A revista mensal CAUSEUR nº 76, fevereiro 2020, como podem
ver na capa, traz um dossiê sobre as turbinas eólicas – que são construídas
onde um “ecologista” do governo entende ser o melhor local...
Abaixo segue a tradução da Petição dirigida ao presidente da França,
Emmanuel Macron.
No dia 14 de janeiro,
participando numa mesa-redonda em Pau, sobre “a ecologia nos nossos
territórios”, você (Emmanuel Macron) declarou:
“O consenso sobre a energia
eólica está claramente enfraquecendo no nosso país. [...] Mais e mais pessoas
[...], que consideram que as suas paisagens estão degradadas, não querem mais
ver eólicas perto de suas casas. Não se deve impô-las.”
Qualquer um que atravessa a
França pode ser testemunha: por toda a parte erguem-se as eólicas, essas torres
com pás gigantescas, barulhentas, piscando noite e dia. As planícies cerealíferas,
as colinas provençais, os rios dos oceanos, nenhuma jeira de terra está ao
abrigo.
Objetos industriais,
fabricadas em série, elas uniformizam um país distinguido entre muitos pela
diversidade, variedade, a beleza das suas paisagens. Fora de limites, essas
turbinas açambarcam a vista, apagam o que as rodeia.
Turbinas, na verdade,
aerogeradores mais explicitamente, as eólicas nada têm de bucólico, nada de
campestre.
A nossa vista é ferida, nossa
sensibilidade afetada, nosso sentido de beleza ofendido. Entre 7 000 e 8 000
aerogeradores atualmente, 25 000 em 2025. “Daqui a dez ou quinze anos, nosso
país mudará de aparência”, previne Alexandre Gady, o presidente da
Sociedade para a proteção das paisagens e da estética da França.
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Foto: Gilles Bassignac/Divergence
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Tem mais, o senhor concordará,
é, no mínimo, paradoxal se comportar como “senhor e dono da natureza” – esse
credo da modernidade comprometido pela devastação da terra –, quando ouvimos de
vocês, repetidamente, que agem em nome da ecologia.
No quadro da luta contra o
aquecimento climático, querem impor na opinião pública a ideia que a salvação
do planeta passa pela instalação das eólicas.
Ora, se a causa é justa,
premente mesmo, as eólicas nada contribuem para a causa. Por uma razão muito simples:
nossa produção de eletricidade é essencialmente de origem nuclear e, mesmo
apresentando inconvenientes, o nuclear não produz gás carbónico. “É graças à
energia nuclear que a França é um dos países mais descarbonizados do mundo”,
lembrando o que o senhor disse ao Le Monde em julho de 2015.
Quanto a substituir a energia
nuclear, a hipótese não se coloca, a menos que se queira reabrir as usinas a
carvão ou petróleo. A produção de eletricidade das eólicas é tão intermitente,
tão aleatória, que nenhum país lhes hipotecaria a sua independência energética
– porque até segunda ordem, os homens não comandam os caprichos dos ventos.
Além disso, a realidade é
muito menos sorridente e ecológica do que os discursos oficiais querem nos
fazer acreditar: concretagem dos solos, materiais de construção dos
aerogeradores essencialmente não recicláveis, grande mortalidade de pássaros
que se chocam contra as hélices, perturbação dos circuitos de migração,
interferências nas ondas que desorientam os morcegos, zumbido permanente,
esbanjamento financeiro – as eólicas subsistem quase que exclusivamente de
subvenções públicas – tempo de vida muito curto, entre quinze e vinte anos, o
desmantelamento é tão caro que elas permanecem no lugar, acabando por
constituir verdadeiros cemitérios de torres enferrujadas.
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Uma aldeia em Mayenne e a sua
eólica, abril 2017, foto: Gile MICHEL/SIPA
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Bérenice Levet
filósofa
Jean Clair
curador, ex-diretor do museu
Picasso, ensaísta
Patrice Gueniffey
historiador
Jean-Pierre Le Goff
sociólogo
Stéphane Bern
animador de televisão e rádio,
escritor
Alain Finkielkraut
filósofo
Benoît Duteurtre
musicólogo, escritor, ensaísta
Yves Michaud
filósofo
Pascal Vinardel
pintor
Paul Thibaud
ex-diretor da revista Esprit
Tradução: JP, 28-2-2020
Para
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