segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Aerus – Atitudes: Gabinete para o gerenciamento de crises

José Manuel

“Crises são situações inusitadas que tiram os envolvidos da sensação de conforto e exigem providências para que a normalidade seja restaurada.
Atingem indivíduos, grupos, organizações, países, nas mais diferentes circunstâncias. Incluem desde pequenos incidentes familiares até conflitos bélicos.”

No dia 12 de abril de 2006, a notícia de que o fundo de pensão Aerus entrava em liquidação extrajudicial, caiu como uma bomba em nossos colos e nos jogou dentro de uma crise sem paralelo em nosso dia a dia. Essa crise nos tirou da zona de conforto e exigia à época que algo fosse feito, o que não aconteceu, certamente pelo impacto psicológico negativo em nossas vidas. Porém, e como ficou constatado nestes nove anos:

Enfrentar crises, seja no campo pessoal, seja no campo profissional, faz parte da vida de cada um de nós, com maior ou menor  frequência  e  em diferentes níveis de intensidade e de repercussão. Assim sendo, somos obrigados a gerenciá-las, no firme propósito de reduzir possíveis danos.”

À época, quando teríamos que ter a frieza germânica para enfrentar e gerenciar a crise em que haviam nos metido, optamos pelo continuísmo latino do "vamos aguardar". É sempre bom lembrar de que os participantes do fundo Varig ficaram esperando que a ação da Defasagem Tarifária ficasse concluída e o resultado é esse que aí está, ou nada até ao momento.

A consequência não poderia ser outra do que essa que estamos vivenciando há longos nove anos, e hoje com muitas vitórias e praticamente nenhum resultado estamos novamente à mercê de um legislativo em crise interna, e que pela quarta vez consecutiva irá dizer sim ou não ao pão nosso de cada dia, agora a partir de hoje, 3 de agosto de 2015.

Ora, isto é um absurdo, pois até judicialmente temos um mandado de pagamento de alimentos. Pelo código civil se alguém não obedecer à justiça dentro de um mandado de uma pensão alimentícia, vai preso. E os políticos com o nosso mandado? Até quando vamos continuar mendigando a essa gente, tendo no lugar do prato um mandado judicial nas mãos? Quantas mais sessões e pautas vamos ter que aguentar até que resolvam ratificar o PL-2 e a presidente resolva também assinar? Só para não esquecer, serão cinco meses, desde abril.

"Muitas crises acontecem inesperadamente, no entanto, boa parte delas se delineia no horizonte, o que permite que as providências para evitá-las ou minorá-las aconteçam de forma sistemática e planejada.
É válido, portanto, considerar que o gerenciamento de crises divide-se em duas etapas: PREPARAÇÃO  e  REAÇÃO."

Foi exatamente isso que nos faltou, o descortinamento dos horizontes para que tivéssemos montado um gabinete de crise, que gerenciasse todas as atitudes daquela data a futuro. O gabinete de crise teria tipificado inclusive as atitudes dos que seriam a partir daquela data,seriamente lesados, na saúde de seus familiares e quais delas (atitudes) poderiam ter sido tomadas como, por exemplo, fazer um registro policial, um registro na OAB (direitos humanos) ou mesmo em cartório, para que a futuro tivéssemos um documento hábil e comprobatório da responsabilização da União perante a justiça. 

"O PLANO DE  GERENCIAMENTO  DE  CRISES é uma apólice de seguro e, como tal, somente será  utilizado em  situações  especiais. É o melhor instrumento para que a instituição reaja rapidamente a uma crise, tome medidas imediatas para controlar os danos e reconquiste  a  confiança  do  público. Prepará-lo com antecedência permite que se considerem aqueles fatores que se farão invariavelmente presentes, e que não seriam levados em conta, em sua plenitude, em um ambiente de forte tensão.”

Exatamente isso, uma apólice de seguro que teríamos em mãos para ser usado quando necessário, como por exemplo, agora no requerimento à Comissão Interamericana, apresentar o que seria extremamente importante como documentos comprobatórios de responsabilidade, mas que não poderia nunca existir, como não existiu num ambiente conturbado e desorganizado como o que se estabeleceu logo após a intervenção no fundo. Não houve a necessária antecedência e fatos não foram levados em consideração diante da forte tensão do momento.

Foi realmente uma pena, pois com toda a certeza hoje a nossa história talvez fosse um pouco melhor. Porém, não esquecer de que continuamos em uma crise, apesar de tudo o que foi conquistado, mas não realizado, porque ficar cinco meses sem salário me parece estar obviamente em plena crise. Então, um gabinete de crise é uma realidade mais do que viável e urgente a ser montado. Vejamos:

"O GABINETE DE CRISE deve reunir todos que desempenham papel preponderante na adoção de providências para impedir a crise ou administrar suas consequências. Inclui membros permanentes, a critério da organização, e integrantes eventuais, de acordo com a situação. Às vezes, o gabinete é ativado antes da crise para que aja de forma proativa.”

É num gabinete de crise que, por exemplo, se encontram soluções como a criação de um fundo de assistência emergencial voluntário àqueles que ficaram profundamente menos favorecidos desde o início, ou até às viúvas/viúvos que devem se encontrar neste momento em uma crise mais do que aguda, passível de novos desdobramentos nada agradáveis enquanto a Previc não se manifestar. E quanto tempo mais irá demorar, pois alimentação tem um custo e sem salário não existe alimentação adequada à sobrevivência. Isso teria que ser feito no seio das associações remanescentes e quaisquer posicionamentos fora desse parâmetro, são apenas palavras ao vento.

Ao que tudo indica, ainda teremos a crise acomodada em nosso colo, por algum tempo, pois apenas a tutela está resolvida, ainda que com restrições e pesadelos a futuro. Então, temos que ter calma e em mente sempre que ao decidir tomar esta atitude: 

"Não há receitas prontas para enfrentar uma crise. Ficaremos, porém, bem mais próximos do sucesso se conhecermos os ingredientes, soubermos manejá-los com sabedoria e somarmos às condutas básicas uma boa dose de intuição, bom senso, sorte e fé."

Portanto, a nossa única vitória na recuperação de todas as nossas perdas é única e exclusivamente de nossa responsabilidade, daquilo que queremos fazer para terminar de vez com este sofrimento que nos retirou parte da única vida que temos. Precisamos ter em mente de uma vez por todas, que o foco principal a ser observado não são grupos ou pessoas. 


O foco do Aerus e a sua problemática toda está em cada um de nós. E só nós é que podemos deliberar sobre o que é importante ou não a cada atitude tomada individualmente. Então, a navegação precisa ser corrigida com a máxima urgência, olhando para o farol que nos indica o foco, o qual deve ser perseguido.

Nota: Os parágrafos em destaque azul, são fragmentos e reprodução de um artigo escrito pelo Gen.Ex.R1 Augusto Heleno Ribeiro Pereira e aplicáveis a qualquer tipo de crise.
Título e Texto: José Manuel, o texto acima é fruto de pesquisa e representa uma opinião estritamente pessoal. Autorizada a publicação desde que seja na íntegra e observada a sua propriedade intelectual.

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Um comentário:

  1. O colega José Manuel é um incansável lutador pelos diretos dos ex-trabalhadores da extinta Varig. Além de nos agraciar com textos esclarecedores e incentivadores para o engajamento de todos, contribui com ações para que haja um desfecho satisfatório desse jogo judicial que dura desde 2006. Não esqueçamos que teve a iniciativa de fazer uma greve de fome nesse sentido....
    Valdemar

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