
2. Em 1979, Margareth Thatcher
é eleita primeira-ministra do Reino Unido e em 1980 era a vez de Ronald Reagan.
As ideias liberais passam a ser hegemônicas, dando início aos ciclos político e
econômico correspondentes. Em novembro de 1989 um fato de grande simbolismo - a
queda do muro de Berlim - deu ao ciclo liberal a máxima legitimação, vis-à-vis o que seria o fracasso do
ciclo socialista anterior. Foram também 30 anos.
3. A crise de 2008, muito mais
que uma crise econômica conjuntural, marca o fim de um ciclo de hegemonia plena
das ideias liberais. Inicia-se um novo ciclo cuja percepção de sua tendência e
análise de seus vetores constituintes não se dará de forma imediata. Nos anos
70 isso ocorreu progressivamente até culminar nas eleições de Reagan e Thatcher
e ter sua apoteose em 1989.
4. Na América Latina o fim do
ciclo das ideias liberais, por insistência das forças de centro e de
centro-direita, que resistiram em entender esse processo e buscar alternativas,
terminou abrindo espaço para a ascensão do populismo a partir da debacle do
ultraliberalismo argentino e da vitória de Chávez.
5. A crise de 2008 fez emergir
a discussão sobre a desregulamentação como doutrina e o novo papel regulador do
Estado. Ideias que ainda se encontram em processo de amadurecimento,
especialmente na matriz europeia, historicamente hegemônica no terreno das ideias.
O que aparece como o marasmo europeu, é na verdade o aprofundamento desse
debate, que se dá de forma mais nítida onde a crise teve e tem uma intensidade
menor. Mais uma vez a Alemanha no centro desse debate e com maior capacidade de
reflexão, por aquela razão.
6. Dr. Klaus Schuller, diretor
nacional do CDU, em reunião com o DEM, em Berlim, semana passada, fez uma ampla
e profunda explanação das tendências políticas na Alemanha desde 2005, apoiado
em pesquisas sistemáticas. Logo na entrada do partido um grande painel com a
sigla CDU de um lado tem no centro a expressão "Die Mitte", ou
CENTRO.
7. O CDU afirma que a crise
que enfrentamos tem origem numa crise de valores (leia-se ideias), ou seja, a
lógica da desregulamentação econômica prevaleceu sobre os princípios de
solidariedade, fraternidade e da família. E vai mais longe, projetando que seu
parceiro liberal -o partido liberal-democrata FDP - já afastado do parlamento
de Berlim por não atingir os 5%, tende em 2013 a ficar fora do parlamento
federal. E projeta que a entrada do 'Partido Pirata' -campeão da anti-política
e da agregação individual via redes sociais - no parlamento de Berlim com 9%,
se repetirá em 2013 no parlamento federal. O Partido Pirata trocou apoio que
antes era dos verdes, socialistas e ex-comunistas.
8. E que é hora de não se
deixar atropelar pela crise e analisar com calma esse quadro no plano
ideológico e atualizar as ideias humanistas (ou democrata-cristãs) e oferecer a
base de ideias desse novo ciclo. A Alemanha - pouco afetada pela crise - tem
essa possibilidade, esse tempo e tende a ter essa liderança.
Texto: Cesar Maia, 03-11-2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-