Popularizado pelo filme de David Lynch,
Joseph Carey Merrick, herói trágico do século XIX, não revelou todos os seus
segredos
Philippe Delorme
Antes de mais, a sua aparência
desperta um sentimento misto de horror e piedade. O crânio enorme e danificado,
o braço direito e os pés desproporcionais, uma pele “espessa e grumosa”... Joseph Merrick nasceu
no dia 5 de agosto de 1862, numa família pobre de Leicester.
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Joseph Merrick, aos 26 anos |
Segundo as crenças da época,
sua mãe, grávida, teria tido medo de ser pisoteada por um elefante, por ocasião
de uma parada circense...
Incapaz de prover as suas
necessidades vitais, rejeitado pelos familiares, Joseph acaba, aos 17 anos, num
hospício para indigentes na sua vila natal.
Em 1884, deixou-se convencer
por um charlatão que vai exibi-lo como um monstro nas feiras.
É assim que o “Homem Elefante”
é descoberto por um cirurgião do Royal London Hospital, Frederick
Treves, que estuda o caso e apresenta-o aos seus colegas da Sociedade de
Patologia.
Graças à humanidade deste
médico, o último capítulo da curta vida de Joseph será menos miserável. Por
causa de sua timidez e das dificuldades de elocução, o Dr. Treves julgou-o
deficiente mental. Mas acabou por descobrir um ser sensível e inteligente, com
fé e coragem admiráveis.
Uma subscrição do Times e o
patrocínio da rainha Vitória permitem ao infeliz ser admitido como pensionário
no hospital de Londres, onde recebia visitas de membros da alta sociedade e da
princesa de Galles.
Em 11 de abril de 1890, Joseph
é encontrado morto, asfixiado durante o seu sono, a sua cabeça muito pesada
projetada para trás. A autópsia não revelaria nada sobre os males de que
padecia.
Os especialistas durante muito
tempo avançaram um diagnóstico de neurofibromatose do tipo I, ou doença de
Recklinghausen, afecção genética que atinge o esqueleto e outros tecidos vivos.
Um século mais tarde, suspeitou-se
com mais confiança, na Síndrome de Proteus
– que se caracteriza pela proliferação de hamartomas de aspecto tumoral. Ou uma
conjugação das duas patologias...
Continuam as dúvidas sobre as
causas que o levaram à morte.
Título e Texto: Philippe
Delorme, Valeurs Actuelles, nº 4340, de 30 de janeiro a 5 de fevereiro de
2020
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