Aparecido Raimundo de Souza
A PARTIR DAQUELE MOMENTO
MÁGICO, a minha vida deu
uma guinada. Diria que a história do meu destino incerto começou a se
transformar no instante, ou mais precisamente no minuto em que coloquei meus
olhos em seu rosto. Foi como se me desvencilhasse de cataclísmicos antigos, e,
de repente, me pegasse em meio de fulgores incandescentes e condicionados
dentro de sua própria existência. Seu coração, em festejos desordenados, passou
a bater no mesmo compasso que o meu e, mais que isso, você se fez única,
insubstituível, inigualável, inimitável... e de certa forma, inverossímil.
Pois é paixão da minha! Veja como o destino é engraçado, e,
sem que nos demos conta, nos prepara armadilhas estradas à fora. Eu que não
carregava mais esperanças... de repente me peguei como se diz quando se está
enamorado de alguém, os quatro pneus furados, vencido, tentando dominar o
desconforto que falava mais alto, atraído talvez, não sei, quem sabe, cativo
desse amor que eclodiu do nada e, de tão pouco floresceu como relumbrações dentro
de uma acontecência abrupta e extemporânea que, por sua vez, prosperou de
maneira ludicamente harmoniosa. A tal ponto, diria, de criar raízes e atingir,
em cheio, meu velho peito despedaçado, restaurando todas as suas alegrias e
alacridades desfalecidas.
Desde então, tomei tino, acerto, direção e consciência. Me
liguei, me confrangi, me agrupei, me coadunei. Percebi que estando ao seu lado,
de mãos dadas com a sua ternura e mansuetude, eu passava a me pertencer por
inteiro. Sem restrições, sem amputações ou atalhos. Compreendi que fazendo
parte da sua vida, do seu dia a dia, efetivamente ficava inteiro, sem cortes e
sem óbices. Seguia perficiente e íntegro. De fato! Acertei na mosca. Esse é o
meu lugar escondido, oculto, dissimulado, secreto, longe da terra. O cantinho
resguardado, sagrado, de onde não posso e, claro, não pretendo jamais sair ou
me afastar. Agora me sinto plenamente realizado. Totalmente afortunado e
venturoso. Diria mais: abençoado e próspero, fausto e enricado simplesmente por
ter lhe encontrado. Encaro a sua visão beatificada com olhos de quem sempre
volta ao recomeço.
Às vezes me questiono: quem sabe, um anjo venturoso, vindo do
infinito mais distante desta galáxia, me tenha trazido e dado você embrulhada
num papel coberto de estrelas da melhor safra, com um laçarote de nuvens,
acondicionado numa caixinha encantada? Não atino com a resposta. Não faz
diferença qual seja ela. Pelo privilégio de ter sido escolhido e ganho essa
dádiva (só pode ser uma benção), eu prometo solenemente que, enquanto restar um
sopro de vida dentro de meu ser, ainda que as torres do meu gostar virem
ruínas, as águas se percam em seus cursos de rios entre canoas e marolas,
viverei somente para a sua felicidade. A felicidade não comete erros. Às vezes
muda de nome, se torna inteira, absoluta, autossuficiente, plena em farturas e
inundada de abundâncias.
Nesta hora, eu entrego minha mão para você e, com ela, meu
ser, todo ele em festa, a alma em gozo intenso, o sangue a correr nas veias em
regozijo denso e nutrido. Sei que não posso esperar mais. Para mim, aliás, não
me é dado à paciência de poder prolongar ou reter as perspectivas que me
aguardam. E sei, são muitas. O tempo, minha princesa, por sua vez, urge, preme
e se estreita. Corre afoito e destemido.
Em igual passo, as horas se alvoroçam abrasadas pelo afluxo de quererem rodar
os ponteiros mais rápidos em direção ao desconhecido que acima de qualquer
coisa, persevera.
A vida, como um todo, tem pressa, e por essa impaciência,
trafega ao meu lado numa velocidade espantosa. Mal consigo segurar a emoção.
Você é a razão maior para eu acreditar piamente no amor. No amor incondicional,
sem máculas, sem meios termos, sem distinção de credo ou idade. Resumindo: você
é a resposta concreta das minhas orações lá em cima. Como foi bom saber, como
me senti feliz ao descobrir que para o nosso amor ser completo e infindo, para
poder seguir adiante e prosperar, precisava unir nossas almas numa só. Necessitávamos um do outro, ou nós de nós
dois. Veja minha linda, como a natureza é simples, e como o amor é humilde. Nós
dois aqui irmanados no mesmo caminho, num trilhar inconcebível em busca do
mesmo ideal.
Na verdade, eu sinto aqui dentro do peito – imagina –, pode
até parecer loucura –, mas sinto que eu e você nunca nos separamos. Mesmo
quando não nos conhecíamos, você vivia em mim e, de alguma forma magnânima,
fazia parte do meu passado, como faz agora, do meu presente e, igualmente do
meu futuro. Quando nem pensávamos trocar olhares ou palavras, você se
constituía na luz viva que eu enxergava na escuridão. O vento que soprava
brando em meu rosto e desalinhava, com suavidade bucólica, os meus cabelos.
Você roçava minha alma com a elegância do seu âmago em festa. De igual forma,
fazia brilhar meu escuro recôndito transformando tudo em derredor num intérmino
prolongado e solapado de cores variadas.
O fato é que meus sonhos se tornaram verdadeiros, por sua
causa. Por consequência dessa causa, eu
comecei a viver e a acreditar piamente no amanhã. Antes de você existir, eu
vegetava corpo morto, sem esperanças de me reerguer, de me construir, enfim, de
me refazer por inteiro. Antes de você chegar, antes de nos chocarmos como esses
carrinhos de bate-bate encontrados em parquinhos de diversões, eu vagava
solitário, destino, incerto, sem porto seguro, como um barquinho frágil perdido
na imensidão de proceloso mar. Por todas essas razões, eu vou amar você
enquanto viver. Amar com a intensidade de um homem diante do seu primeiro amor.
Daqui algum tempo, quando eu não mais puder abrir os olhos para contemplar seu
sorriso, ou me ver impedido pelo passar do avanço da idade, de caminhar ao seu
lado, por favor, amor, senta perto de mim, e canta, canta no meu ouvido.
Canta minha princesa, aquela música nossa que eu gosto de
ouvir junto com você nas nossas noites, no nosso quarto, na nossa cama: “From
This Moment On”. Canta que eu me transportarei ao passado. Voltarei correndo,
aos dias dos nossos encontros primeiros...
“A partir deste momento a vida começou. A partir deste
momento você é o único e bem ao seu lado é onde eu pertenço...
A partir deste momento eu fui abençoada e vivo somente para
sua felicidade. E pelo seu amor eu darei o meu último suspiro...
A partir deste momento em diante eu entrego minha mão para
você, com todo meu coração. Não posso esperar para viver minha vida com você.
Ela é agora, precisa ser vivida hoje... e você e eu nunca nos
separaremos. Meus sonhos se tornaram realidade por sua causa. A partir deste
momento e enquanto eu viver, eu vou te amar, eu te prometo isso. Não há nada
que eu não daria a partir deste momento em diante.
Você é a razão para eu acreditar no amor
Você é a resposta das minhas orações lá em cima
Tudo que nós precisamos é somente de nós dois
Meus sonhos se tornaram realidade por sua causa
A partir deste momento e enquanto eu viver
Eu vou te amar, eu te prometo isto
E não há nada que eu não daria
A partir deste momento
Eu vou te amar
EU VOU TE AMAR ENQUANTO VIVER”.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, jornalista. Dos funerais de Zíbia Gasparetto. Cemitério
de Congonhas, São Paulo, Capital. 12-10-2018
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AH! Antes que me esqueça!
ResponderExcluirMisturando amor e política, eu também queria amar assim , como descreves!
Mas acho que estou com a titulo vencido, e sem ter a candidata ideal para o exercício pleno numa nova legislatura!
Paizote