Chefes dos Poderes juntos podem fazer um
"país melhor", diz presidente
Pedro Rafael Vilela
O presidente Jair Bolsonaro
afirmou hoje (27), durante sua live semanal no Facebook, que
não está estimulando protestos contra o Congresso Nacional e o Judiciário, e
pediu "serenidade" e "responsabilidade". Ele refutou
informações, veiculadas nos últimos dias, pela imprensa, de que estaria
apoiando atos previstos para o próximo dia 15 de março, e que teriam, entre as
pautas anunciadas, de acordo com as notícias, pedidos de fechamento do
Legislativo e do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Eu não vi nenhum
presidente de Poder falar sobre essa questão do dia 15, que eu estaria
estimulando um movimento contra o Congresso e contra o Judiciário, não existe
isso. Não falaram porque não existe isso. Agora, nós não podemos nos envenenar
com essa mídia podre que nós temos aí, em grande parte, podre que nós temos aí.
Eu apelo a todo mundo, serenidade, patriotismo, responsabilidade, verdade. Nós
podemos mudar o destino do Brasil. Não vou falar bem do meu governo, você que
julga na ponta da linha. Pode ter certeza que, cada vez mais, os chefes de
Poderes vão se ajustando, porque a nossa união, são quatro homens, quanto mais
ajustados nós tivermos, nós juntos podemos fazer um Brasil melhor para 210
milhões de pessoas", afirmou.
Bolsonaro disse que respeita
os Poderes e que quer ver os projetos enviados pelo governo sendo votados no
Congresso Nacional. Segundo ele, como boa parte das suas iniciativas depende do
Legislativo, ele acaba sendo cobrado pela população mais do que os
parlamentares. "Não existe qualquer crítica a Poderes, agora eu tenho que
dar uma satisfação porque na ponta da linha o povo cobra muito mais de mim do
que do Legislativo ou do Judiciário".
GLO no Ceará
Sobre o decreto de Garantia da
Lei e da Ordem no Ceará, que expira amanhã (28), Bolsonaro afirmou que cabe ao
governador do estado resolver o impasse com a Polícia Militar cearense, e
ressaltou que o uso da medida deve ser apenas emergencial. Ele aproveitou para
pedir apoio de governadores e do Congresso na aprovação do projeto de lei que
flexibiliza o conceito de excludente de ilicitude para agentes de segurança
durante operações desse tipo. "O que eu pretendo do Parlamento brasileiro,
para eu poder ter tranquilidade para assinar GLO, porque nesse momento eu não
tenho tranquilidade, nós queremos atender os governadores, mas os governadores
tem que ter ciência de que precisam nos apoiar para que o parlamento vote o
excludente de ilicitude."
Na segunda-feira (24), uma
comitiva integrada pelos ministros da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, da
Defesa, Fernando Azevedo, e da Advocacia-Geral da União, André Mendonça,
visitou o estado e se reuniu com diversas autoridades locais. Além dos
militares, policiais rodoviários federais e a Força Nacional também atuam na
segurança ostensiva no estado, a pedido do governo cearense.
As medidas foram adotadas após
a paralisação de policiais militares, que estão amotinados em quartéis e
batalhões reivindicando melhores condições de trabalho e reajuste salarial. O
motim começou no dia 18 e, desde então, ao menos 170 pessoas foram assassinadas
no Ceará, entre homicídios dolosos (quando há intenção de matar), feminicídios
e latrocínios (furto seguido de morte).
Legalmente, policiais
militares são proibidos de fazer greve, motivo pelo qual os protestos da
categoria são classificados como motim. No dia 21, o governo cearense instaurou
inquéritos e afastou por 120 dias 167 policiais militares que participam da
paralisação. Os agentes devem entregar identificações funcionais, distintivos,
armas, algemas, além de quaisquer outros itens que os caracterizem nas suas
unidades e ficarão fora da folha de pagamento a partir deste mês de fevereiro.
Título e Texto: Pedro
Rafael Vilela; Edição: Bruna Saniele – Agência Brasil, 27-2-2020, 21h33
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