sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Calígula também padecia de SIIP - Síndrome da Inveja do Próprio Pênis

Perguntam-me se acredito que a SIIP — Síndrome da Inveja do Próprio Pênis — tem cura. Bem, a doença, certamente muito antiga, foi descrita há pouco tempo. Nem mesmo se fizeram os testes administrando-se, em grupos distintos, placebo e Croridrato de Simancol. Mas tudo indica que a SIIP se enquadra na categoria das psicopatias. Ou seja…
Busto de Caio Calígula no Museu do Louvre, Paris
Não! Lula não é o primeiro a padecer desse mal. Um caso clássico, relatado por um historiador —  na verdade, cronista — é Calígula, o imperador romano.  Eu me lembrava de ter lido em Suetônio — em Os Doze Césares — detalhes de sua vida que remetiam à síndrome. Tiro o livro da estante e batata! Calígula era um que tinha inveja do próprio pênis. Seu fim foi trágico. Abaixo, traduzo na carreira um trecho.
O rapaz viveu apenas 29 anos. Aos 25 e alguns meses, foi sagrado imperador. Reinou por três anos, 10 meses e oito dias, até ser assassinado. O relato que Suetônio faz de Calígula antes de sua chegada ao topo dá conta de um jovem  belo, generoso, altivo, amado por todos, bom soldado, justo, sedutor etc. O príncipe virou um sapo. Leiam. Volto em seguida:
(…)
Mas lhe disseram que era superior a todos os príncipes e reis da terra, e então começou a atribuir a si mesmo a divina majestade. Fez trazer da Grécia as estátuas dos deus mais famosos (…) entre elas a de Júpiter Olímpico, da qual cortou a cabeça para substituir pela sua própria. Estendeu até o Fórum uma ala de seu palácio e transformou o templo de Castor e Pólux num pátio, sentando entre os dois irmãos, oferecendo-se à adoração da multidão. Alguns o saudavam como Júpiter Latino. Teve, para a sua divinização, o seu príoprio templo, sacerdotes e as oferendas mais raras. Nesse templo,  podia-se contemplar sua estátua de ouro (…). As vítimas sacrificados a este deus eram flamingos, pavões, codornas, galinhas da Numídia, galinhas d’angola, faisões — a cada dia uma espécie diferente.
À noite, quando a lua estava cheia, ele a convidava a vir receber o seu abraço e a compartilhar seu leito. Durante o dia, mantinha conversações secretas com Júpiter Capitolino, falando-lhe algumas vezes ao ouvido (…). Em outras, falava ao deus com arrogância e em voz alta. Certa vez, ouviram-no dizer a Júpiter em tom de ameaça:
“Prove o seu poder ou tema o meu!”
(…)
Não queria que o considerassem neto de Agripa, cuja origem lhe parecia muito baixa, e o irritava que, em discursos ou em versos, ele fosse considerado um dos Césares. Afirmava que sua mãe havia nascido de um incesto de Augusto com sua filha Júlia. Não contente em caluniar Augusto, proibiu as celebrações das vitórias de Áccio e da Sicília, que considerava funestas e desastrosas para o povo romano.
Voltei
Calígula convidava a Lua a partilhar de seu leito; Lula já chamou a Terra de “esse planetinha”, além de especular sobre as vantagens de ela ser quadrada, em vez desse redondo aborrecido. O imperador romano falava com Júpiter e lhe dava broncas. O nosso Calígula, um tanto mais velhusco e rechonchudo, já exibiu provas da intimidade com o Altíssimo, que teria dito certa feita, segundo ele próprio: “Vou fazer esse baianinho (sic) presidente da República”.
As conquistas da civilização, não escapando nem os deuses olímpicos, foram todas postas a serviço de Calígula, que criou um templo dedicado à sua própria adoração. E, como se nota, não queria ser considerado um entre outros Césares, daí que tenha se dedicado à difamação de Octávio Augusto, inclusive de suas vitórias… Horrizava a Calígula a existência de um passado., Chegou a pensar em banir a obra de Homero das terras romanas.
Colocou-se certa feita ao lado da estátua de Júpiter, perguntou a um coitado quem era mais poderoso. Como o pobre hesitasse, mandou torturá-lo, afirmando que suas súplicas e gemidos lhe eram bastante agradáveis. A evidência inquestionável de que padecia da SIIP é esta: dizia que ainda mandaria torturar Cesônia, a sua quarta e última mulher, PARA QUE ELA LHE DISSESSE POR QUE ELE A AMAVA TANTO!!!
Reinaldo Azevedo

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