José Manuel
“Crises
são situações inusitadas que tiram os envolvidos da sensação de conforto e
exigem providências para que a normalidade seja restaurada.
Atingem
indivíduos, grupos, organizações, países, nas mais diferentes circunstâncias.
Incluem desde pequenos incidentes familiares até conflitos bélicos.”
No
dia 12 de abril de 2006, a notícia de que o fundo de pensão Aerus entrava
em liquidação extrajudicial, caiu como uma bomba em nossos colos e nos jogou
dentro de uma crise sem paralelo em nosso dia a dia. Essa crise nos tirou
da zona de conforto e exigia à época que algo fosse feito, o que não aconteceu,
certamente pelo impacto psicológico negativo em nossas vidas. Porém, e como ficou
constatado nestes nove anos:

À
época, quando teríamos que ter a frieza germânica para enfrentar e gerenciar a
crise em que haviam nos metido, optamos pelo continuísmo latino do "vamos
aguardar". É sempre bom lembrar de que os participantes do fundo
Varig ficaram esperando que a ação da Defasagem Tarifária ficasse concluída e o
resultado é esse que aí está, ou nada até ao momento.
A
consequência não poderia ser outra do que essa que estamos vivenciando há
longos nove anos, e hoje com muitas vitórias e praticamente nenhum resultado
estamos novamente à mercê de um legislativo em crise interna, e que pela quarta
vez consecutiva irá dizer sim ou não ao pão nosso de cada dia, agora a partir
de hoje, 3 de agosto de 2015.
Ora,
isto é um absurdo, pois até judicialmente temos um mandado de pagamento de
alimentos. Pelo código civil se alguém não obedecer à justiça dentro de um
mandado de uma pensão alimentícia, vai preso. E os políticos com o nosso
mandado? Até quando vamos continuar mendigando a essa gente, tendo no lugar do
prato um mandado judicial nas mãos? Quantas mais sessões e pautas vamos ter que
aguentar até que resolvam ratificar o PL-2 e a presidente resolva também
assinar? Só para não esquecer, serão cinco meses, desde abril.
"Muitas
crises acontecem inesperadamente, no entanto, boa parte delas se delineia no
horizonte, o que permite que as providências para evitá-las ou minorá-las
aconteçam de forma sistemática e planejada.
É
válido, portanto, considerar que o gerenciamento de crises divide-se em duas
etapas: PREPARAÇÃO e REAÇÃO."
Foi
exatamente isso que nos faltou, o descortinamento dos horizontes para que
tivéssemos montado um gabinete de crise, que gerenciasse todas as atitudes
daquela data a futuro. O gabinete de crise teria tipificado inclusive as
atitudes dos que seriam a partir daquela data,seriamente lesados, na saúde de seus
familiares e quais delas (atitudes) poderiam ter sido tomadas como, por exemplo,
fazer um registro policial, um registro na OAB (direitos humanos) ou mesmo em
cartório, para que a futuro tivéssemos um documento hábil
e comprobatório da responsabilização da União perante a
justiça.
"O
PLANO DE GERENCIAMENTO DE CRISES é uma apólice de seguro e,
como tal, somente será utilizado em situações especiais. É o
melhor instrumento para que a instituição reaja rapidamente a uma crise, tome
medidas imediatas para controlar os danos e reconquiste a
confiança do público. Prepará-lo com antecedência permite que se considerem
aqueles fatores que se farão invariavelmente presentes, e que não seriam
levados em conta, em sua plenitude, em um ambiente de forte tensão.”
Exatamente
isso, uma apólice de seguro que teríamos em mãos para ser usado quando
necessário, como por exemplo, agora no requerimento à Comissão Interamericana,
apresentar o que seria extremamente importante como documentos comprobatórios
de responsabilidade, mas que não poderia nunca existir, como não existiu num
ambiente conturbado e desorganizado como o que se estabeleceu logo após a
intervenção no fundo. Não houve a necessária antecedência e fatos não
foram levados em consideração diante da forte tensão do momento.
Foi
realmente uma pena, pois com toda a certeza hoje a nossa história talvez fosse
um pouco melhor. Porém, não esquecer de que continuamos em uma crise, apesar de
tudo o que foi conquistado, mas não realizado, porque ficar cinco meses sem
salário me parece estar obviamente em plena crise. Então, um gabinete de crise
é uma realidade mais do que viável e urgente a ser montado. Vejamos:
"O GABINETE DE CRISE deve reunir todos que desempenham
papel preponderante na adoção de providências para impedir a crise ou
administrar suas consequências. Inclui membros permanentes, a critério da
organização, e integrantes eventuais, de acordo com a situação. Às vezes, o
gabinete é ativado antes da crise para que aja de forma proativa.”
É
num gabinete de crise que, por exemplo, se encontram soluções como a criação de
um fundo de assistência emergencial voluntário àqueles que ficaram
profundamente menos favorecidos desde o início, ou até às viúvas/viúvos que
devem se encontrar neste momento em uma crise mais do que aguda, passível de
novos desdobramentos nada agradáveis enquanto a Previc não se manifestar. E quanto
tempo mais irá demorar, pois alimentação tem um custo e sem salário não existe
alimentação adequada à sobrevivência. Isso teria que ser feito no seio das
associações remanescentes e quaisquer posicionamentos fora desse parâmetro, são
apenas palavras ao vento.
Ao
que tudo indica, ainda teremos a crise acomodada em nosso colo, por algum
tempo, pois apenas a tutela está resolvida, ainda que com restrições e
pesadelos a futuro. Então, temos que ter calma e em mente sempre que ao decidir
tomar esta atitude:
"Não
há receitas prontas para enfrentar uma crise. Ficaremos, porém, bem mais
próximos do sucesso se conhecermos os ingredientes, soubermos manejá-los com
sabedoria e somarmos às condutas básicas uma boa dose de intuição, bom senso,
sorte e fé."

O
foco do Aerus e a sua problemática toda está em cada um de nós. E só nós é que
podemos deliberar sobre o que é importante ou não a cada atitude tomada
individualmente. Então, a navegação precisa ser corrigida com a máxima
urgência, olhando para o farol que nos indica o foco, o qual deve ser
perseguido.
Nota: Os parágrafos em destaque azul, são fragmentos e
reprodução de um artigo escrito pelo Gen.Ex.R1 Augusto Heleno Ribeiro
Pereira e aplicáveis a qualquer tipo de crise.
Título e Texto: José Manuel, o texto acima é fruto de
pesquisa e representa uma opinião estritamente pessoal. Autorizada a publicação
desde que seja na íntegra e observada a sua propriedade intelectual.
Relacionados:
O colega José Manuel é um incansável lutador pelos diretos dos ex-trabalhadores da extinta Varig. Além de nos agraciar com textos esclarecedores e incentivadores para o engajamento de todos, contribui com ações para que haja um desfecho satisfatório desse jogo judicial que dura desde 2006. Não esqueçamos que teve a iniciativa de fazer uma greve de fome nesse sentido....
ResponderExcluirValdemar