores, caso vençam aquele concurso.
"Os estaleiros já tiveram
mais de mil trabalhadores, penso que esse número pode facilmente vir a ser de
novo alcançado no médio prazo. É uma consequência normal do aumento do nível de
encomendas e da produtividade", afirmou à agência Lusa Frederico
Casal-Ribeiro.
Foto: Lisa Soares/Global Imagens |
O representante em Portugal do
grupo russo lembrou que a RSI Trading "conta" com os atuais 635
trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC).
"De futuro, obviamente
que aumentando a capacidade produtiva dos estaleiros, será uma consequência natural
aumentar a mão-de-obra e os níveis de empregabilidade", sublinhou.
Isto porque o grupo russo já
estabeleceu como objetivo, em caso de vitória, avançar com um plano de
modernização para permitir "um aumento da produtividade e competitividade
dos estaleiros", mas reconhecendo, por outro lado, "o elevado
know-how dos trabalhadores".
A empresa RSI Trading integra
a Corporação Financeira da Rússia, do magnata Andrei Kissilov, e a entrada no
concurso para a reprivatização dos ENVC insere-se nos seus planos de
"expansão".
Em menos de cinco anos a
empresa River Sea Industrial (RSI) Trading adquiriu três grandes estaleiros
russos, em Petrozavodsk, Nizhi-Novgorod e Volgogrado. Nesta última cidade
dispõe ainda de uma fábrica de metalomecânica, numa área industrial total de 75
hectares.
Emprega mais de três mil
trabalhadores e fatura 500 milhões de dólares norte-americanos, fruto da
"forte presença" em países da ex-União Soviética, da região do mar
Cáspio e da Ásia Central.
"Na nossa estratégia de
expansão, os ENVC são uma pedra fundamental. África e América do Sul são
mercados prioritários e ter um estaleiro em Portugal faz todo o sentido",
afirmou Frederico Casal-Ribeiro, recordando as afinidades culturais, a língua e
a posição geográfica, para justificar esta opção.
Em caso de vitória no concurso
de reprivatização, o grupo russo assume como "prioridade" iniciar
"imediatamente" a construção de dois asfalteiros para a Venezuela, a
única encomenda ativa nos estaleiros de Viana.
Nesta altura, entre os três
estaleiros russos da RSI Trading, a carteira de encomendas para 2013 é de
"35 a 37 navios", entre contratos fechados e em negociação.
"Admitimos, obviamente, caso a caso e de acordo com as específicas
técnicas de cada navio, que alguns desses possam vir a ser alocados a Viana do
Castelo", assumiu ainda Casal-Ribeiro.
A isto acrescentou a garantia
do grupo russo de "preservar a identidade" dos ENVC, como empresa que
"constrói navios desde o anteprojecto até ao lançamento", rejeitando
qualquer cenário de construção apenas de blocos para outros estaleiros.
A RSI garante ainda uma
"equipa forte de gestão" dos ENVC e "integralmente
portuguesa", inclusive com alguns elementos já "sondados no âmbito de
uma pré-negociação". "Da Rússia virá apenas algum apoio técnico, mas
talvez apenas na fase inicial", rematou Frederico Casal-Ribeiro.
O grupo russo RSI Trading
disputa 95 % do capital social dos ENVC diretamente com a empresa brasileira
Rio Nave.
O Governo português prevê
vender os ENVC até final do ano.
Fonte: Jornal de Notícias, 03-12-2012
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