domingo, 5 de dezembro de 2010

O Brasil com medo de portugueses

Ferreira Fernandes

Esta semana, o brasileiro Ricardo Galuppo, administrador da empresa que tem os jornais O Dia, Meia-Hora e Brasil Econômico foi ouvido pela Justiça brasileira. Perguntaram-lhe se os portugueses da Ongoing mandavam naqueles jornais. Ele disse que não, sobre esses assuntos tratava só com Maria Alexandra Vasconcellos, cidadã brasileira. 

Maria Alexandra, mulher do português Nuno Vasconcellos, em Portugal não parece ter apetência para mandar em jornais. O marido, sim: é dono da Ongoing, que tem o Diário Económico, uma participação forte no Expresso e quis comprar a TVI. Mas no Brasil, segundo Galuppo, é ela que manda. Não tenho dados para saber se ele disse a verdade ou só disse o que convém à sua empresa. É que no Brasil é proibido estrangeiros serem donos de jornais. 

Mas a verdade ou não de Galuppo interessa pouco. Já é extraordinário que o Brasil passe a si próprio um atestado de menoridade onde ele é grande. O Brasil que teve patrões de Imprensa como Roberto Marinho (O Globo), Assis Chateaubriand (Diários Associados) e Adolpho Bloch (Manchete) tem medo de patrões estrangeiros e até dos portugueses? Minha nossa! 

Leia-se, hoje, de uma extraordinária crónica de Pompeu de Toledo na revista Veja a uma simples legenda no Estado de São Paulo e conclua-se o que há para concluir: o Brasil está mais perto de ser invadido por caipirinhas do que por jornais. 
Ferreira Fernandes, Diário de Notícias, 04-12-2010

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