Liliana Valente
Pressão para que esforço não
fosse apenas pedido à função pública aumentou, mas o executivo diz que “não há
almofada financeira”
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Foto: Agência Lusa |
António José Seguro perdeu a
batalha: o corte nos subsídios de férias e de Natal é para continuar, porque
“não há almofada” financeira que permita manter uma das prestações, disse ontem
o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas.
Numa primeira fase o executivo
disse estar disponível para discutir alternativas, mas ontem Relvas fechou por
completo a porta. “Não há alternativas” ao corte dos subsídios, afirmou. Isto
porque, explicou o ministro, “a construção do Orçamento implica que dois terços
tenham a ver com cortes na despesa e um terço do lado da receita”. Ou seja, o
governo insiste em manter a suspensão dos dois subsídios com o argumento de que
com a retenção desta verba reduz a despesa pública. Ao optar por uma sobretaxa
de IRS – como este ano –, aumentaria a receita pública, uma hipótese que o
executivo rejeita, escudando-se no acordo da troika, que obriga a medidas
sobretudo pelo lado da despesa.
O PS insiste. Depois das
palavras de Miguel Relvas, António José Seguro reafirmou que os socialistas
farão “todos os esforços para devolver um subsídio, um salário e uma reforma
aos funcionários públicos e aos pensionistas”. No final de um almoço no
American Club, Seguro disse que “ninguém compreenderia que o governo tivesse
uma posição irredutível, uma posição de não diálogo”. O secretário-geral do PS
quer chamar os funcionários do privado para o esforço, o que, neste aspecto, só
pode acontecer com uma sobretaxa de IRS que abrangeria todos os contribuintes:
“Não é aceitável que um reformado com mil euros de pensão fique sem dois salários
num ano e que um trabalhador (por maior respeito que me mereça – e merece-me
muito) que ganhe 1500 euros não dê nenhum contributo para o esforço nacional”,
disse.
Ceder ao PS – e ao Presidente
da República, que criticou abertamente o corte dos subsídios – seria ir contra
a palavra do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, que se mostrou sempre
irredutível, mesmo depois das críticas de Cavaco Silva. Depois de Passos Coelho
ter anunciado o corte nos subsídios, Vítor Gaspar explicou mesmo, em entrevista
à RTP, que a alternativa seria o despedimento de funcionários públicos. “Falar
em cem mil não seria descabido”, disse então.
Execução
Em vésperas da discussão do
Orçamento do Estado na generalidade, Seguro insiste que, ao contrário do que
defende o governo, há uma folga orçamental de cerca de 900 milhões de euros no
documento. Uma “diferença” que levou “a opções políticas diferentes”, disse.
Serão argumentos como este que António José Seguro vai levar esta quinta e
sexta-feira ao parlamento para o debate com Passos Coelho. O dirigente
socialista discorda do desvio de 3,4 mil milhões de euros na execução
orçamental deste ano e será nesse ponto que vai insistir quando o governo pedir
alternativas ao corte.
Do lado do executivo, depois
de Passos ter ido ao Conselho Nacional do PSD, na passada semana, garantir que
“não havia almofadas financeiras” no OE, ontem Relvas reforçou que “este é um
Orçamento sem folgas, difícil de ser construído, daí ser muito difícil de ser
executado, porque não há almofadas”.
Título e Texto: Liliana
Valente, jornal “i”, 09-11-2011
Comentário do leitor litos335
| 9 Novembro, 2011 - 03:47
Afinal, Seguro só tinha a
velha receita socialista... GASTAR! Não foi capaz de dar alternativas de corte
para salvar os subsídios aos funcionários. Veio com uma "almofada"
imaginária cheia de pressupostos de que o governo não teria feito bem as
contas... Tentou na entrevista à TVI24 mostrar-se o bonzinho guardião dos
portugueses... falhou, santo de pau carunchoso estamos fartos. Se fosse PM
faria exatamente os mesmos cortes para atingir a meta do memorando que o PS
negociou tão mal com a troika (valor
e prazo curtos!). Seguro, fica bem 4 anos na oposição. Cuidado com o César, que
ele quer esse lugar quando cheirar a poder. Até lá amadurece e percebe que o
"people" começou a fazer um
escrutínio cerrado às atitudes dos políticos.
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