Cesar Maia
Estado de SP (05) entrevista
Loretta Napoleoni, autora de A Fênix
Islamita, e doutora em terrorismo pela London School of Economics.
1. Hoje o EI – Estado Islâmico
– lidera a criação de uma aliança internacional, na qual eles seriam uma
espécie de “guarda-chuva ideológico”, e cuja natureza não é apenas religiosa,
mas também anti-imperialista. Basicamente, é uma frente contra as oligarquias
do mundo muçulmano, mas também contra o ocidente. Essa é uma iniciativa que
atrai outros grupos jihadistas, desde que eles sejam sunitas, como fez o Boko
Haram (que, no mês passado, jurou lealdade ao EI). Existem pequenos grupos no
Paquistão, Afeganistão, na Tunísia, no sudeste da Ásia, por exemplo, que podem
se juntar a esse movimento.
2. É uma situação em que o
perigo pode estar em qualquer lugar, porque a mensagem geral do EI para seus
afiliados é: “independente de onde você estiver, faça o que for possível”. É
assim que o terrorismo anti-imperialista do século 21 vai se organizar, com uma
instrução distribuída, por exemplo, no universo digital com qualquer um que se
solidarize com a causa podendo assumir a “necessidade” de praticar o ataque. E
acho importante ressaltar que, ao contrário do que alguns dizem, não são apenas
pessoas com distúrbios mentais que praticam esses atos.
3. Existe uma nova modalidade,
uma nova forma de ser terrorista que os países ocidentais estão subestimando
atualmente. Muitas dessas pessoas são jovens, com pouca experiência de vida.
Alguns talvez nem compreendam a divisão entre sunitas e xiitas. E, ao contrário
dos movimentos anti-imperialista do passado que exigiam certo tipo de conhecimento
até de teorias econômicas, hoje muitos desses jovens que combatem pelo EI veem
isso como uma aventura.
4. A estratégia atual, de
ataques aéreos de uma coalizão lideradas pelos EUA, por exemplo, não está
funcionando. O que eu acho que é importante fazer no momento, fora do front de
combate, é desenvolver ações para garantir que os jovens não sejam seduzidos
por esse movimento jihadista.
5. O uso das redes sociais
está relacionado diretamente com o a guerra civil da Síria. Quando os estrangeiros
começaram a ser recrutados para o conflito, eles levaram esse conhecimento, que
foi rapidamente adotado pelos jovens que hoje combatem pelo EI. O exemplo mais
emblemático, sem dúvida, é surgimento do Jihadi John – militante que ficou
famoso após vídeos com a decapitação de jornalistas serem divulgados na
internet –, que reflete a supremacia do EI na região e é a propaganda perfeita
para atrair novos membros para o EI.
Via Cesar Maia, 8-4-2015
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