domingo, 15 de setembro de 2013

Mascarados, Lewandovski e o Tribunal Constitucional

Já lembrei aqui a histórica Marcha dos Cem Mil no Rio de Janeiro, em 1968. Não se viu nenhum mascarado.
Também postei uma foto do protesto dos professores fluminenses no passado dia 11 de setembro. Ninguém mascarado.

Em outubro de 2008 surgia o MPD:
O Movimento Pró-Democracia (MPD) é um movimento político que surgiu de forma espontânea, pacífica e apartidária, no dia 26-10-2008, após a apuração das eleições 2008, do Rio de Janeiro. É composto por toda a população que esteve (e está) indignada com a conjuntura da política nacional.
A primeira manifestação foi no dia 17 de novembro de 2008. Do local da concentração, Cinelândia, os manifestantes caminharam até à sede do Tribunal Regional Eleitoral, na Avenida Presidente Wilson. Eram cinco mil, segundo a estimativa da Polícia Militar, nos jornais do dia seguinte. Eu caminhei com eles, ou melhor, atrás deles. Não vi nenhuma máscara, nem fantasia. A PM deu “cobertura” à passeata, parando o trânsito nos cruzamentos (como se nota na segunda foto), e acompanhando lateralmente.



Participei ou assisti a muitas manifestações no Rio de Janeiro: de aposentados pelo INSS, de ex-trabalhadores da Varig… As únicas máscaras, disfarces ou fantasias que vi foram essas aí (em 30 de agosto de 2009):


Muitas manifestações, atos, protestos (e greves) aconteceram no Brasil até junho de 2013: contra a corrupção; de Bombeiros e policiais civis e militares; de ex-trabalhadores da Varig, Aposentados e Pensionistas Aerus; de professores; pelos animais e… não lembro mais.
Até então, a polícia acompanhava essas manifestações da mesma forma como acompanhou a do MPD, isto é, facilitando o curso da passeata parando o trânsito e enquadrando lateralmente os manifestantes.

Eis que chegamos a junho de 2013, São Paulo… uma manifestação pelo passe livre… lembro-me de estar assistindo pela Record News e postar um comentário, me referindo à violência, algo como “não adianta, o Brasil não é a Turquia”…
Desde então, francamente, ainda não percebi pelo quê ou contra quê lutam os brasileiros que têm ido para as ruas (?!). Contra a corrupção? Muito vago… Aliás, essa deveria ser uma luta diária dos brasileiros, você me entende. Contra o governador Cabral? O coronel Paúl, o blogueiro Ricardo Gama já vêm fazendo isso desde há muito. De cara descoberta.

Rio de Janeiro, Av. Rio Branco, 12-02-2010. Foto: Paulo Resende
(Ricardo Gama sofreu um atentado em março de 2011, em Copacabana, levou três tiros na cabeça e um no pescoço, até agora não elucidado.)
Contra o prefeito Eduardo Paes? O MPD foi o precursor. Ainda bem que não teve o apoio (e interferência) dos black bloc, anonymous, black panthers

É claro que muitos dos brasileiros que têm saído às ruas o fazem por natural idealismo e autêntico patriotismo.
Mas, a que ponto chegamos? O de ter dois lados: o da polícia repressora, que é má, que é o bandido e os jovens de cara tapada que são os oprimidos, os bons, o mocinho. Pois como já escrevi, a impressão que tenho é a de que o “povo” saíu às ruas para protestar CONTRA a polícia e a FAVOR do ‘direito’ de esconder o rosto.

Vou repetir: me surpreende que a polícia que até junho de 2013 era, como dizer?, uma polícia “normal” se tenha transformado nessa polícia que “black blocs” e  “levantes populares” conseguiram desenhar no consciente e inconsciente de muitos brasileiros de boa fé e boa índole. Os mesmos que querem o fim do voto secreto no parlamento. Noutras palavras, querem o fim das ‘máscaras’ no Congresso Nacional, mas não se importam de conviver com mascarados nas ruas. Serão estes mais brasileiros do que os que estão no Congresso? Terão aqueles mais direitos do que estes?

O que diriam os brasileiros, que apoiam os mascarados, se os julgamentos no Supremo Tribunal Federal ainda acontecessem a porta fechada e não pudéssemos, como atualmente, ver as caras dos ministros dessa corte, hein?
Pois está aí uma prática da qual devemos nos orgulhar e lutar para que não tenha volta! No ar desde 11 de agosto de 2002, a TV Justiça transmite às quartas e quintas-feiras, ao vivo, a íntegra dos julgamentos realizados no plenário do Supremo. Começou em 2002, no governo do “neoliberal (?)”, “entreguista”, Fernando Henrique Cardoso.
Não é à toa que o Guia Universal dos Povos criticou a transmissão ao vivo dos julgamentos no Supremo Tribunal Federal:

Pois é, e é graças a essa prática que cada um de nós, que se interessa pelo que se passa naquela corte, pode ver a cara de uns e de outros, mesmo dos ‘mascarados’, certo?
Lembro que o Supremo Tribunal Federal, nos artigos 101 a 103, da Constituição ora vigente, promulgada em 5 de outubro de 1988, tem a competência precípua de Guarda da Constituição.
Portanto, têm os brasileiros muito mais sorte do que os portugueses, que têm um Tribunal Constitucional cujos rostos pedem até conhecer, mas cujas caras desconhecem.
JP, 15-9-2013

Relacionados:

7 comentários:

  1. Visão totalmente errada: o “povo” que saíu às ruas para protestar CONTRA a polícia e a FAVOR do ‘direito’ de esconder o rosto pertence à tropa de choque do PT, que pretende, com atos de vandalismo, fazer com que o povo tenha medo de ir às ruas protestar. Estes bandidos são treinados em práticas de guerrilha em acampamentos do MST que contam com instrutores cubanos e venezuelanos.
    Batalha

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. "Visão totalmente errada"??
      Em que pese o inalienável direito à discordância, algo me diz que o artigo não foi lido, mas, tão só, o excerto do e-mail que divulga este post.

      Excluir
  2. Acontece que os citados acima não são ou não eram bandidos. Ninguém está à soldo de partido ou de governo canalhas. São trabalhadores patriotas reivindicando melhorias, simples assim.

    ResponderExcluir
  3. Lilicarabina,
    Quais os "citados acima"? Onde, no texto, está a mais leve crítica aos "trabalhadores patriotas reivindicando melhorias"?
    Cumprimentos./-

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Os trabalhadores patriotas reivindicando melhorias não depredam caixas eletrönicos, não arrombam lojas para saquear, não destroem o patrimônio público; isso é estratégia do governo para manter o povo dentro de casa e não protestando na rua!

      Excluir
  4. É por aí: "monopólio petista". Temos que lembrar que o petismo-lulismo proclamava que era "ético, democrático e transparente" e o seu chefe alardeava que "não havia ninguém mais ético do que ele".
    Assim, nas ruas também quer ter o "monopólio" do protesto (regado a dinheiro público), e, menos é óbvio contra a corrupção do próprio petismo-lulismo.
    Rivadávia Rosa

    ResponderExcluir

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-