Péricles Capanema
O Brasil assiste
atônito à inusitada tentativa de acovardar o Judiciário. Fervilham as redes
sociais. Os morubixabas e corifeus da esquerda berram a todos os ventos
enodoando os juízes. O manifesto “Eleição sem Lula é fraude” é
disso claro exemplo.
Tuíte do ex-frei Leonardo
Boff [foto acima]: “Não há nenhuma escritura que mostra Lula ser
dono do tríplex de Guarujá. Nunca morou lá. Nunca dormiu lá. É condenado por
ilações. Moro peca contra a virtude principal de todo juiz: a imparcialidade.
Ele só persegue e quer acabar com ele. As ordens vêm de cima. Ele é pau mandado”.
O velho demagogo começa assim
o ataque boçal: “Não há nenhuma escritura”. Bem, escritura sem
registro não garante a propriedade perante terceiros. A propriedade se prova
pela matrícula (registro). Boff tem o vezo de escrever taxativamente do que não
entende e sempre em mau português.
Aqui repete o costume. Põe de
lado um expediente antigo de malandros brasileiros: o laranja. Umas das
possibilidades, o tríplex da propina (é o que dizem o chefe da OAS e outros)
poderia até ficar em mãos de laranjas, nunca seria formalmente de Lula, mas o
processo foi truncado.
Desce mais: “Nunca
morou lá”. Existem milhares de donos de apartamentos que nunca moraram nos
imóveis. “Nunca dormiu lá”. Dormir num imóvel é prova de
propriedade? “É condenado por ilações. Moro só persegue [a ele]”.
Mentira alvar.
O magistrado condenou
políticos de outros partidos, doleiros, empresários. O inescrupuloso demagogo
não se detém diante da mentira descarada. As ordens vêm [sic!] de cima. De
fato, o português do enfurecido aldrabão tem o mesmo nível da argumentação,
vale nada.
Ele tem alguma prova, ou o
mais leve indício, de que Sérgio Moro recebe ordens de pessoas bem situadas? É
calúnia [imputação falsa de fato definido como crime]. “Ele é pau
mandado”. A objurgatória suprime a decência do magistrado, reduzido a
condição infame de pau-mandado.
No caso, Leonardo Boff condena
arrogantemente Sérgio Moro ao pelourinho da opinião pública com base em ilações
delirantes. Ele pode caluniar por ilação.
A lógica impõe, as acusações
valerão para os três desembargadores que julgarão o recurso em 24 de janeiro
próximo, caso decidam, com base nos autos, pela condenação de Lula.
Ponderei sobre a campanha de
intimidação. Outro tuíte na mesma direção, agora de Emir Sader, professor
aposentado da USP (é o nível a que despencou parte da intelectualidade):
“Sim, Moro, o Lula tem 9
dedos (nine, como vc gosta de falar, no seu idioma preferido). Mas tem caráter
integral [quis dizer íntegro, provavelmente], ao contrário de
vc, juizeco a serviço da elite corrupta do Brasil”.
Pelas redes, João Pedro
Stédile, líder do MST, divulgou vídeo amedrontante. Falando no plural, citou
como determinação conjunta de 88 partidos e movimentos populares irem a Porto
Alegre de 22 a 24 de janeiro para deixar claro ao Poder Judiciário que “eleição
sem Lula é fraude e [que] impediremos qualquer retrocesso democrático [quis
dizer antidemocrático]”. O aqui soturno “impediremos” abre a porta para todo
tipo de conjeturas sinistras.
São exemplos de lideranças
atiçando nas bases o ódio contra o Judiciário. Ou cede ou haverá consequências
graves. Estamos diante de apocalíptico movimento de aterrorização do Poder
Judiciário, nunca havido no País.
Parece claro, seus mentores
têm esperança de êxito, ainda que parcial. E também é claro, os juízes estão
pensando no que poderão sofrer não apenas eles, mas os filhos, esposas, pais,
parentes, amigos. Não será a primeira vez, é o que sucede ao lado, na
Venezuela, aconteceu em Cuba, existe na China e na Coreia do Norte, onde governam
irmãos ideológicos do PT.
Roberto Veloso, presidente da
AJUFE (Associação dos Juízes Federais do Brasil) manifestou temor generalizado
na classe quanto à segurança pessoal e quanto à segurança dos prédios
públicos: “As ameaças estão sendo públicas, não estão sendo veladas.
Temos assistido a vídeos com ameaças públicas”.
A esperança do PT e da frente
totalitária em que se integra é, repito, pela intimidação acovardar o
Judiciário. Conseguirão? Da resposta a esta questão pode depender o futuro do
Brasil. Acarneirado, com a maioria do povo padecendo exclusão e preconceito ou
altivo e independente.
Lembro a altanaria tranquila
do Judiciário, mesmo nos tempos do absolutismo real. Anos atrás escrevi
artigo, “A escabrosa desapropriação da Fazenda Limeira”, do qual
pinço: “No século 18, um simples moleiro, diante da pressão de
Frederico da Prússia, rei absoluto e grande guerreiro, de expropriar sua
propriedade para ali fazer uma extensão do jardim do palácio de ‘Sans Souci’, negou
argumentando que naquela terra seu pai havia falecido e seus filhos haveriam de
nascer.
O monarca absoluto
insistiu, afirmando que poderia lhe tomar a propriedade. O moleiro respondeu
tranquilo com palavras singelas, cujos ecos todos os séculos recolhem
emocionados: ‘Ainda existem juízes em Berlim’. O rei desistiu, o moinho ficou
no meio dos jardins, atestando o império da lei”.
Para que a lei impere é
indispensável juízes imparciais, refratários a qualquer tipo de pressão, mesmo
as mais violentas. Esperemos que, passada a presente tormenta das pressões à
moda da KGB ou Gestapo, possamos constatar o
caminho da liberdade ainda aberto. Vamos torcer e rezar.
Título, Imagem e Texto: Péricles Capanema, ABIM,
19-1-2018
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Este Ridículo é Idiota. Este Boff é um Bluff!!!
ResponderExcluirHeitor Volkart