Professor de Economia da
Católica elogia a coragem do primeiro-ministro, que compara à que diz ter sido
demonstrada no passado apenas por Soares e Salazar. Defende que qualquer outro
político ou partido responsável teria de seguir uma política idêntica e
necessariamente impopular.
“Custa mais enfrentar um
consenso social do que um exército”, escreve hoje João César das Neves (foto) no
“Diário de Notícias”, num artigo em que discorre pelas razões que levam hoje o primeiro-ministro a ser a "pessoa mais odiada em Portugal" e no qual compara a coragem de Pedro
Passos Coelho à que diz ter sido demonstrada no passado apenas por Mário Soares
e António Salazar.
“O primeiro-ministro já fez
vários erros, alguns graves. Curiosamente, é insultado sobretudo pelo que faz
de bem”, considera o Professor de Economia da Universidade Católica. O país,
diz, "acusa o médico pela doença" e, no meio da dor, "tem
saudades da euforia que nos trouxe à ressaca e sorri às forças que só complicam
com protestos interesseiros e inúteis". "Entretanto odeia Merkel e o
FMI, que nos emprestam dinheiro, e despreza o Governo que tenta reformas há
décadas indispensáveis. A consequência paradoxal é que, perante o sofrimento
inevitável, quem acaba por beneficiar são os inimigos”.
César das Neves argumenta que
as medidas que estão a ser implementadas pelo Governo “são forçadas pela
conjuntura e teriam de ser tomadas por qualquer outro político ou partido
responsável”, pelo que pouco ou nada dizem sobre se Passos Coelho é bom ou mau
governante. Dizem, então, o quê? "Por enquanto, a única característica
evidente do primeiro-ministro é ser um homem corajoso, capaz de enveredar por
um caminho que, indispensável e enormemente impopular, o leva a arriscar a sua
carreira futura e o sucesso eleitoral do seu partido. Se pudesse, certamente o
evitaria. É evidente que só faz isto por estar convencido de que é a única
alternativa para o País. Mesmo assim, é preciso muita coragem para avançar por
aqui”.
“A coragem é uma virtude
paradoxal. Custa mais enfrentar um consenso social do que um exército. Muitos
comentadores sentem- se heróis ao atacarem comodamente o poder, mas é tomar
medidas impopulares que requer verdadeira bravura”.
Na história recente de
Portugal, escreve o Professor de Economia da Universidade Católica, apenas dois
outros governantes se viram em situações parecidas e tiveram atitude
semelhante: António Salazar em 1928 e Mário Soares em 1983. “Estes são dois dos
mais insultados e bem-sucedidos políticos da história de Portugal. O que mostra
que o País é muito mais sensato do que os comentadores”.
Título e Texto: Jornal de Negócios, 14-01-2013
Entendi e concordo com o Sr. João César das Neves. Mas, penso, que Passos Coelho é o mais corajoso dos três; Salazar, ora, não tinha oposição; Soares, ora, como "paizinho da democracia", como coitadinho que viveu exilado (em PARIS!)também não tinha. A diferença é enorme, né não?
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