segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Pressas, erros e indelicadezas


João Bosco Leal
As novas tecnologias e redes sociais nos permitem saber de pessoas que haviam sumido de nossas vidas, das quais nunca mais soubemos.
Agora estão ali, a uma tecla da reaproximação, mas acontecimentos passados, alguns tolos e outros de maior gravidade, nos levam a algumas dúvidas, se seremos aceitos ou se ainda que virtualmente, queremos esse reencontro.
Só com o tempo, a maturidade e oportunidades como estas, acabamos entendendo que muitas pessoas que passaram por nossas vidas poderiam ter permanecido se não tivéssemos sido tão infantis, intransigentes, egoístas e donos da verdade.
Quando jovens, imaginando já sermos muito sabidos, frequentemente discutimos com os mais velhos e nos rebelamos por nada, brigamos por pouco e realizamos diversas atividades que, já mais experientes, certamente não repetiríamos.
Aceleramos o veículo, mesmo quando teremos de frear no sinaleiro da próxima esquina e temos pressa, como se, mesmo nos momentos de prazeres físicos, o início e o fim fossem urgentes. Ainda buscamos muito mais quantidade do que qualidade.
Corremos muitos riscos, com pressas desnecessárias, quase sempre sem um objetivo real ou que não pudesse ser adiado. Após milhares de exemplos trágicos, ainda realizamos viagens, inclusive as de lazer, em velocidades excessivas, arriscando vidas e a fazer sofrer famílias inteiras.
Egoístas, como se fossemos o centro do mundo, tomamos atitudes impensadas, desagradando muitos, por raramente termos nos preocupado com o que alguém sentiria com elas. Em diversas oportunidades dizemos palavras que nunca deveriam ter sido ditas, ou silenciamos quando o momento exigia que disséssemos algo, sem nos preocuparmos se essa atitude machucaria alguém.

Não retribuímos muitas atitudes de carinho que nos demonstram as pessoas, algumas desconhecidas, num simples ato de desejar bom dia e perdendo, muitas vezes, a oportunidade de conhecer pessoas encantadoras.
Muitos realizam brincadeiras de mau gosto ou humilhantes, sem nunca se preocupar em quais seriam as consequências, muitas vezes provocando traumas que serão carregados por toda a vida.
Outros são verdadeiros selvagens no trânsito, respondendo a provocações, discutindo ou brigando por motivos insignificantes, que poderiam gerar consequências imprevisíveis, inclusive fatais.
Ferimos e fomos feridos em centenas de oportunidades e sem uma explicação conhecida, sonhamos com pessoas de quem gostamos muito, que amamos, mas também com aqueles que gostaríamos de nem nos lembrar.
Amamos e nos apaixonamos, fomos ou não retribuídos, mas muitos confundiram sentimentos, achando que quem os amava deveria servir-los, estar à sua disposição, sem nenhuma retribuição, ferindo, dessa maneira, exatamente quem os amava.
Deixamos de demonstrar ou declarar claramente nosso amor ao nosso par e por simples comodismo, preguiça ou falta de educação mesmo, sequer retribuímos, dando simples telefonemas ou realizando visitas de cortesia, para pessoas que sempre nos trataram muito bem, com carinho, amizade e respeito.
Muitas vezes, só tardiamente percebemos a importância e a dedicação daqueles que, por amor, estiveram do nosso lado, sem que lhes déssemos o devido valor.
As indelicadezas, deslizes e erros, quando cometidos repetidamente, acabam se tornando indesculpáveis.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal

7 comentários:

  1. Oi,Jim

    Esse é um dos melhores textos do João Bosco Leal, sempre uma excelente leitura no Cão Que Fuma.

    Refletindo um pouco sobre o tema, gostaria de acrescentar apenas que às vezes alguém já maduro até se atreve a pedir amizade no Facebook a uma pessoa somente para se desculpar por erros cometidos no passado, mas embora haja concessão, a vítima de arroubos juvenis alheios decide se manter em silêncio, ou seja, não responde a nenhuma mensagem e não emite absolutamente nenhum sinal de que esteja um dia com disposição para haver um diálogo, mesmo que curto, embora esclarecedor.

    A distância continua ali, a apenas uma tecla do bate-papo, por exemplo, mas se alguém tiver desligado esse programinha ou bloqueado a outra pessoa, o silêncio será mantido. É uma ausência presente ou uma presença ausente – tanto faz.

    Resta àquele autor de erros pretéritos ter paciência, respeitar essa atitude e aguardar a boa-vontade alheia para uma salutar e esclarecedora conversa, ou se conformar com o silêncio imposto e seguir em frente lembrando-se de que fez sua parte.

    E, lógico, curtir a vida, dentro e fora do Face.

    Bjs

    Lícia

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  2. Muito lindo, Lícia!
    Tornar-se-á, com a sua autorização, um post (lindo) do blogue!
    Beijos./-

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  3. Oi,Jim

    Muito obrigada. Claro,autorizo e agradeço-lhe por mais essa honra.

    Sinto que vc vai caprichar - como sempre - no post.

    Esteja à-vontade,amigo.

    Beijos

    Lícia

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  4. Gostei muito do texto, do Leal e do comentário da Licia.
    Quero acrescentar que nem precisa, necessáriamente, ser no facebook, email ou telefonema, têm a mesma eficácia. Eu juro! Pelo menos para mim funciona muito e bem.
    Abraços aos 2
    Teca D.

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  5. Oi,Teca D.

    Muito obrigada,fico feliz por vc ter gostado do comentário.

    Concordo com a eficácia do e-mail ou telefone; acredito em vc,não precisa jurar ;-)

    São mesmo ótimos recursos,mas dependem da vontade da outra pessoa; legal que pra vc funcionam muito bem.

    Cá entre nós,prefiro o olho no olho, cara a cara, mas enfim, em último caso, a webcam tb pode quebrar um bom galho... :-D

    Abraços

    Lícia

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  6. Lícia, concordo totalmente com você, nada como olho-no-olho e/ou webcam, porque você "sente" a outra pessoa e seus sinceros sentimentos.
    Abraços e, por favor, continue escrevendo porque gostei do que li.
    Teca

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  7. Oi,Teca

    Legal vc concordar. É bem por aí mesmo: "sentir" a pessoa,captar o que se passa por ali. E,claro,isso tudo é recíproco.

    Nada melhor que deixar tudo em pratos limpos,e,se houver necessidade de lavar a roupa suja, isso tudo funciona como um tanque lotado - o que pode ser altamente terapêutico.

    Fico muito feliz por vc ter gostado do que escrevi,e prometo caprichar ainda mais no próximo,viu?

    Lícia

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