Carina Bratt
Nas nossas danações de hoje,
falaremos não do país do carnaval, o Brasil. O Brasil é o país do carnaval, em
todos os sentidos. Quanto a este fato, ponto pacífico. Não entraremos no
mérito. Tampouco mencionaremos o primeiro romance de Jorge Amado, “O País do
Carnaval” publicado pela primeira vez, em 1931, pela José Olympio.
Discorreremos sobre o outro
carnaval, aquele período de uma semana onde esta festa tida como popular e
antiguíssima toma conta das pessoas e o bacanal, a orgia, a devassidão e a
baderna correm livres leves e soltas como uma manada de cavalos e uma súcia de
mulas desembestadas num vasto pasto de imensidão incalculável.
Como dissemos, o carnaval é um
entretenimento popular. Perdura por uma semana e, em alguns lugares, até mais.
Um evento que precede a quarta-feira de cinzas. Geralmente, quarenta e sete
dias antes da Páscoa. Carnaval se traduz por folia, libertinagem, putaria,
farra, lascividade e desordem.
Uma patuscada maluca e generalizada,
onde os seres humanos perdem o bom senso e a compostura, além do comedimento,
e, em nome de uma loucura interna, meio abrutalhada aprontam, a um só tempo, os
sete pecados capitais multiplicados por mil. Na verdade, grosso modo, é a
franga libertada de dentro da alma e do coração da raia miúda.
Dito de outra maneira mais
abrangente. No carnaval muitos galos e galinhas, galinhas e galos do
proletariado saem do armário e afloram como bichas (bichas ou bixas?!) marotas
e impudicas, concentradas como defuntos e defuntas frescos e frescas, porém,
com aqueles semblantes de cadáveres não dispostos a entenderem que partiram
para o andar de cima.
O carnaval teve a sua origem
no Egito (não seria melhor a gente dizer agito?). Legal! Então vamos lá. O
carnaval teve a sua origem no agito do Egito. E pasmem amigas! Há mais de dois
mil anos A. C. Na Roma antiga, no dia 15 de fevereiro, se realizavam danças em
honra de Pã. Pã, mulher do Pão? Negativo! Pã era o deus dos bosques, dos campos
e dos rebanhos.
Pã tinha outros dois nomes
meio hermafloditados. Um deles, Lupércio e o outro, Lupercos. Ele gostava mais
do Lupércio. Os latinos (que se comunicavam, entre si, uivando), também o
chamavam de Fauno e Silvano. Vez ou outra, de “Zé Brochado”. E por que “Zé
Brochado?!”.
Pã, coitado, apesar de deus
sem céu, morava em grutas e vagava durante o dia, de segunda a sexta-feira,
pelos vales e montanhas caçando cobras e lagartos, além de lagartos e cobras.
Final das noites se metia nos povoados próximos e dançava até tardão com uma
alcateia de ninfas.
Amante da boa música, a
criatura trazia sempre consigo pendurado no pescoço, um piano de cauda com
calda de caramelo. Na mão direita, uma gaiola de passarinho com uma cobra
dentro. Dizem os antigos, a mesma serpente que fez a Eva mamar no pé da fruta
proibida.
Pã tinha uns gostos
esquisitos. Excessivamente excêntrico e extravagante, além do piano no pescoço
e da gaiola com a cobra, gostava de se enfeitar com grandes orelhas, chifres e
pernas de bode. Talvez, por esta razão, nunca tenha “comido, ou papado” uma das
inúmeras ninfas que nas noites “calientes” o rodeavam.
Daí, a alcunha braba de “Zé
Brochado”. Outro fato interessante despertava a atenção das pessoas para o
sarado varão. Pã chamava as ninfas com as quais dançava de “Lupércias” (as Suas
“Lupércias”) e os gregos (sem os Troianos) aclamavam a Baco. Baco? Quem é
Baco?! Baco, amigas, não outro senão o deus do vinho. Filho do Deus Olimpo e da
fogosa e saliente Sêmele.
Primitivamente, os cristãos
começavam as festas do carnaval a 25 de dezembro, compreendendo as apregoações
do Natal, Ano Bom e o de Reis. Daí as Folias. Nestas regalias, jogos e
disfarces os mais incomuns e aberrativos predominavam. Na Gália, para vocês
terem uma ideia mais ampla, tais e tamanhos foram os abusos, que Roma proibiu,
por longo tempo, o carnaval.
Existiam pessoas que se
disfarçavam de Dilma, outras de Lula. Algumas de Raquel Dodge. Neste pandemônio, até Palocci e Temer
entravam na balburdia. Uma minoria mostrava as fuças travestidas de Anthony
Garotinho, Pezão, e Dias Toffoli.
Na Idade Média, a algazarra
reapareceu com força total em Veneza, Turim e Nice, alucinando com delirante
alegria e excitação popular. No começo do cristianismo, a Igreja deu nova
orientação a estas exaltações, punindo severamente aos que nela excediam. O
Papa da época (na verdade o Mingau) convocava os padrecos pedófilos e aí
começava outra sacanagem que só veio à tona agora, coisa de dois ou três meses
atrás.
Os bailes de máscaras datam da
corte de Carlos VI. Para quem não sabe, Carlos VI veio antes de Carlos VZero.
Carlos VI se fez conhecido pela alcunha de “o louco”. Foi chefe da casa de
Valois e rei da França, de 1380, até sua morte, quando, aos 54 anos, deixou de
existir. Numa destas festas furnicativas, Carlos VI acabou assassinado por
motivos políticos.
Dias antes de ser despachado
para a terra dos pés juntos, conseguiu uma liminar junto ao ministro Luiz Fux
do STJ (naquela época, Luiz Fuxca) para continuar como rei, caso viesse a bater
as botas. Não adiantou nada. Bateu. Morreu fantasiado, ou melhor, disfarçado de
Waldick Soriano quando cantava a voz solta, em meio de um salão superlotado,
“Eu não sou cachorro não”.
O tempo carnavalesco começava
com a festa de Santo Estevão, em 26 de dezembro. Afirmam alguns historiadores
que em regozijos religiosos, como a da Epifânia... - (Epifânia, nada mais que
um rito cristão onde se comemorava e ainda se comemora, o batismo de Cristo e
também se celebrava (e até nossos dias se celebra) as bodas de Caná).
Nestas troadas se usavam
máscaras escuras. Foi desta época que José Flores de Jesus, o (Zé Keti),
bancando o espertalhão, passou a perna em Pereira Matos (seu amigo e parceiro
em várias melodias) e registrou a música “Máscara Negra” em seu nome.
Em Veneza e Florença, no
século XVIII, as damas elegantes fizeram delas (as máscaras), instrumento de
sedução, depois da calcinha de uma banda só com sabor de chocolate com menta.
No Brasil, estas grazinadas são as mais animadas do mundo (principalmente no
Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo).
Desde sempre, tem a sua fama
carnavalesca, atraído ao nosso querido e amado país, as mais célebres
personalidades cinematográficas e centenas de outras, que para aqui vieram (e
ainda vem) com a finalidade de assistirem e compartilharem da alegria que contamina,
e, sobretudo... sobretudo que contagia e fulmina a todos.
Título e Texto: Carina Bratt, de São Paulo, sábado,
2.3.2019, Cemitério Jardim das Colinas, em São Bernardo do Campo. ABC Paulista.
(Funerais do menino Arthur Araújo Lula da Silva, de sete anos, neto de Luiz
Inácio Lula da Silva).
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