segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Direito de resposta ao “humorista” Diogo Faro

Cristina Miranda

Caro Diogo,

Apesar de ter sido aconselhada a ignorar o seu tendencioso artigo onde distorce completamente o sentido das minhas palavras, pela reposição da verdade que se impõe dada a gravidade das suas afirmações e fazendo uso do meu direito de resposta, permita que o corrija em honra do meu bom nome:


1 - A sua análise não foi sobre o que escrevi no meu artigo no Observador, mas sim sobre o que gostaria que eu tivesse escrito, ou seja, uma interpretação falaciosa para causar sensação nos media à custa das agendas na moda onde (você) se promove.  Tivesse feito uma análise séria e ficava sem material para criticar;

2 - A sua afirmação “A Cristina é antifeminista, logo, essencialmente é contra a igualdade de gênero”, é falsa. Não me identificar com o feminismo de 3ª geração, aqui investigado neste excelente documentário “Red Pill” por Cassie Jaye, uma insuspeita  ativista feminista  famosa, e que conclui com factos indiscutíveis que não há defesa de igualdade entre sexos, deita por terra a sua narrativa.

Faça o favor de o ver até ao fim. É que da teoria bonita das definições de dicionário à prática vai uma distância galáctica. Veja aqui também neste meu artigo “Onde estão as feministas para repor a igualdade”,  com dados da PORDATA sobre o tema. Leia;

3 - Não sou feminista, mas fiz mais pela libertação das mulheres que aquelas que o dizem ser:  aos 16 anos fui trabalhar como operadora de empilhador numa fábrica a carregar camiões, porque quis, e lá permaneci até aos 20. 

Enfrentei um casamento pautado por violência doméstica. Fugi desse casamento porque não me concediam o divórcio, que há trinta anos era socialmente mal visto, a mulher  rotulada de “adúltera”, e era necessário ter motivos considerados “válidos” – adultério ou a não consumação do casamento, por exemplo,  caso contrário o marido podia recusar-se a assinar, pois a violência psicológica não era motivo suficiente. 

Enfrentei o mundo dos homens de negócios, que olhavam para mim como uma presa sexual, onde foi difícil ganhar credibilidade pelo meu trabalho.

Enfrentei uma luta de sete anos por homens juízes me terem retirado a filha, alegando “abandono do lar” e acusando-me de ser “má esposa”. 

Enfrentei relações com homens preconceituosos, que diziam amar-me, mas eram incapazes de assumir uma mulher divorciada e com filhos. E venci.  Cada etapa. Tudo e todos. Sozinha. Não precisei de me inscrever em movimentos de Simone de Beauvoir para lutar pelos meus direitos como mulher e como ser humano. Bastou a minha determinação, resiliência, teimosia, fé e muita coragem;

4 - Continuo ainda a lutar pelas mulheres, ao educar o meu filho de 13 anos no sentido de cuidar da sua roupa, do seu quarto, de lavar a loiça, cozinhar e pôr a mesa; ao ter apoiado as opções da minha filha mais velha  quando, em criança,  não queria usar saias nem vestidos e só pedia tartarugas ninja, jogos Nintendo, legos e computadores.

5 -  O meu pai, que era um conservador de direita, ensinou-me a conduzir empilhadores e outras máquinas industriais, a mudar pneus, usar o berbequim, pôr um carro sem bateria a trabalhar e resolver outros problemas mecânicos, a pregar pregos, a mudar lâmpadas, a plantar legumes,  criar galinhas, porcos, coelhos e vacas.  E vocês, progressistas, o que fizeram de parecido junto das vossas filhas pela igualdade de género?

6 - Administrei empresas e criei outras. Estive em quatro áreas distintas: construção civil, segurança privada, apoio ao estudo e apoio domiciliário. Na primeira, nunca vi uma única mulher a responder a uma vaga de emprego.  Na segunda, só respondeu uma mulher em cinco anos. Nas restantes foram mais mulheres que homens. Quem foi que as impediu de se candidatarem às vagas? Foi você?

E você, Diogo? Quantas empresas criou? Quantas mulheres empregou? Quantos salários lhes pagou? O que sabe realmente, e não a partir da “agenda feminista”, sobre essa problemática?

7 - Se é defensor da igualdade de gêneros, por que não fez um repto (aquele que o tornou “famoso”) aos dois sexos, homens e mulheres, para denunciarem a violência doméstica e não apenas as mulheres? Isso é defesa da igualdade?

8 - Com 23 anos já era independente, responsável, mãe (apesar de não ter desejado esse filho), estudante-trabalhadora e com currículo de trabalho e de lutas pelos meus direitos desde os 16. E você? Que currículo tinha com essa idade? Que aprendizagem da vida já possuía sobre a luta pela igualdade?

9 - Sobre as restantes considerações tendenciosas do seu artigo, diga-me: é mentira que se um branco criticar o comportamento de uma minoria racial é rotulado de xenófobo?  Se um heterossexual criticar a doutrinação dos movimentos LGBT é rotulado de homofóbico? Que a ideologia de género imposta nas escolas, cujos manuais foram escritos por feministas (vá lá ver), promove a ideologia LGBTQ – é só ler os manuais (vá ler) do Ministério da Educação – e pretende a substituição da família tradicional?  Que o marxismo é uma ideologia totalitária? Que o aborto promove a irresponsabilidade? Que as drogas ditas leves legalizadas promovem o seu consumo? Que se um nacionalista disser que os negros escravizaram tanto quanto os brancos é acusado de racismo?  Que ser de direita e defender o controlo da entrada de migrantes sob estatuto de refugiados é imediatamente rotulado de extremista? Não, não é. E, conscientemente, você sabe disso.

5O meu artigo é apenas uma chamada de atenção à intolerância relativamente ao pensamento que não se enquadra no politicamente correto, que é contra as narrativas vigentes da agenda progressista – enviesadas e cheias de inverdades – e que é atacado assim que se manifesta numa simples opinião. O artigo foi tão bem sucedido que basta ler os comentários ao mesmo para ficar demonstrada cada linha escrita – anônimos e figuras públicas cospem ódio, insultam, ou simplesmente ridicularizam, por verem contrariadas AS AGENDAS PROGRESSISTAS. Você foi um deles.

Por fim, agradeço o conselho que deu à minha filha. Porém, não é ela que tem de me dar um abraço e confortar-me. Sou eu que a tenho de a  tranquilizar e dizer firmemente: “Não! a tua mãe não é homofóbica, xenófoba, racista, ditadora, extremista, e o diabo a quatro que este Diogo, Madalena Freire, “Jovem Conservador de Direita” e  tantos outros como eles pintam por aí, para promover uma falsa liberdade, igualdade e humanismo”. A tua mãe é exatamente aquilo que conheceste: justa, defensora dos valores que recebeu do teu magnífico avô, humanitária, solidária, inclusiva, amiga, respeitadora e tolerante. E que ao contrário dos “diogos” desta vida não impede os outros de serem o que são. Dizer-lhe que a culpa não é dela por se sentir confusa. É de quem usa o mediatismo à custa das causas na moda para confundir, distorcer e manipular tudo o que não lhes convém. Porque falar a verdade estraga a agenda. 
Título, Imagem e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias, 17-2-2020

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