Aluísio Amorim
![]() |
Capa da Folha de S.Paulo, 13-11-2011 |
A Folha de S. Paulo publica
neste domingo artigo do filósofo e jornalista Olavo de Carvalho que, ao final,
critica o próprio jornal. O artigo, que reproduzo após este prólogo, faz um
inventário histórico, sociológico e político sintético e absolutamente correto
procurando explicar, ou tentar explicar, aquilo que salta aos olhos dos que têm
um pingo de inteligência como algo inexplicável. Espalham-se pelo mundo
revoltas sem causa. Poder-se-ia afirmar que seriam legítimas as revoltas nos
países árabes dominados por ditaduras truculentas. Entretanto, parece que no
lugar das antigas ditaduras os islâmicos preparam o caminho para a implantação
de ditaduras teocráticas. E o mais curioso é que esses levantes, todos de
conteúdo islâmico, têm o apoio acrítico irrestrito de indignados e partidos
esquerdistas do mundo ocidental.
No caso brasileiro, o que
houve recentemente na USP é algo inconcebível e que não encontra motivo
plausível de nenhuma forma. O artigo de Olavo de Carvalho tenta justamente
responder a esses fatos inexplicáveis.
Se a Folha de S. Paulo
publicou o artigo de Olavo o faz não por concordar com ele, mas em consonância
com sua apregoada linha editorial dita libertária e multi-ideológica.
Bobagem. Quem acompanha esse jornal constata o seu viés esquerdista e politicamente correto, característica aliás de toda a grande imprensa brasileira, com exceção da revista Veja.
Bobagem. Quem acompanha esse jornal constata o seu viés esquerdista e politicamente correto, característica aliás de toda a grande imprensa brasileira, com exceção da revista Veja.
O pretenso pluralismo
editorial da Folha não a absolve. Isto porque esta seção de opinião que abriga
hoje o artigo de Olavo de Carvalho, amanhã poderá conter um texto fascista do
MST. Essa tolerância supostamente democrática e elegante em relação às facções
e partidos antidemocráticos é mortal para a democracia e à própria liberdade de
imprensa. Haja vista as seguidas tentativas do PT de impor o controle da mídia,
eufemismo para a censura à imprensa pura e simples.
Oxalá a Folha contratasse
Olavo de Carvalho como articulista permanente. Transcrevo na íntegra o artigo
que tem por título "A USP e a Folha". Leiam:
Nos anos 1930-1940, quando a
USP ainda estava se constituindo administrativamente e o espírito dessa
comunidade se condensava na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a
luta dos estudantes contra a ditadura getulista expressa o anseio de uma ordem
constitucional democrática, como viria a ser proposta consensualmente em 1945
pelas duas alas da UDN, o conservadorismo cristão e a esquerda democrática.O
suicídio de Getulio Vargas e o recrudescimento espetacular do getulismo na
década seguinte afetam profundamente a mentalidade uspiana, que, num giro de
180 graus, adere ao discurso nacional-progressista, em que a ênfase já não cai
no culto das liberdades democráticas, mas nos programas sociais nominalmente
destinados a erradicar a pobreza, ainda que ao custo do intervencionismo
estatal crescente.
Surge nessa época o mito da
“camada mais esclarecida da população”, que, se conferia aos estudantes o
estatuto de guias iluminados da massa ignara, ao menos lhes infundia algum
senso de gratidão e de responsabilidade.
Nos anos 1960, o
nacional-progressismo uspiano transmuta-se em marxismo explícito, com a adesão
maciça do estudantado à revolução continental orquestrada em Cuba.
As correntes liberais e
democráticas desaparecem, só restando, como simulacro de pluralismo, as
divisões internas do movimento comunista: stalinistas, trotskistas, maoístas
etc.
Nas duas décadas seguintes, a
esquerda internacional, sob a inspiração da “New Left” americana (herdeira da
Escola de Frankfurt), vai abandonando as formulações marxistas dogmáticas para
ampliar a base social do movimento, absorvendo como forças revolucionárias
todas as insatisfações subjetivas de ordem racial, familiar, sexual etc.,
muitas das quais a alta hierarquia comunista condenava como irracionalistas e
pequeno-burguesas.
Ao mesmo tempo, no Brasil, a
derrota das guerrilhas abre caminho à adoção da estratégia gramsciana, que
integra como instrumentos de guerra cultural o “sex lib”, a apologia das drogas
e a legitimação da criminalidade como expressão do “grito dos oprimidos”.
O fracasso do modelo soviético
acentua ainda a flexibilização do movimento revolucionário, com o abandono da
hierarquia vertical e a adoção do modelo organizacional em “redes”.
Bilionários globalistas passam
a patrocinar movimentos esquerdistas por toda parte, de modo que rapidamente o
discurso agora chamado “politicamente correto” se erige em opinião dominante,
inibindo e marginalizando toda oposição conservadora ou religiosa, que se
refugia em grupos minoritários cada vez mais desnorteados ou entre as camadas
sociais mais pobres, desprovidas de canais de expressão.
Os efeitos desse processo na
alma uspiana foram profundos e avassaladores: consagrados como representantes
máximos do novo ethos global, os estudantes já não têm satisfações a prestar
senão a seus próprios impulsos e desejos.
O jovem radical ególatra,
presunçoso e insolente, a quem todos os crimes são permitidos sob pretextos
cada vez mais charmosos, tornou-se o modelo e juiz da conduta humana, a
autoridade moral suprema a quem o próprio consenso da mídia e do establishment
não ousa contrariar de frente, sob pena de se autocondenar como reacionário,
fascista, assassino de gays, negros e mulheres etc. etc. etc.
Há quem reclame dos “excessos” cometidos por aqueles jovens, mas a expressão mesma denota a queixa puramente quantitativa, a timidez mortal de contestar na base uma ideologia de fundo que é, em essência, a mesma de deputados e senadores, professores e reitores, ministros de Estado e empresários de mídia -a ideologia de todo o establishment, de todas as pessoas chiques.
A ideologia, em suma, da
própria Folha de S. Paulo.
Olavo de Carvalho, Folha de
São Paulo, 13-11-2011
Prólogo de Aluízio Amorim,
publicado originalmente no seu blogue, 13-11-2011
Colaboração: Gracialavida
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-