Jonas Valente
O governo federal notificou 11
países cobrando esclarecimentos sobre 30 navios mapeados dentro da investigação
sobre a origem do vazamento de óleo que atingiu diversas praias do Nordeste. A
informação foi dada pelo coordenador de operações navais da Marinha, almirante
de esquadra Leonardo Puntel, em entrevista a jornalistas no sábado (26).
Foto: Divulgação/Agência Petrobras |
A investigação conduzida pela
Marinha trabalha com a tese de que o responsável teria sido um navio-tanque. A
apuração inicial avaliou 1.500 embarcações e afunilou a análise para 30
veículos marinhos de 11 países. O comandante não detalhou que nações estariam
neste grupo, mas disse que o requerimento pede informações para
os governos para saber se têm conhecimento de algum acidente.
Os 30 navios estão entre os
que passaram pela costa do Nordeste no período, identificados por fazerem
comunicações por sistemas marítimos. Conforme Puntel, os investigadores
calculam que o vazamento teria ocorrido no mês de agosto, com o óleo
chegando às praias no fim daquele mês.
O almirante não descartou a
possibilidade de que o episódio tenha sido causado por embarcações não
oficiais, denominadas “dark ships”. Neste caso, contudo, a apuração será
mais complexa e terá de envolver outras fontes de informação, como análise
de imagens de satélite.
Puntel declarou que não é
possível afirmar que o veículo era venezuelano. Mas que pesquisas da Petrobrás
teriam identificado o óleo como proveniente daquele país. “Laudo da Marinha
concluiu que óleo não era brasileiro. O laudo da Petrobrás foi além, porque tem
amostras de óleos de outros países. Ele é de bacias venezuelanas. O navio a
gente não sabe”, comentou.
Manchas
A coordenadora-geral de
emergências ambientais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), Fernanda Pirilo, afirmou na entrevista coletiva
que não há novo óleo nas praias.
“Não há mais chegada de óleo
novo, mas algumas praias ainda têm vestígio de óleo, temos os pontos
identificados em que ainda há óleo residual, a maioria nos estados de
Pernambuco e Bahia”, pontuou.
O comandante Leonardo Puntel
acrescentou que a despeito da dificuldade de monitorar a evolução das manchas,
dado que elas se deslocam debaixo da água a partir das correntezas marinhas, o
exame realizado pelos órgãos envolvidos no grupo de acompanhamento detectou que
houve um decréscimo da quantidade.
“As manchas de óleo tiveram
dinâmica diferente. No início de setembro e outubro ela estava
tranquila, não tinha grandes quantidades. Teve período na semana passada que
houve aumento do volume no óleo na Bahia, Sergipe, Alagoas e Sul de Pernambuco.
E este volume começou a decrescer agora”, observou.
A coordenadora do Ibama
orientou a população dos locais a não entrar em contato com a substância. Já as
condições de banho de cada praia são avaliadas pelos órgãos de saúde dos
estados e municípios e devem ser verificadas juntamente a esses órgãos.
Brasília
O grupo de órgãos federais
encarregados da coordenação das atividades mudou sua base para Brasília.
Durante esta semana, várias autoridades do governo federal estiveram em
Pernambuco. O comandante da Marinha relatou que ainda permanecem coordenações
locais montadas em Recife e Salvador.
A coordenadora de emergências
ambientais do Ibama acrescentou que a mudança facilita a atuação do grupo, já
que aproxima seus integrantes do centro de decisão política do país. Questionada
por jornalistas, ela negou dificuldades na interlocução das entidades tanto em
relação ao Executivo quanto no tocante a administrações estaduais.
Título e Texto: Jonas
Valente; Edição: Bruna Saniele – Agência Brasil, 27-10-2019, 9h52
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