sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

As dúvidas sobre o Homem Elefante

Popularizado pelo filme de David Lynch, Joseph Carey Merrick, herói trágico do século XIX, não revelou todos os seus segredos

Philippe Delorme

Antes de mais, a sua aparência desperta um sentimento misto de horror e piedade. O crânio enorme e danificado, o braço direito e os pés desproporcionais, uma pele “espessa e grumosa”... Joseph Merrick nasceu no dia 5 de agosto de 1862, numa família pobre de Leicester.

Joseph Merrick, aos 26 anos
As suas primeiras deformações aparecem no vigésimo primeiro mês, em torno da boca, seguidas de handicaps cada vez mais incapacitantes.

Segundo as crenças da época, sua mãe, grávida, teria tido medo de ser pisoteada por um elefante, por ocasião de uma parada circense...

Incapaz de prover as suas necessidades vitais, rejeitado pelos familiares, Joseph acaba, aos 17 anos, num hospício para indigentes na sua vila natal.

Em 1884, deixou-se convencer por um charlatão que vai exibi-lo como um monstro nas feiras.

É assim que o “Homem Elefante” é descoberto por um cirurgião do Royal London Hospital, Frederick Treves, que estuda o caso e apresenta-o aos seus colegas da Sociedade de Patologia.

Graças à humanidade deste médico, o último capítulo da curta vida de Joseph será menos miserável. Por causa de sua timidez e das dificuldades de elocução, o Dr. Treves julgou-o deficiente mental. Mas acabou por descobrir um ser sensível e inteligente, com fé e coragem admiráveis.

Uma subscrição do Times e o patrocínio da rainha Vitória permitem ao infeliz ser admitido como pensionário no hospital de Londres, onde recebia visitas de membros da alta sociedade e da princesa de Galles.

Em 11 de abril de 1890, Joseph é encontrado morto, asfixiado durante o seu sono, a sua cabeça muito pesada projetada para trás. A autópsia não revelaria nada sobre os males de que padecia.

Os especialistas durante muito tempo avançaram um diagnóstico de neurofibromatose do tipo I, ou doença de Recklinghausen, afecção genética que atinge o esqueleto e outros tecidos vivos.
Um século mais tarde, suspeitou-se com mais confiança, na Síndrome de Proteus – que se caracteriza pela proliferação de hamartomas de aspecto tumoral. Ou uma conjugação das duas patologias...

Continuam as dúvidas sobre as causas que o levaram à morte.
Título e Texto: Philippe Delorme, Valeurs Actuelles, nº 4340, de 30 de janeiro a 5 de fevereiro de 2020
Tradução: JP



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-