José Meireles Graça
Ficou célebre a boutade
de Jorge Sampaio: Há mais vida para além do défice! Não é de excluir que este
desabafo tolo venha a ter direito a uma nota de rodapé numa monografia sobre a
III Républica, a escrever por um historiador que, daqui a cem anos, queira
compreender o estranho regime que, em menos de duas gerações, levou o País à
falência por três vezes, a última das quais com dívidas, pública e externa, sem
precedentes.
O próprio diz
que nunca disse o que se diz que disse, tendo antes afirmado: Há mais vida para
além do orçamento! - como se fosse muito diferente, valha-o Deus.
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Jorge Sampaio, foto: Agência Lusa |
Para já, estamos ainda a fazer
a história deste período, do qual ignoramos o desenlace.
Cada qual é livre de construir
uma lista dos factores que conduziram ao descalabro a que chegámos. Na minha
figuram em lugar proeminente o crescimento constante do peso dos direitos
económicos que a nossa gloriosa Constituição consagra, a evolução demográfica,
a condução geral da economia de modo desfavorável ao investimento privado, o
aumento imparável da importância da Administração na vida das empresas e dos
cidadãos, e a adesão ao Euro. Este último por ter sido aquele que reorientou a
economia para actividades sem futuro e porque permitiu atingirem-se níveis de
endividamento, público e privado, que com moeda própria não teriam sido
possíveis.
Na parte em que estes factores
dependeram de decisões políticas não se nota especialmente a influência de
Sampaio, dada a sua condição de figura menor até ser eleito Presidente da
Républica. Aliás, tirando a famosa tirada de 2003, mais o facto de ter demitido
um Governo com maioria parlamentar porque não era do seu partido e tinha uma
grande falta de popularidade, os mandatos como Presidente não desmereceram da
sua singular vacuidade.
Nestas quase quatro décadas
Sampaio esteve sempre do lado errado. E esteve sempre em modo soft,
embrulhando as banalidades das sucessivas vulgatas de esquerda que foi
adoptando num palavreado que, quando era mais novo, era o mesmo do seu clube
partidário, mas traduzido para intelectualês, e, agora que é um senador do
regime, para paternalês.
Exagero meu? Não me parece.
Título e Texto: José
Meireles Graça, Forte Apache, 18-01-2013
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