sexta-feira, 14 de julho de 2023

De relíquia ao remendo? Feira da Praça XV virando “brechó”

Roupas usadas são cada vez mais comuns, algumas em péssimo estado de conservação, o que tem revoltado frequentadores tradicionais da feira, sempre lotada

Amanda Raiter

Foto: Luiza Ferreira/Janelas Abertas

Prata, molduras em madeira escura, móveis, bronzes e objetos antigos em geral têm perdido seu lugar ao sol na tradicional Feira de Antiguidades da Praça XV. Sediada aos fins de semana na região, desde antes das intervenções do Porto Maravilha, as tradicionais barraquinhas viraram point para comerciante de roupas, algumas delas em péssimo estado, disputarem território. “Desconfigura a feira. Você vem aqui atrás de objetos antigos, não atrás de camisa social. É atração turística, inclusive, um passeio que é atração em qualquer lugar do mundo. Vemos até roupas, pelo visto, com cara de doação, toda amarrotada na calçada, tudo podre. Absurdo“, relata a arquiteta Rita Nunes, de 47 anos. Mas verdade seja dita: a feira fica absolutamente lotada. Em dias de sol, é quase impossível andar sem esbarrar em alguém.

Na internet, a página “Feira de Antiguidades da Praça XV- RJ” traz o desabafo de uma colecionadora. “Fico triste em ver a tradicional feira sendo dominada por roupas usadas e perdendo sua característica“, diz a postagem. Os móveis bonitos, cristais, pratarias e curiosidades cada vez mais perdem espaço para o “shopping chão” com quinquilharias e resquícios do que um dia foram peças de roupa, principalmente junto à estação das barcas. Junto ao Paço Imperial? É um brechó mais caprichado. As antiguidades ficam junto ao Arco do Teles e a Primeiro de Março, um pouco espremidas pelo bagulhódromo. 

Antes da modernização da região, entregue em 2016 tinindo de nova, a Feira de Antiguidades já trazia relíquias, algumas delas de valor histórico, como documentos da Família Real, desde a década de 70, embaixo do então Viaduto da Perimetral, que saía da Ponte Rio-Niterói e terminava nas proximidades do Aeroporto Santos Dumont. A tradição é seguida, todo sábado, às 6h e fica até às 15h, atraindo curiosos e compradores de várias partes do mundo. A organização inicial conta com barracas padronizadas e fica sob responsabilidade do Instituto das Feiras Culturais do Brasil. Tudo ao lado do Paço Imperial, que é a maior referência histórica do local, e de frente pro antigo Convento do Carmo.

Em nota, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) informou que vai enviar uma equipe lá para verificar a denúncia e conversar com o organizador da feira.

Título e Texto: Amanda Raiter, Diário do Rio, 13-7-2023

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