Velvet Poison
A primeira pessoa próxima de
mim que vi sofrer um câncer, lutar contra ele, e perder a parada foi um amigo,
nos idos dos anos 80. Éramos do grupo de jovens da nossa paróquia, e bastante
chegados. Morávamos bem perto, uma de suas irmãs havia estudado comigo, dos 7
aos 11 anos, e não saíamos da casa uns dos outros, além das atividades na
igreja que frequentávamos. Era câncer de laringe. Enfrentou-o dos 19 aos 22
anos. Quando iniciou a radioterapia, seu pescoço ficou cheio de linhas, marcas,
e daí ganhou, por um cunhado, justamente o namorado da minha amiga, o apelido
de "Colorido". Ninguém, a partir daí, o chamava pelo nome, mais. Nem
a família. Era a forma bem-humorada de compartilharmos com ele tanta dor,
tristeza e temor. Colorido apelidou meu pai, Seu Antônio, de Toizim Ceroula,
porque papai, na porta do seu bar, mandava ver na churrasqueira, cheia de
espetinhos, sempre usando bermudas. Descia o Colorido a praça em direção à sua
casa, e era "Oh, Toizim Ceroula!" de um lado e "Eh, Colorido!"
em resposta, de outro. Saudade de ambos.
Colorido tratou-se no Hospital
Hélio Angotti, o chamado Hospital do Câncer, na minha cidade. Teve a sua fase
de remissão, o que alegrou a todos. Mas de repente, do nada, sofreu uma parada
cardiorrespiratória e ficou duas semanas internado. Quando saiu do hospital,
muito debilitado, seu cunhado, que era muito amigo meu também, contou lá em
casa, para o papai, que o câncer havia se espalhado para o esôfago e sei lá
mais para onde. Ele estava sofrendo bastante. Uma noite, contou-nos a mãe dele
logo depois, entrando em seu quarto, ela pediu à Nossa Senhora, fosse para que
seu filho sofresse tanto, que ela o encaminhasse para Deus. Uma súplica
desesperada de mãe. Colorido não acordou mais. Morreu dormindo. Era véspera do
dia que ficou marcado na história do Brasil como a data em que morreu Tancredo
Neves.
Muitos defensores do
ex-presidente e de tudo o que ele representa me provocaram, nesses dias, no
Twitter e em comentários (aqueles, sempre da baixura de suas existências) se eu
não desejaria a morte de Looola. Que falar de Chavez, Fidel e outros era fácil porque
estariam longe. Bem, vamos lá. Não sou covarde, e apenas esperei passar o
primeiro furor inicial para eu mesma tocar nesse tema. Afinal, já há gente por
demais falando, falando, louvando, idolatrando o tumor na laringe do
ex-presidente bufão. E, menos ainda, não sou hipócrita. Não mudei em um
milímetro o que penso do ExPirado porque ele foi diagnosticado com uma doença
cruel, invasiva, assustadora, e que acomete milhares de outros brasileiros,
famosos e anônimos, das mais diversas formas. Aos fatos!
Não, senhores e senhoras e et
ceteras... não desejo a morte do ex-presidente que transformou o Brasil nestepaiz, nem por um milionésimo de
segundo sequer. Nem de câncer, nem de cirrose, nem de gripe, nem de um tropeção
sequer. Uma tuiteira, no sábado, fez uma analogia bem ao gosto do de cujus: que
era como jogar contra a Argentina. Que venha, com força total, para a Seleção
Brasileira vencer. Faço minhas as palavras. Nada de tapetão, não! Que ele fique
vivo, e que seja politicamente vencido no campo. Com arquibancadas cheias,
vibrando a sua derrota. Política. Moral. E legal, que a esperança é a última.
Não, senhores e senhoras e et
ceteras.... não passei a achá-lo um ser humano, um meu semelhante, porque está
com câncer. Looola continua sendo um lixo. Não vou começar a debulhar lágrimas
por ele, porque ele não representa nada para mim, exceto a face fanfarronista
do mal petista. Se é chegada a sua hora, que seja, como será a de TODOS os 7
bilhões de habitantes desse planetinha. A morte, assim como a misericórdia de
Deus e a corrupção no PT são as únicas certezas que a vida nos dá. Portanto, se
for a hora dele, como a minha ou de qualquer outro, não há palavra minha ou de
quem quer que seja que impeça-a. Apenas, não a desejo. Simples assim.
Aqui, resisto à tentação de
desejar-lhe, como ocorrido com meu amigo, igualmente com o seu viceExpirado
Alencar, uma batalha de anos, e anos, e anos contra a doença. De jeito nenhum!
Se a morte de Looola o canonizaria em rito sumário, um calvário o beatificaria.
Infeliz a nação que precisa de heróis, miserável a que precisa de mártires.
Desejo a cura de Looola assim como a de todo aquele que esteja sofrendo da
doença nesse momento, e mais, não conseguindo acesso a tratamento algum. Desejo
o pronto restabelecimento de sua saúde, como desejo que ninguém tenha que
enfrentar o calvário de conseguir diagnóstico, tratamento - o mais básico -,
cirurgia, medicação - a mais comum - conforme o acompanhamento oferecido pelo
SUS. Desejo sim, que sua cura se dê e seja rápida. Rapidíssima.
Na verdade, vou além do
desejo. Eu tenho plena certeza que Looola será totalmente curado, com uma
brevidade assustadora. Porque, good for
him, tem acesso ao que há de melhor, certamente, no mundo, no Hospital
Sírio-Libanês. Muito diferente dos milhares de doentes de câncer que morrem naespera interminável de atendimento pelo serviço público de saúde, o SUS, que o
próprio Looola pregou como "quase perfeito". E, do alto de sua
arrogância, ofereceu-o a Obama...
Looola sairá vivinho desse
câncer. Vai nos assombrar, vivo, por muito tempo. Mas que esse tempo, além de
servir para mostrar agora a todos os miseráveis destepaiz o que é, de verdade, um bom tratamento de câncer, já que
a imprensa genuflexa voluntária faz questão de propagar até a cor do som do
espirro que o ExPirado possa dar, sirva para que os petistas e seus
assemelhados entendam de uma vez por todas que nós não somos todos iguais,
mesmo. Não tratarei dessa ou de qualquer outra doença de Looola da forma como
eles trataram Mário Covas, por exemplo, ou a forma como se referiam à Dona Ruth
Cardoso, assim que ela faleceu. Só isso já basta. E não, que esses não percam
tempo deixando comentários. Aqui, a conduta é KEEP OUT! "Uma conduta
asséptica" conforme observação pertinente que recebi no "Canal
BBMCat", dia desses.
Vida longa ao ExPirado!
Título e Texto: Velvet Poison,
31-10-2011, no blogue “Veneno Veludo”
Colaboração: Ari (Resistência
Democrática)
Edição: JP
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