Academia Monergista, Brasília,
DF, agosto de 2021, 120 páginas.
Defrontando, pois, os
lugares-comuns, Gusdorf lembra-nos que, não obstante o espaço mental do
Ocidente ter-se originado de uma amálgama do património mítico da cultura
helênica e romana e dos dogmas e valores introduzidos pela revelação
judaico-cristã, essas representações sempre se mostram apenas fragilmente
compatíveis entre si; daí as dificuldades (e provisoridade) dos sistemas e
arquiteturas filosóficos que tentaram uma conciliação derradeira entre essas
diversas fontes.
O filósofo move-se, portanto,
nesse emaranhado, buscando precisamente os significados e intenções de quem
invoca a liberdade. Não é, certamente, tarefa fácil, no entanto, esse
empreendimento intelectual tampouco é inútil, pois uma história de liberdade é
também uma história da cultura.
Para Georges Gusdorf, a atividade filosófica, além de comprometimento vital com as dimensões de sentido a que o ser humano tem acesso na plenitude de suas experiências, se constitui também como uma constante retomada das intenções e entendimentos dos pensadores do passado, para que, afirmando uma continuidade com a “paisagem espiritual” na qual atuaram os grandes filósofos, seja possível o esboço de um inventário do presente.
A liberdade é certamente um
dos conceitos mais difusos nas sociedades modernas, e abrange por vezes desde
propostas alienantes e autonomistas, muitas vezes autocontraditórias, até
dinâmicas essenciais para a existência irremediavelmente histórica do homem.
Na filosofia ocidental, é
justamente no interior desse espaço mental formado pela confluência das
doutrinas, imagens e visões de mundo que constituíram a Europa e posteriormente
o Novo Mundo, que, imaginando se situarem no absoluto, encontram-se pensadores
tão diferentes quanto Descartes, Spinoza, Kant e todos os teóricos da liberdade
até Hegel, Marx e Jules Lequier.
Como se vê, todos eles,
dialogando ou não entre si, por vezes contribuíram para os progressos no
entendimento (e estabelecimento) da liberdade, e, por outras, voluntariamente
ou não, foram os responsáveis pelos impasses desse valor
Ciente dessas dificuldades e
controvérsias, Gusdorf não permite nem propõe a dissolução do exercício
filosófico na relatividade e particularidade.
Contra a Escola
A religião e o desenvolvimento da ciência moderna
Le Grand Remplacement
As grandes questões da Filosofia
Próximas leituras
A Ucrânia e a Rússia – Do divórcio civilizado à guerra incivil
Fables, de Jean de la Fontaine
L'Ukraine et le basculement du monde
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-