quarta-feira, 8 de abril de 2015

“Ocidente subestima o terrorismo do século 21”

Cesar Maia

Estado de SP (05) entrevista Loretta Napoleoni, autora de A Fênix Islamita, e doutora em terrorismo pela London School of Economics.
   
1. Hoje o EI – Estado Islâmico – lidera a criação de uma aliança internacional, na qual eles seriam uma espécie de “guarda-chuva ideológico”, e cuja natureza não é apenas religiosa, mas também anti-imperialista. Basicamente, é uma frente contra as oligarquias do mundo muçulmano, mas também contra o ocidente. Essa é uma iniciativa que atrai outros grupos jihadistas, desde que eles sejam sunitas, como fez o Boko Haram (que, no mês passado, jurou lealdade ao EI). Existem pequenos grupos no Paquistão, Afeganistão, na Tunísia, no sudeste da Ásia, por exemplo, que podem se juntar a esse movimento.
   
2. É uma situação em que o perigo pode estar em qualquer lugar, porque a mensagem geral do EI para seus afiliados é: “independente de onde você estiver, faça o que for possível”. É assim que o terrorismo anti-imperialista do século 21 vai se organizar, com uma instrução distribuída, por exemplo, no universo digital com qualquer um que se solidarize com a causa podendo assumir a “necessidade” de praticar o ataque. E acho importante ressaltar que, ao contrário do que alguns dizem, não são apenas pessoas com distúrbios mentais que praticam esses atos.
   
3. Existe uma nova modalidade, uma nova forma de ser terrorista que os países ocidentais estão subestimando atualmente. Muitas dessas pessoas são jovens, com pouca experiência de vida. Alguns talvez nem compreendam a divisão entre sunitas e xiitas. E, ao contrário dos movimentos anti-imperialista do passado que exigiam certo tipo de conhecimento até de teorias econômicas, hoje muitos desses jovens que combatem pelo EI veem isso como uma aventura.

4. A estratégia atual, de ataques aéreos de uma coalizão lideradas pelos EUA, por exemplo, não está funcionando. O que eu acho que é importante fazer no momento, fora do front de combate, é desenvolver ações para garantir que os jovens não sejam seduzidos por esse movimento jihadista.
   
5. O uso das redes sociais está relacionado diretamente com o a guerra civil da Síria. Quando os estrangeiros começaram a ser recrutados para o conflito, eles levaram esse conhecimento, que foi rapidamente adotado pelos jovens que hoje combatem pelo EI. O exemplo mais emblemático, sem dúvida, é surgimento do Jihadi John – militante que ficou famoso após vídeos com a decapitação de jornalistas serem divulgados na internet –, que reflete a supremacia do EI na região e é a propaganda perfeita para atrair novos membros para o EI.
Via Cesar Maia, 8-4-2015

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