quinta-feira, 27 de julho de 2023

Espanha: lições mal estudadas

Telmo Azevedo Fernandes

Os analistas, comentadores e demais avençados dos media e redes sociais apressaram-se a tirar conclusões e lições político-partidárias para o nosso país com base nos recentes resultados eleitorais em Espanha.

A grande lição que esta gente retirou para Portugal das eleições em Espanha é que é obrigatório o Chega! desaparecer para que seja possível construir uma maioria de Direita em Portugal. Um corolário desta brilhante conclusão é que é imprescindível criar um cordão sanitário que afaste total e definitivamente o Chega! do PSD e da Iniciativa Liberal.

Algo semelhante disse Pedro Sanchez sobre o PP e o Vox e, como sabemos, o primeiro-ministro espanhol não lida maravilhosamente com a verdade. Já os especialistas portugueses aprenderam a lição errada e reproduzem asneiras analíticas como se fossem educadores do povo pertencentes a uma elite pensante mais esclarecida do que todos os outros.

Ora, Ricardo Dias de Sousa que vive e trabalha em Madrid há quase 20 anos, refere hoje num artigo da coluna da Oficina da Liberdade no Observador, que a razão do Partido Popular espanhol ter ficado aquém da maioria absoluta não se ficou a dever a não ter rejeitado ostensiva e liminarmente um eventual entendimento com o VOX, o partido dito de direita radical. Leproso, portanto.

O VOX não afugentou o eleitorado moderado e centrista do PP. O Partido Popular espanhol arrecadou 600 mil votos do Vox, engoliu por completo mais de milhão e meio de votos que antes iam para o partido dito liberal (o Ciudadanos) e, curiosamente, ainda foi buscar mais um milhão de votos aos socialistas moderados que não suportam o radicalismo de Sanchez.

Se o PSOE formar governo isso fica a dever-se ao voto útil da esquerda radical, dos independentistas e dos terroristas. Não foi o Vox que afastou os moderados do PP, assim como não creio que em Portugal o Chega afaste os moderados do PSD.

António Costa e o Partido Socialista estão numa deriva radical cada vez mais à esquerda totalitária. Se em Portugal o espaço da Direita quiser ser governo, será contraproducente rogar pragas ao Chega. Não se confundam: o inimigo é o socialismo, o adversário é o PS.

A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

Título, Vídeo e Texto: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 26-7-2023

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