Um dos presidentes mais
populares da história americana, Franklin Roosevelt, popularizou em 1932 a
expressão “o homem esquecido” (the forgotten man). Ainda no começo do que viria
a ser a Grande Depressão, FDR apontava para aqueles mais necessitados e que mais
precisavam de assistência e solidariedade de todos. O Brasil, como você sabe,
não sofre de escassez de homens, mulheres e crianças esquecidas, especialmente
neste momento de endeusamento ideológico de criminosos.
Vendo o choro de certa
imprensa com a prisão de um ex-presidente condenado por crime comum (corrupção
passiva e lavagem de dinheiro), o primeiro de vários processos em andamento,
fico me perguntando sobre se as viúvas do petismo pensam ao menos por um
instante nas vítimas do projeto de poder e dos crimes do grupo político que
sequestrou o Brasil desde 2003.
Numa semana histórica para o
Brasil, parte da imprensa, que se escandalizou com um general e suas
declarações a favor da democracia e contra a impunidade, tentou empurrar para
debaixo do tapete o vandalismo de militantes petistas que atacaram o prédio da
presidente da Suprema Corte do país enquanto noticiavam exaustivamente sobre os
tiros, até hoje sem maiores explicações, na caravana do mais novo inquilino na
Polícia Federal. Pesos e medidas.
Jornalistas foram covardemente
atacados por petistas e, por sorte ninguém se encontra no hospital em estado
grave como o homem que também foi atacado por um ex-vereador do partido.
Enquanto o vandalismo vermelho corrida solto, militantes das redações esperneavam
contra a prisão e exibiam uma foto do showmissa de sábado como “simbólica”. É
assim que se conhece a lente de muito jornalista.
A verdade é que os culpados
por mais de 10 milhões de desempregados, pela dor dos familiares das 60 mil
vítimas anuais da violência, não podem mais ser escondidos do noticiário e da
opinião pública. O chamado para a verdade, nua e crua, sem jingles, microfones,
palanques ou imagens glorificadas apenas em colunas e textos dos companheiros,
hoje é feita pelo povo nas ruas e nas mídias alternativas. As redes sociais são
uma ameaça ao socialismo e eles sabem disso.
Os brasileiros do dia a dia
que mantém o Brasil rodando, esquecidos por certa elite, intelectuais
radicalizados, jornalistas, sindicalistas e militantes, são aqueles que, ao som
de Leandro e Leonardo, cantavam: “em vez de você ficar pensando nele / em vez
de você viver chorando por ele / pense em mim, chore por mim / liga pra mim,
não, não liga pra ele / Não chore por ele!” É hora de engolir o choro e ter uma
conversa honesta com o Brasil roubado, espoliado e tosquiado por uma
“sofisticada organização criminosa” que por pouco não matou o paciente enquanto
tirava seu sangue. Ideologia mata e estamos cansados de mortes que poderiam ser
evitadas.
Ah, aquela quinta-feira, onde
tudo começou. Cinquenta e cinco dos oitenta e um senadores votaram pelo
afastamento de Dilma Rousseff da presidência em 12 de maio de 2016. Era a nossa
queda do Muro de Berlim, a oportunidade de mostrar ao Brasil sem eufemismos,
meias-palavras e dissimulações, a caixa-preta de treze anos de um projeto
cleptomaníaco de poder que deixava uma terra arrasada como legado. A prisão de
Lula é mais um, e um dos mais importantes, capítulos desta história. É motivo
de festa e não de choro. O judiciário, a polícia e o Ministério Público estão
ajudando a virar essa página, mas é o povo, longe das imagens tratadas e das
lágrimas das viúvas de Lula, que tem uma oportunidade única de ditar o rumo do
país.
Quando Lula diz que é “uma ideia”,
ele tem razão. Lula passa, as ideias bolivarianas ficam num dos países que mais
sofrem com o intervencionismo econômico, o dirigismo e as feitiçarias
políticas. Lula, que já colocou praticamente toda a classe artística do Leblon
para cantar seu jingle de campanha em 1989, reuniu no último sábado apenas um
punhado de refugos do petismo. Sua decadência é mais que evidente, mesmo na
esquerda caviar que já migrou alegremente para o PSOL. Agora é preciso vencer o
“mecanismo” que coloca o Brasil na ultra vergonhosa 153ª posição em liberdade
econômica no mundo, a verdadeira raiz do nosso atraso e da miséria da
população. A luta continua, companheiros.
Quando o Cessna Caravan com o
ex-presidente condenado decolou do aeroporto de Congonhas na noite do último
sábado com destino ao Paraná, muitos brasileiros que foram esquecidos em nome
do petismo nos últimos anos devem ter cantado “vamos pegar o primeiro avião /
com destino à felicidade” para depois fechar com o eterno refrão “liga pra mim,
não, não liga pra ele! Não chore por ele!” Entre tapas e beijos, avançamos.
Título e Texto: Ana Paula Henkel, Estadão,
9-4-2018
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