Agência Senado
Representantes dos Parlamentos
do Brasil e de mais oito países lusófonos estão em Brasília para o 1º Encontro
de Quadros das Áreas de Redação, Audiovisual e Arquivo da Associação de
Secretários-Gerais dos Parlamentos de Língua Portuguesa. Os servidores de Angola,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e
Príncipe e Timor-Leste trocam informações e experiências com os brasileiros
sobre as características dos Poderes Legislativos de cada país.
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O diretor da Agência e do
Jornal do Senado, Flávio Faria, acompanha servidores de parlamentos lusófonos,
foto: Antônio Pinheiro/Núcleo de Intranet
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Anabela Fernandes do Espírito
Santo é chefe da Divisão de Redação e Apoio Audiovisual da Assembleia Nacional
de Angola. Seu trabalho, semelhante ao que é feito pelas equipes de taquigrafia
do Senado e da Câmara, visa garantir o relato fiel do que se passa nas chamadas
reuniões plenárias — equivalentes às sessões do Plenário no Senado — e nas
comissões de trabalho.
— Nós não usamos a
taquigrafia, só a gravação. Estamos a tentar agora utilizar alguns aplicativos
de transcrição automática do áudio, mas está bem complicado. Estamos ainda agarrados
à transcrição. Ouvimos o áudio e transcrevemos.
O Parlamento de Angola é
unicameral e possui dez comissões, além do grupo de mulheres parlamentares. As
reuniões ordinárias do Plenário são realizadas uma vez por mês e duram até dois
dias. As extraordinárias podem acontecer duas ou três vezes por mês “dependendo
do assunto do fluxo de trabalho”, explica Anabela.
— O Plenário, numa primeira
instância, faz a discussão e votação [do projeto] na generalidade. Depois o
projeto vai às comissões, onde é discutido e aprovado na especialidade. Depois
volta ao trabalho para votação apenas, que chamamos de votação geral, global,
no plenário. Aí já não há discussão, só votação.
Cabo Verde
O chefe da Divisão do
Departamento de Desenvolvimento e Manutenção de Equipamentos Informáticos da
Assembleia Nacional de Cabo Verde, Edelton Cesar Andrade Alves, disse que o
processo legislativo do seu país é diferente do brasileiro e mais próximo ao de
Portugal. Também unicameral, o Parlamento possui 102 deputados.
— A apresentação de projeto é
um bocadinho diferente. Depois de o projeto ser apresentado, vai passar para
votação de generalidade na plenária, que não discute os artigos, mas sim as
generalidades. Depois vai baixar às comissões. Se for um projeto simples,
pode-se aprovar na especificidade na comissão. Depois deve subir de novo para o
Plenário para votação final global.
As sessões plenárias são
quinzenais e ocorrem, de acordo com Edelton, às quartas, quintas e
sextas-feiras para votação. As reuniões das cinco comissões parlamentares são
realizadas, preferencialmente, na terceira semana de cada mês. Há ainda as
jornadas parlamentares, para discussão de grandes temas, e as visitas dos
deputados aos círculos eleitorais, quando se encontram com os eleitores.
A Assembleia Nacional de Cabo
Verde possui um canal na internet para transmissão das sessões. As equipes são
todas pequenas, disse Edelton. A área de TI tem 15 pessoas, a área de
audiovisual, cinco.
— Tudo é diferente, o tamanho
da casa, o tamanho da televisão. Tudo é bem maior aqui do que lá no nosso país.
Portugal
O interesse maior de Isabel
Maria Martins de Campos, da Assembleia da República Portuguesa, é conhecer o
trabalho da equipe de taquigrafia. Ela ficou surpresa com a disponibilização
das notas do que ocorre no Plenário do Senado praticamente em tempo real. A
ideia, disse, é aproveitar a experiência do Brasil para acelerar a divulgação
das informações em seu país.
— Nós fazemos só o registro
audiovisual. Não temos redação ao vivo. É gravada a sessão inteira. Temos um
programa e transcrevemos. Portanto, não usamos notas taquigráficas. Usamos
taquigrafia desde 1820 e tal até os anos 1960.
São registradas todas as
atividades do Plenário e das 12 comissões permanentes, além das eventuais, que,
disse Isabel, “vão surgindo à medida que o Plenário decide”. Há também as
comissões parlamentares de inquérito. A Assembleia da República Portuguesa é
unicameral e possui 230 deputados.
Timor-Leste
Almério Alves Maria Barros é
chefe da Divisão de Audiovisual e Documentação do Parlamento Nacional da
República de Timor-Leste, também unicameral e com 65 deputados. A participação
dele no encontro visa, especialmente conhecer experiências do legislativo
brasileiro que possam levar ao cidadão o que os deputados fazem.
A atividade parlamentar,
disse, é gravada em áudio e vídeo, para posterior transcrição. É preciso ainda
fazer a tradução, já que mais de uma língua é falada no país. As línguas
oficiais são o português e o tétum (espécie de dialeto que mistura português,
indonésio e malaio), mas o indonésio e o inglês também são utilizados. Somente
após aprovação dos deputados, os textos são publicados no jornal do Parlamento.
Os debates entre os deputados
são transmitidos por uma emissora de rádio do Parlamento. Timor-Leste possui 65
deputados, de sete partidos. As sessões plenárias, segundo Almério, são
realizadas às segundas e terças-feiras. Sete comissões também participam do
processo legislativo.
— Neste momento nós temos 165
funcionários, que trabalham em três direções: Direção Parlamentária, Direção de
Comunicação e Direção de Administração e Recursos Humanos.
Título e Texto: Agência Senado, 25-10-2019, 12h50
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