Meu amado amigo,
Da fonte de onde
peguei essas
historinhas, jorra uma cachoeira delas. Eu tenho um caderno da minha
infância onde aparecem um monte de historinhas com vocês desenhados no cantinho
das páginas. É um barato. Não consigo imaginar a minha vida sem essa aviação
dos anos 80 e 90. Acho que não seria um décimo do que sou hoje.
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Foto: Carlos Macapuna |
Hoje foi o meu primeiro dia
na praia aqui. Estava tudo tão lindo: o céu, as plantas (tem um coqueiral lindo
aqui, e dunas imensas de areia branca, é como subir naquelas nuvens que a gente
contorna com o avião), o mar, a areia - eu me sentia numa catedral... Eu estava
muito emocionada quando cheguei aqui, porque com esse papo de calendário Maia eu
achei que nunca mais ia ver essa praia de novo, foi terrível. A sensação que
tenho agora é a de ver pela primeira vez uma praia que eu já conheço há mais de
30 anos, foi como nascer de novo.
Teve um momento em que eu caminhei de onde estava até quase ao fim da praia (ela tem pra mais de 5 km de extensão por quase 1 km de largura, entramos com carro e tudo na areia porque é tudo muito longe lá) e ao parar num local muito deserto eu só ouvia o vento e o ruído das ondas no mar, e aquela visão do chão branco de areia e aquele céu imenso azul com vários níveis de nuvem misturados, tendo ao fundo a mistura de ruídos sendo que, ao inclinar a minha cabeça, o vento parava de interferir no ruído das ondas e eu só ouvia aquele ronco do mar. Ao presenciar o ronco puro do mar, o chão branco como uma imensa nuvem o céu rente a eles, formou-se uma paisagem que eu já havia visto em algum lugar.
Teve um momento em que eu caminhei de onde estava até quase ao fim da praia (ela tem pra mais de 5 km de extensão por quase 1 km de largura, entramos com carro e tudo na areia porque é tudo muito longe lá) e ao parar num local muito deserto eu só ouvia o vento e o ruído das ondas no mar, e aquela visão do chão branco de areia e aquele céu imenso azul com vários níveis de nuvem misturados, tendo ao fundo a mistura de ruídos sendo que, ao inclinar a minha cabeça, o vento parava de interferir no ruído das ondas e eu só ouvia aquele ronco do mar. Ao presenciar o ronco puro do mar, o chão branco como uma imensa nuvem o céu rente a eles, formou-se uma paisagem que eu já havia visto em algum lugar.
Era a vista da janela de
uma cabine de passageiros de avião, quando estamos na poltrona olhando
o avião atravessar as camadas de nuvem. Na minha terra, o ronco do mar é igual
ao da turbina do 737 ouvido de dentro da cabine, aquele
"vuuuuuuuum..." bem suave, ininterrupto. Caminhar sob o sol de S... é
como voar, sem turbulência... Não é à toa que foi nessa praia que me apaixonei
pelas coisas da aviação: ela é o espelho do próprio dom de voar! (Isso sem
contar a presença marota dos pequenos ultraleves, que de vez em quando colorem
o céu do meu paraíso. Eu gosto de acenar, mexer com eles. Tanto fiz, que ao
ficar deitada num lago no fim da praia o dito aviãozinho alinhou pra passar em
linha reta por cima de mim... E fiquei o dia inteiro fiscalizando o bichinho
voando e haja ele dar voltas sobre a praia. Sempre assim, há décadas, diversos
pilotos e ultraleves, essa eterna história, com contornos de Richard
Bach.
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Imagem: João Carlos Rodrigues |
Assim são meus dias à beira
do mar: catando conchas e pensando em aviões. Vou ver se faço uns desenhos por
esses dias, estava a fim de pintar uns aviões da Azul, eles são tão bonitinhos,
se destacam facilmente no aeroporto pelo seu colorido, tais quais eram os da
minha idolatrada Transbrasil.
Vou nessa, estou criando
coragem para tomar um banho, pois estou ainda com a pele salgada do mar... Meu
amado mar... Que banha tanto minha praia, quanto o litoral de Portugal. O mar
ou Omar, tanto faz. De Richard Bach, Fernão Capelo Gaivota (ou Jonathan
Gaivota), mistério do mar e da aviação. Mistério da Transbrasil. O mar de onde
vieram portos, navios e marinheiros, que conceberam de si as criaturas da
aviação. Como gaivotas e maçariquinhos que alçam vôo da areia na beira d água
do mar. Ao som de Vincent Bell ou Rachmaninoff, ou Omar Fontana mesmo, ao gosto
do freguês...
Abração e beijão! (salgados!)
Abração e beijão! (salgados!)
Título e Texto: M. F. A.
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