Fausto Zamboni
(…)
A criação de termos que possam
inibir, de antemão, reações adversas é outra estratégia comum. Um exemplo é
“homofobia”, que significava, na linguagem médica, obsessão e ódio contra o
homossexualismo. Hoje essa palavra “é, indiscriminadamente, aplicada a qualquer
um que demonstre a menor reserva […] ou conteste (mesmo brandamente) qualquer
reivindicação de direito especial (por mais extremo que seja) deles [os
homossexuais] como grupo ou classe”.
O uso desse termo é
tremendamente eficaz, principalmente para os grupos que promovem uma agenda
política de ação afirmativa. Ainda que, da forma como é usado, seja
cientificamente inadequado, vem imantado do prestígio da ciência, e intimida
eventuais opositores, que serão associados a uma patologia, a um comportamento
doentio e aberrante.
Qualquer tentativa de discutir
a teoria suscita imediatamente o escândalo dos seus defensores mais acirrados,
que não hesitam em rotular o interlocutor de preconceituoso, reacionário e
opressor. A vitimização, no entanto, combina-se com o discurso crítico
agressivo contra qualquer concepção ou convenção social que não esteja dentro
dos cânones da “ideologia de gênero”.
Impõe-se, portanto, a proibição de discutir. A consciência humana é sufocada por essa ditadura ideológica, que não aceita o uso de termos ou conceitos estranhos ao seu ambiente cultural, numa atitude abertamente excludente.
A aceitação e o emprego do
vocabulário politicamente correto significam submissão aos seus cânones: não é
possível opor-se à sua mentalidade e às suas agendas políticas senão com um
pleno domínio do idioma e com o conhecimento da origem e do sentido de cada um
dos termos mais importantes que são empregados na discussão. O
multiculturalismo assimilou, no fim das contas, o racismo e o moralismo que
pretendia combater; é o reverso da mesma moeda, uma reação desproporcionada e
igualmente tendenciosa.
Invertendo o ponto de vista e
adotando a vitimização como atitude básica, continua-se a exaltar o apego ao
particular e a difamar o sentimento do universal, cada grupo proclamando “a alta
moralidade do seu egoísmo”.
Para combate a descrença na
verdade e, consequentemente, no valor da própria atividade, os intelectuais
redobram o moralismo e a combatividade política. Ressurge, com mais vigor, o
policiamento ideológico, a impermeabilidade à visão do outro, a rejeição e até
o ódio a quem pensa de forma diferente, sem nenhum esforço sério de entendê-lo
nos seus próprios termos.
Eis aí a fórmula do preconceito, cultivado por muitos que acreditam estar
combatendo… o preconceito
(…)
Digitação: JP, 25-7-2023
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