quinta-feira, 3 de outubro de 2024

[Daqui e Dali] A crise de autoridade, na família e na sociedade

Humberto Pinho da Silva

Ao folhear, ao acaso, o livro de Daniel Leslie, “Confúcio", Ed. Estudos Cor, deparei os curiosos "Diálogos de Confúcio".

Um atraiu a minha atenção “O sábio Yeu disse: ‘Aquele que é respeitador de seu pai e da sua mãe e do irmão mais velho, não decidirá, senão raramente, a desobedecer às autoridades. Não se encontrará um homem que tendo respeito pelos grandes, participe numa revolta. Um homem nobre estuda a raiz das coisas. Se ele a encontrou, a sua torna-se florescente. O respeito pelo pai, pela mãe e pelos mais velhos, é a raiz do bem’”.

Cresce de forma descomunal na decadente sociedade o desrespeito pela autoridade: pais, professores e governantes.

É frequentíssimo nas últimas décadas, em manifestações populares, escutarem-se palavras incongruentes, injuriosas e impróprias de gente educada.

E na escola – que devia ser local de respeito – docentes são desfeiteados na própria sala de aula, e são frequentes os abusos entre alunos.

Recordo – e com que saudade! – do longínquo tempo da minha mocidade, quando a via publica era segura e tranquila; e ninguém pensaria que fosse possível agredir o professor, de modo a ter de recorrer ao serviço hospitalar.

Quantas vezes fui ao cinema da meia-noite, só e acompanhado, e nunca senti qualquer receio de ser assaltado; e por motivos profissionais fui obrigado, durante anos, a deambular, a pé, pelas artérias da minha cidade, a horas mortas, de madrugada, e jamais fui incomodado, nem sentia qualquer temor. Confiava inteiramente na polícia.

Bons tempos!... Agora todos andamos com o credo na boca, receando que em cada canto e recanto, em cada esquina ou portal, surja perigoso malfeitor.

E por que acontece isso?

Porque há muito quem ensine, mas não há quem eduque.

Educar não é ensinar, mas inculcar: conceitos, valores e respeito. Poucos são, infelizmente, os que sabem educar a alma, para que se torne temente a Deus e cidadã exemplar. A maioria, quando o faz, limita-se a comportamentos e rudimentares regras de etiqueta.

Lamentam-se as mães que os jovens andam transviados. Todavia, esquecem-se que em parte a culpa é delas, porque não sabem ou não souberam incutir nos filhos, preceitos que os tornassem honrados e honestos cidadãos.

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, setembro de 2024 

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