Paulo Hasse Paixão
O presidente Donald J. Trump
vai adiar por 30 dias a aplicação de uma tarifa de 25% sobre os produtos canadenses,
depois de o Primeiro-Ministro (demissionário)
do país, Justin Trudeau, ter anunciado que o seu governo vai fazer
investimentos significativos no reforço da segurança das fronteiras e juntar-se
a uma equipa conjunta liderada pelos EUA para reprimir o tráfico de fentanil. O
líder canadense também prometeu que iria acrescentar os cartéis de droga
mexicanos à lista de entidades terroristas do seu país – replicando uma medida
semelhante tomada pelo Presidente Trump no mês passado.
Numa declaração publicada
no X, Trudeau afirmou:
“Acabei de ter uma conversa
produtiva com o Presidente Trump. O Canadá está a implementar o nosso plano de
fronteira de 1,3 biliões de dólares – reforçando a fronteira com novos
helicópteros, nova tecnologia, mais pessoal, maior coordenação com os nossos
parceiros americanos e mais recursos para combater o tráfico de fentanil. Quase
10.000 agentes estarão no terreno a proteger a nossa fronteira”.
O primeiro-ministro canadense
acrescentou:
“Além disso, o Canadá está
a assumir novos compromissos. Nomearemos um czar do fentanil, acrescentaremos
os cartéis mexicanos à lista de entidades terroristas, asseguraremos a
vigilância da fronteira 24 horas por dia, 7 dias por semana, e lançaremos, com
os Estados Unidos, uma força de ataque conjunta contra o crime organizado, o
tráfico de fentanil e o branqueamento de capitais. Assinei também uma nova diretiva
de inteligência centrada no crime organizado e no fentanil, que será apoiada
por um investimento de 200 milhões de dólares.”
Estas declarações de Trudeau surgem horas depois de ter realizado uma conferência de imprensa em que anunciava tarifas de 25% sobre produtos americanos, como retaliação sobre a decisão de Trump de taxar os bens canadenses exportados para os EUA.
Entretanto, o novo inquilino
da Casa Branca concordou em adiar a aplicação de uma tarifa de 25% sobre os
produtos importados do México depois que a sua Presidente, Claudia Sheinbaum,
anunciou que enviaria 10.000 soldados da Guarda Nacional Mexicana para ajudar a
proteger a fronteira com os Estados Unidos. De acordo com Sheinbaum, os
militares mexicanos também ajudarão na caça aos traficantes de droga.
A Presidente mexicana publicou
no X uma declaração em que lemos:
“Tivemos uma boa conversa
com o presidente Trump com grande respeito pela nossa relação e soberania; e
chegámos a uma série de acordos. O México reforçará imediatamente a fronteira
norte com 10.000 membros da Guarda Nacional para impedir o tráfico de drogas
para os Estados Unidos, particularmente o fentanil. Os Estados Unidos estão
empenhados em trabalhar para impedir o tráfico de armas de alta potência para o
México”.
Também esta aceitação das
condições de Donald Trump é contraditória com a reação que Sheinbaum tornou
pública logo que soube das intenções do Presidente americano em taxar produtos
vindos do México para os EUA, caso o país da América Central não tentasse ser
mais proactivo em relação ao caos que reina na fronteira com os EUA.
Respondendo a Sheinbaum num
post no Truth Social, Trump escreveu:
“Acabei de falar com a
Presidente Claudia Sheinbaum do México. Foi uma conversa muito amigável em que
ela concordou em fornecer imediatamente 10.000 soldados mexicanos na fronteira
que separa o México e os Estados Unidos. Estes soldados serão especificamente
designados para travar o fluxo de fentanil e de imigrantes ilegais para o nosso
país. Concordámos ainda em suspender imediatamente as tarifas previstas por um
período de um mês, durante o qual teremos negociações lideradas pelo Secretário
de Estado Marco Rubio, pelo Secretário do Tesouro Scott Bessent e pelo
Secretário do Comércio Howard Lutnick, e por representantes de alto nível do
México”.
Entretanto, a imposição de
Trump de uma tarifa de 10% sobre os bens importados da China parece estar
prevista para entrar em vigor hoje. A China comprometeu-se a retaliar contra
esta medida. A ver vamos se mudam também o azimute.
Título, Imagem e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura, 4-2-2025
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