sábado, 29 de julho de 2023

A história do ‘Piso Suburbano’

Quem nunca esteve em uma casa com chão ou muro como esse da foto da matéria?


Felipe Lucena

A popular frase “a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam” tem vários sentidos e interpretações. E uma dessas leituras, tranquilamente, pode ser associada aos clássicos pisos muito presentes nos subúrbios cariocas: o Piso Suburbano. Pisos esses que trazem muitas lembranças para diversas pessoas.

Para quem ainda não entendeu, o “Piso Suburbano” é essa junção de cacos de azulejos (iguais aos da foto da matéria), dominantemente vermelhos, muito presentes nos muros e no chão de casas nas Zonas Norte e Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Sobretudo nos quintais. 

Quando se fala em “cacos” não é força de expressão. Tudo começou na década de 1940.  Nesta época, São Paulo tinha duas grandes fábricas de cerâmica. Entre os produtos fabricados, existia uma lajota de 20×20 cm, nas cores vermelha, amarela e preta. A falta de cuidado no processo de criação e transporte causava muitos acidentes e inúmeras peças se quebravam, virando pedaços das colorações citadas.

Pobres, os trabalhadores dessas fábricas, que não podiam comprar as peças inteiras, usavam os pedaços, cacos, nas reformas de suas casas.

“Começando em São Paulo, a situação chegou ao Rio de Janeiro e se espalhou por todo o país. O processo era o mesmo: as fábricas faziam as peças inteiras, que eram caras para os trabalhadores, então, eles pegavam os pedaços – que eram muitos – e levavam para suas casas, às vezes compravam mais barato, às vezes pegavam escondido”, informa o pesquisador Rodrigo Leite. 

De acordo com o site Sou Méier, “A cor vermelha se tornou mais popular, porque era a mais comum e, consequentemente, a mais barata”.

Como os subúrbios cariocas eram, predominantemente, habitados por operários, a moda pegou nas Zonas Norte e Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Muitas casas ainda guardam essas memórias de chão, muros e bases.

“Na casa da minha avó, em Vaz Lobo, tem desse piso. Lembro de ter brincado muito quando era moleque. E minha mãe sempre falou que era mais fácil para limpar [risos]”, destaca o contador Maurício Abreu.

Título e Texto: Felipe Lucena, Diário do Rio, 28-7-2023

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