segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

César das Neves: Passos é corajoso como Soares e Salazar

Professor de Economia da Católica elogia a coragem do primeiro-ministro, que compara à que diz ter sido demonstrada no passado apenas por Soares e Salazar. Defende que qualquer outro político ou partido responsável teria de seguir uma política idêntica e necessariamente impopular.
“Custa mais enfrentar um consenso social do que um exército”, escreve hoje João César das Neves (foto) no “Diário de Notícias”, num artigo em que discorre pelas razões que levam hoje o primeiro-ministro a ser a "pessoa mais odiada em Portugal" e no qual compara a coragem de Pedro Passos Coelho à que diz ter sido demonstrada no passado apenas por Mário Soares e António Salazar.
“O primeiro-ministro já fez vários erros, alguns graves. Curiosamente, é insultado sobretudo pelo que faz de bem”, considera o Professor de Economia da Universidade Católica. O país, diz, "acusa o médico pela doença" e, no meio da dor, "tem saudades da euforia que nos trouxe à ressaca e sorri às forças que só complicam com protestos interesseiros e inúteis". "Entretanto odeia Merkel e o FMI, que nos emprestam dinheiro, e despreza o Governo que tenta reformas há décadas indispensáveis. A consequência paradoxal é que, perante o sofrimento inevitável, quem acaba por beneficiar são os inimigos”.
César das Neves argumenta que as medidas que estão a ser implementadas pelo Governo “são forçadas pela conjuntura e teriam de ser tomadas por qualquer outro político ou partido responsável”, pelo que pouco ou nada dizem sobre se Passos Coelho é bom ou mau governante. Dizem, então, o quê? "Por enquanto, a única característica evidente do primeiro-ministro é ser um homem corajoso, capaz de enveredar por um caminho que, indispensável e enormemente impopular, o leva a arriscar a sua carreira futura e o sucesso eleitoral do seu partido. Se pudesse, certamente o evitaria. É evidente que só faz isto por estar convencido de que é a única alternativa para o País. Mesmo assim, é preciso muita coragem para avançar por aqui”.
“A coragem é uma virtude paradoxal. Custa mais enfrentar um consenso social do que um exército. Muitos comentadores sentem- se heróis ao atacarem comodamente o poder, mas é tomar medidas impopulares que requer verdadeira bravura”.
Na história recente de Portugal, escreve o Professor de Economia da Universidade Católica, apenas dois outros governantes se viram em situações parecidas e tiveram atitude semelhante: António Salazar em 1928 e Mário Soares em 1983. “Estes são dois dos mais insultados e bem-sucedidos políticos da história de Portugal. O que mostra que o País é muito mais sensato do que os comentadores”.
Título e Texto: Jornal de Negócios, 14-01-2013

Um comentário:

  1. Entendi e concordo com o Sr. João César das Neves. Mas, penso, que Passos Coelho é o mais corajoso dos três; Salazar, ora, não tinha oposição; Soares, ora, como "paizinho da democracia", como coitadinho que viveu exilado (em PARIS!)também não tinha. A diferença é enorme, né não?

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