Pedro Correia
«Desde o infantário até
ao túmulo que nos vai calhar na rifa, escolheram tudo, sem nos perguntarem
nunca nem de que doença gostaríamos de morrer.»
Leonardo Padura, Paisagem
de Outono
Levaram-no ao Mosteiro dos Jerónimos, receberam-no com salamaleques na Assembleia da República como se fosse um estadista em vez de pau-mandado da família Castro, que tiraniza Cuba desde 1959. Marcelo Rebelo de Sousa, seu homólogo português, entoou loas ao «comandante Castro», como se estivesse na Festa do Avante! Participaram juntos numa conferência de imprensa, obviamente «sem direito a perguntas dos jornalistas»: essa modernice de ver jornalistas fazer perguntas ainda não chegou a Havana e acaba de ser replicada em Lisboa.
Foto: Antonio Cotrim/EPA |
Miguel Días-Canel, um dos
escassos aliados de Vladimir Putin na criminosa invasão soviética da Ucrânia, é
recebido com todo o aparato oficial português como se fosse pessoa
apresentável. Marcelo implora-lhe médicos, que funcionam como mercadoria de exportação do regime
comunista de Havana enquanto o Estado lhes confisca quase 80% do salário no estrangeiro e os proíbe
de viajarem com as famílias para ter a certeza de que não desertam.
Em vez de baixar a cerviz como
anfitrião do déspota, o Presidente português devia pedir-lhe que abrisse o país
e deixasse os cubanos licenciados em Medicina (com salário médio equivalente
a 35 euros mensais) viajar livremente para onde lhes apetecesse em vez de
viverem enclausurados na ilha-prisão.
Não me admirava que Marcelo agraciasse o ditador com a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Afinal já fez o mesmo à mulher de Lula da Silva, banalizando de tal maneira esta condecoração que hoje vale quase nada.
Enquanto as instituições
democráticas portuguesas se inclinam em vénia a Díaz-Canel, 1047 presos políticos sufocam nas masmorras cubanas. Grande parte deles
condenados a 30 anos de prisão por ousarem protestar pacificamente contra a
tirania. Alguns com menos de 18 anos. Todos sofrem torturas. Como o artista Luis Otero Alcántara, o veterano opositor
Félix Navarro, o activista pelos direitos humanos Armando Gómez de Armas e
o líder da União Patriótica de Cuba, José Daniel Ferrer (incomunicável, numa
cela solitária, desde 14 de Agosto de 2021).
Vítimas da mais velha
ditadura do continente americano - um regime que espezinha os direitos fundamentais e escraviza o povo que prometeu libertar nos
idos de cinquenta. Pobre iIha-cárcere hoje povoada por «pessoas
indiferentes mesmo à vacuidade da morte, sem vontade de memória nem
expectativas de futuro», como Leonardo Padura - um dos "exilados do
interior" - tão bem a descreveu.
Título, Imagem e Texto: Pedro
Correia, Delito de Opinião, 15-7-2023
IL falha receção a PR cubano. Diz que não vai a "beija mão" com ditaduras
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Repugnante! A que nível desce a mente de um militante esquerdista…
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Eufemismo
Augusto Nunes tritura o TSE
O grande engodo
Nunca o Brasil viu uma infâmia tão grande quanto as prisões políticas em massa feitas pelo STF
O cara da direita, le pantin portugais, é chamado, rotulado, considerado, pelo Sistema, de... Direita!?!
ResponderExcluirEntendeu, de vez, o que é a "Direita civilizada"??
À mesa com o assassino
ResponderExcluirEm matéria de veneração protocolar de comunistas, Portugal inaugurou recentemente uma tradição que, suspeitava-se, não terminaria com o célebre Lula da Silva.
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, está em Portugal a convite do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Durante a estadia, será, ou já foi, recebido oficialmente em Belém, na Assembleia da República e na Câmara de Lisboa. Parece que haverá, ou houve, um jantar no Palácio da Cidadela dedicado, cito, à “honra” do indivíduo, com a participação do primeiro-ministro daqui.
O sr. Díaz-Canel não é uma pessoa honrada. É o chefe em funções de um regime sanguinário, que há sessenta e tal anos mata, prende e tortura os seus “cidadãos”, de facto cobaias de mais uma experiência de “socialismo real”.
Para todos os efeitos, o sr. Díaz-Camel é um criminoso, que carrega sem arrependimento ou vergonha o lastro dos fuzilamentos, dos campos de “reeducação”, do sofrimento de dissidentes políticos, homossexuais e crentes religiosos.
Os que escaparam aos extremos do horror, e não ascenderam às cúpulas do Partido Comunista ou fugiram para Miami, vivem no moderado horror da miséria, entre as ruínas dos edifícios espanhóis, mutações de Chevrolets, salários de 40 dólares, censura e lojas vazias. A rumba e o rum e o sol não compensam o resto.
Os promotores da visita do sr. Díaz-Canel também não se distinguem pela honradez. É verdade que o prof. Marcelo prestou vassalagem a Fidel logo no início do seu primeiro mandato. E que o actual PS integra as hordas de transtornados que estampam na t-shirt e no coração a carranca do “Che”, um renomado psicopata.
E que, numa decisão cúmplice com a propaganda de Havana, o ministério da Saúde acaba de anunciar a importação de 300 “médicos” cubanos, de facto escravos sem experiência, conhecimentos ou utilidade. E que, em matéria de veneração protocolar de comunistas, Portugal inaugurou recentemente uma tradição que, suspeitava-se, não terminaria com o célebre Lula da Silva.
Texto: Alberto Gonçalves, Observador, 15-7-2023