Pedro Henrique Alves
Poucas coisas me deixam com
tamanha vergonha alheia como a tal da CPI da Fake News. Trata-se
de mais uma bizarrice política nacional. Um circo de
horrores com direito a palhaços, elefantes desengonçados, picadeiro de
luxo, ilusionistas torpes que fingem dignidades e um público
entediado buscando serotoninas ideológicas por atacado para suas vidas
entediantes. O último que sair apague as luzes, por favor.
A CPI já nasceu com
a missão de desvendar ― e
condenar ― os supostos disparos automatizados de mensagens de
celulares na época das campanhas políticas de 2018. Alguns pontos devem ser
destacados:
1 - tal conduta foi tomada como fraudulenta e trapaça pelo Tribunal Eleitoral, mas somente após forte pressão da oposição perdedora da última corrida presidencial;
2 - o pivô da denúncia são as matérias da jornalista Patrícia Campos Mello da Folha de São Paulo, postadas no dia 18 de outubro e 2 de dezembro de 2018, onde ela afirma que empresários bancaram uma campanha difamatória contra o candidato do PT à presidência, pela via de disparos de mensagens automatizadas, sob a ordem da campanha de Bolsonaro ― tese jamais confirmada;
3 - parecia existir um consenso, no ato da abertura da referida CPI, de que incontestavelmente tal burla havia ocorrido, só restava conhecer os pormenores e sentenciar os utilizadores do logro.
1 - tal conduta foi tomada como fraudulenta e trapaça pelo Tribunal Eleitoral, mas somente após forte pressão da oposição perdedora da última corrida presidencial;
2 - o pivô da denúncia são as matérias da jornalista Patrícia Campos Mello da Folha de São Paulo, postadas no dia 18 de outubro e 2 de dezembro de 2018, onde ela afirma que empresários bancaram uma campanha difamatória contra o candidato do PT à presidência, pela via de disparos de mensagens automatizadas, sob a ordem da campanha de Bolsonaro ― tese jamais confirmada;
3 - parecia existir um consenso, no ato da abertura da referida CPI, de que incontestavelmente tal burla havia ocorrido, só restava conhecer os pormenores e sentenciar os utilizadores do logro.
Agora vamos aos fatos:
até o exato momento não existe nada que comprove ou dê a mínima certeza de que
Bolsonaro utilizou tais meios de disparos para obter o bastão presidencial em
2018, sequer que ele teve a ajuda direta e oficial de empresários que teriam subsidiado tal
falcatrua. A CPI já chegou em nomes periféricos,
inclusive no próprio Haddad. Entretanto, no
homem do Planalto, nada. As testemunhas ouvidas não deram nada de
substancial além de propagandas partidárias; tudo
que foi falado, até então, parece mais um programa
sensacionalista da Rede Globo do que uma investigação séria sobre trapaças
eleitorais.
Disseram que
existem robôs bolsonaristas trabalhando mais que chineses em
fábricas de brinquedos, discutiram a metafísica do ser de um robô e
até sobre a antiética que jaz em possuir escravos eletrônicos que bajulam
governos conservadores. No entanto, até agora, não
apresentaram nada de elucidativo que confirme a existência de
tal hoste de androides contratados informalmente a serviço
de Bolsonaro.
Para completar o show de
horrores, um tal de Hans River, funcionário da Yacows, foi convocado pelo
PT para testemunhar diante da plateia abobalhada dos juízes de dignidades
duvidosas. O “tiro no pé” do ano. Acusou de racismo Rui Falcão,
afirmou que de fato a empresa fez disparos de mensagens via celulares na
última eleição, todavia, os disparos foram para o Haddad e
para o Meirelles, e não para Bolsonaro ― afirmando possuir
provas disso; acusou Patrícia Mello de ter flertado sexualmente com ele em
troca de informações para sua matéria e que a Folha faltou
deliberadamente com a verdade. Não falei que era um circo de horrores? Fato é
que Hans parece ter mentido em vários momentos, o que inviabiliza a
confiança em suas declarações na CPI. Não demorou para que
ele logo fosse confrontado com prints do celular da jornalista Patrícia Mello, prints que davam conta
da lorota do acusador.
No entanto, tem
mais alguns fatos interessantes a serem mencionados: a Folha
de São Paulo simplesmente matou a reputação da sua fonte (Hans
River) após as acusações que ele disparou contra o jornal e sua
jornalista, mas continuou a afirmar que a matéria construída em cima dessa
mesma fonte corrupta ― aquela que acusava Bolsonaro de ter usado disparos de mensagens contra Haddad ― mantém-se digna de
confiança. O maior “João sem braço” da história moderna do
jornalismo. Como já afirmei antes, Hans River realmente aparenta
ter mentido em vários pontos de seu depoimento, e uma fonte
contaminada não é fonte alguma, para nenhum lado. Se a fonte é corrupta, a
matéria saída dela também tende a ser. O que começa errado…
Óbvio que é deplorável
a atitude de Hans River diante da jornalista, todavia,
o foco em Hans e suas declarações não passa de “boi de
piranha”, algo totalmente irrelevante ao povo brasileiro.
O que novamente vem à tona,
após mais um episódio desse seriado estúpido, é o fato de que o problema
sempre esteve nas matérias de Patrícia que nunca
comprovaram nada do que disse, não passando de um panfleto
petista, artigo puramente ideológico. Ainda assim, o
congresso se prontificou em abrir uma CPI a partir delas, ignorando todo o
fedor político partidário que salta da pseudodenúncia da
jornalista. Ou seja, o absurdo maior, até aqui, está na própria
existência de tal CPI.
Por fim, voltemos ao
mapa mundi da CPI: querem saber o saldo real, até o
momento, dessa tal de CPI da Fake News? Nada. Nadinha de nada, até o exato
instante é um verdadeiro engodo, perda de tempo e dinheiro público, um
festival de coisa alguma. Obviamente que a inquirição pode verter-se em
descobertas escabrosas de um conluio de capitalistas
malvadões para meter o capitão no Planalto. Entretanto o que
vemos até o exato instante é um monte de patetas dando piruetas e
contando histórias ― e estórias ― desconexas a fim de que, no
fim, talvez surja alguma forçosa matéria de
impeachment ou mais uma panfletária matéria da Folha.
Título e Texto: Pedro
Henriques Alves,
Instituto Liberal, 13-2-2020
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