quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Governo diz não a Seguro. Corte dos subsídios mantém-se


Liliana Valente
Pressão para que esforço não fosse apenas pedido à função pública aumentou, mas o executivo diz que “não há almofada financeira”
Foto: Agência Lusa
António José Seguro perdeu a batalha: o corte nos subsídios de férias e de Natal é para continuar, porque “não há almofada” financeira que permita manter uma das prestações, disse ontem o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas.
Numa primeira fase o executivo disse estar disponível para discutir alternativas, mas ontem Relvas fechou por completo a porta. “Não há alternativas” ao corte dos subsídios, afirmou. Isto porque, explicou o ministro, “a construção do Orçamento implica que dois terços tenham a ver com cortes na despesa e um terço do lado da receita”. Ou seja, o governo insiste em manter a suspensão dos dois subsídios com o argumento de que com a retenção desta verba reduz a despesa pública. Ao optar por uma sobretaxa de IRS – como este ano –, aumentaria a receita pública, uma hipótese que o executivo rejeita, escudando-se no acordo da troika, que obriga a medidas sobretudo pelo lado da despesa.

O PS insiste. Depois das palavras de Miguel Relvas, António José Seguro reafirmou que os socialistas farão “todos os esforços para devolver um subsídio, um salário e uma reforma aos funcionários públicos e aos pensionistas”. No final de um almoço no American Club, Seguro disse que “ninguém compreenderia que o governo tivesse uma posição irredutível, uma posição de não diálogo”. O secretário-geral do PS quer chamar os funcionários do privado para o esforço, o que, neste aspecto, só pode acontecer com uma sobretaxa de IRS que abrangeria todos os contribuintes: “Não é aceitável que um reformado com mil euros de pensão fique sem dois salários num ano e que um trabalhador (por maior respeito que me mereça – e merece-me muito) que ganhe 1500 euros não dê nenhum contributo para o esforço nacional”, disse.
Ceder ao PS – e ao Presidente da República, que criticou abertamente o corte dos subsídios – seria ir contra a palavra do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, que se mostrou sempre irredutível, mesmo depois das críticas de Cavaco Silva. Depois de Passos Coelho ter anunciado o corte nos subsídios, Vítor Gaspar explicou mesmo, em entrevista à RTP, que a alternativa seria o despedimento de funcionários públicos. “Falar em cem mil não seria descabido”, disse então.
Execução
Em vésperas da discussão do Orçamento do Estado na generalidade, Seguro insiste que, ao contrário do que defende o governo, há uma folga orçamental de cerca de 900 milhões de euros no documento. Uma “diferença” que levou “a opções políticas diferentes”, disse. Serão argumentos como este que António José Seguro vai levar esta quinta e sexta-feira ao parlamento para o debate com Passos Coelho. O dirigente socialista discorda do desvio de 3,4 mil milhões de euros na execução orçamental deste ano e será nesse ponto que vai insistir quando o governo pedir alternativas ao corte.
Do lado do executivo, depois de Passos ter ido ao Conselho Nacional do PSD, na passada semana, garantir que “não havia almofadas financeiras” no OE, ontem Relvas reforçou que “este é um Orçamento sem folgas, difícil de ser construído, daí ser muito difícil de ser executado, porque não há almofadas”.
Título e Texto: Liliana Valente, jornal “i”, 09-11-2011

Comentário do leitor litos335 | 9 Novembro, 2011 - 03:47
Afinal, Seguro só tinha a velha receita socialista... GASTAR! Não foi capaz de dar alternativas de corte para salvar os subsídios aos funcionários. Veio com uma "almofada" imaginária cheia de pressupostos de que o governo não teria feito bem as contas... Tentou na entrevista à TVI24 mostrar-se o bonzinho guardião dos portugueses... falhou, santo de pau carunchoso estamos fartos. Se fosse PM faria exatamente os mesmos cortes para atingir a meta do memorando que o PS negociou tão mal com a troika (valor e prazo curtos!). Seguro, fica bem 4 anos na oposição. Cuidado com o César, que ele quer esse lugar quando cheirar a poder. Até lá amadurece e percebe que o "people" começou a fazer um escrutínio cerrado às atitudes dos políticos.

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