segunda-feira, 2 de junho de 2014

8 de maio de 1945 – 8 de maio de 2013: os vários ângulos de um ser humano


José Manuel

Ângulos de Euler
Em 8 de maio de 1945, a Alemanha capitulava, encerrando um dos mais sangrentos e vis episódios da humanidade.
Nesse dia o Dr. Joaquim Barbosa, ainda não havia nascido, pois é de 7 de outubro de 1954, portanto, quase dez anos depois do fato mencionado.
Porém, a totalidade dos aposentados do AERUS, que hoje se arrastam pelos aeroportos pedindo quase por favor que a justiça libere os seus proventos para que possam voltar a ter uma velhice digna, já eram nascidos muito antes dessa data e, com certeza, viveram uma infância de agruras do pós-guerra recente.

Traçando paralelos com essa datas tão importantes, no dia 8 de maio de 2013, portanto, 68 anos depois daquela vil data, nós tivemos a nossa cidadania cassada mais uma vez, por dez longos meses, ao ter o pedido de vista sido solicitado pelo Dr. Joaquim, presidente do órgão máximo do judiciário, em uma decisão favorável à Varig e consequentemente aos aposentados do fundo de pensão AERUS.
Todas as nossas esperanças estavam sendo depositadas nesse julgamento.
Tenho perfeita consciência de que sentenças judiciais podem não ser perfeitas, mas segundo a lei dos homens estas sentenças que são dadas por homens capazes para tal não podem ser julgadas por quem não tem capacidade para isso, e no caso, nós, cidadãos comuns.

Porém, existem aspectos técnicos e regimentais, os quais temos como assistentes dos fatos, pleno acesso a informações, e a que temos em leitura é a de que a demora em devolver o processo em dez meses excedeu não só o que tecnicamente está escrito, como houve muita insensibilidade do ministro para com pessoas muito idosas, ocasionando com isso a viagem desses mesmos idosos às profundezas do inferno.

Do dia 8 de maio de 2013 ao dia 12 de março de 2014, portanto, dez meses, aconteceram óbitos que talvez não tivessem acontecido, cidadãos perderam seus patrimônios trabalhados durante décadas, e doenças de todos os tipos se instalaram nas vidas dessas pessoas.

Não coloco, de maneira alguma, o passado ilustre do ministro Joaquim em dúvida, mas sinto que tudo isso poderia começado a ter sido evitado quando, lá atrás e bem antes de 8 de maio de 2013, ele nos negou e também depois de muito tempo em suas mãos, a antecipação de tutela, que poderia ter nos levado a uma vida melhor, ao retorno do nosso destino como cidadãos idosos ordeiros e trabalhadores.

Finalmente, em 12 de março de 2014, por cinco votos a favor e dois contra, um dos quais do ministro Joaquim, pela segunda vez vencemos uma batalha no supremo órgão da justiça, e sob a sua presidência, o qual só vem a corroborar tudo o que aqui está escrito e nos dar a certeza de que tudo o que se sucedeu no período de um ano, poderia ter sido perfeitamente evitado, se a razão tivesse prevalecido e sido colocada acima de qualquer pensamento de cunho filosófico ou jurídico.

Joaquim Barbosa

Hoje, ao anunciar a sua aposentadoria para este mês de junho, a sociedade tem apenas uma visão de um dos ângulos do ministro, que ao julgar exemplarmente criminosos e corruptos do poder público, angariou para si a simpatia de toda uma sociedade lesada por bandidos.
Resta o outro ângulo a ser melhor observado, por esta mesma sociedade, que teima em ver só o que se apresenta de uma maneira fácil e midiática.
Ainda há o acórdão do processo vitorioso da Varig a ser publicado no STJ, ainda este mês sob a presidência do Dr. Joaquim Barbosa, para que possamos finalmente nos candidatar a um acordo de ressarcimento junto à União.
Mais uma vez as nossas esperanças se renovam no sentido de que uma atitude, apenas uma atitude, reverta tanta covardia perpetrada contra nós em oito anos.

Ao tomarmos conhecimento das últimas notícias que dão conta de que o ministro irá se aposentar com um salário de R$ 29,4 mil e mudará a sua residência para Miami, temos a certeza de que a sua chegada ao universo dos aposentados, jamais e ainda bem, diga-se de passagem, transitará pelos sabores do fel que estamos sentindo em nossas bocas há longos oito anos.

Vista aérea de Miami
Peço que, por favor, o Dr. Joaquim não entenda mal o que aqui está escrito, porque apenas estou exercendo plenamente a minha cidadania e tenha plena consciência de que lhe desejamos um descanso merecido, após tantas árduas lutas protagonizadas no poder judiciário.

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