Alexandre Garcia
O PSL, partido do presidente
Jair Bolsonaro, está dividido. Metade com o presidente da República e metade
com o presidente – e dono – do partido, deputado Luciano Bivar. A deputada
Joice Hasselmann foi destituída da liderança do governo no Congresso porque
apoiava a permanência do líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir, e briga com o
deputado Eduardo Bolsonaro, que a metade bolsonarista do partido quer na
liderança.
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Foto: Marcos Corrêa/PR |
A briga desses dois,
reconheçamos, segue fielmente a transparência que a Constituição exige para o
serviço público. Como novo líder do governo no Congresso foi escolhido o
senador Eduardo Campos, do MDB: mais discreto, menos barulhento e com a
experiência de já ter ocupado a estratégica 1ª Secretaria da Câmara. O líder do
governo no Senado também é do MDB. Como se nota, o governo não está ligado
apenas ao PSL.
A origem do racha está na
facilidade de se multiplicarem partidos políticos, hoje mais de 30. Com 101
eleitores se pode fundar um partido. Com menos de 500 mil assinaturas em nove
estados é possível obter registro na Justiça Eleitoral, disputar eleições, ter
horário grátis no rádio e na TV e... sacar alto no fundo partidário, que faz
brilhar os olhos dos "donos" de partido.
Legendas de aluguel, apenas rótulos, marcas de fantasia, sem outra
doutrina que o fisiologismo, escolhendo artistas, jogadores de futebol,
celebridades, para atrair votos e... mais fundo partidário. Bolsonaro precisava
de legenda e o PSL o acolheu. Tinha dois deputados. Depois da eleição de
Bolsonaro, ganhou 54 e virou a segunda bancada na Câmara Federal. Vai ter R$
400 milhões do fundo partidário no ano que vem. Bolsonaro foi a mina de ouro
que o PSL descobriu e essa cifra se tornou o pomo da discórdia.
Bolsonaro em campanha falou em
mudanças, inclusive nos partidos políticos – transparência, ideias e ideais,
altruísmo a serviço do país, investimento do fundo partidário para construir
base sólida municipal no próximo ano, quando serão eleitos 5.565 prefeitos.
O PSL confiou que a tradição
de não cumprir promessa de campanha prevaleceria. Bolsonaro não aceitou ser seu
partido apenas o mais do mesmo e denunciou o fisiologismo interno. Frustrou-se
com o sonho de que este partido iria servir de modelo para uma reforma política
de atitudes e costumes. Metade permaneceu com a fisiologia antiga; a outra
metade quer a modernidade da transformação, na busca de um país sério.
Os R$ 400 milhões são o
tesouro que herdaram de Bolsonaro e que desperta o imediatismo. Mas em três
anos acabarão seus mandatos e não terão a locomotiva que os rebocou. O pior dessa
história é que esse monte de dinheiro vem dos impostos de todos; antes vinha de
empreiteiras e outras grandes empresas, como um certo frigorífico, num mercado
de compra e venda de medidas provisórias, projetos, propinas, doações de
campanha.
O PSL é apenas um entre
tantos partidos que não tem interesse em mudar essa vida fisiológica. Pergunte
a dirigentes partidários quais são os princípios e doutrina. A resposta vai ser
sempre a mesma: justiça social – se assim fosse, já teriam acabado as
desigualdades no Brasil. Nas investigações, a Lava Jato encontrou o mais abjeto
fisiologismo em dirigentes e líderes de 14 dos principais partidos, o que
confirma a triste situação que o eleitor de outubro tenta mudar.
Título e Texto: Alexandre
Garcia, Gazeta do Povo, 21-10-2019
Marcação: JP
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