Peço a todos que lerem este artigo para orar
por José Manuel. Que alguém consiga demovê-lo desta atitude. Quando a pessoa se
decide a praticar um gesto extremo é difícil ela mudar de idéia.
“Enquanto fala em cortar salários, pensões e aposentadorias como uma medida exemplar, o governo cria uma classe de privilegiados – a começar pelo Molusco – com superaposentadorias sob o pretexto de terem resistido à ditadura, uma prática indecente que não encontra paralelo em países onde as ditaduras foram bem mais cruéis e a luta, bem mais dura.”
Carlos Lira
José Manuel, o que está passando em sua cabeça para este gesto de
sacrifício supremo a que você decidiu submeter a sua vida de “homem idoso”? Em
princípio, a idade não é decisiva na vida de cada um de nós; o que é decisivo é
a inflexibilidade em ver as realidades que nos rodeiam, muitas delas
aterradoras, despropositadas que nos atormentam, e a capacidade para enfrentar
essas realidades e corresponder a elas com grande força interior. Haja força
interior, meu caro amigo de infortúnio! Fomos atingidos no que há de mais
profundo no ser humano: na dignidade! É duro ver o nosso direito ser retirado;
é duro ver um governo injusto, corrupto e sem a menor noção de respeito aplicar
uma “medida exemplar” cortando salários, pensões e aposentadorias para
contemplar com altos salários pessoas alheias ao direito adquirido pelo cidadão
brasileiro! Isso é duro, José Manuel! Isso maltrata! Isso desespera e lança o
cidadão à mais completa depressão!

Você, amigo irmão, na contramão você nunca ficou, sempre procurou acertar
o caminho, até moldar o destino você procurou, ou até tentou; prolongar a
juventude é desejo de todos, podemos manter até um espírito jovem, mas a
velhice se manifesta sob muitos ângulos e, sabiamente, você se decidiu por
desfrutar uma velhice sadia. Velhice sadia? Que sadia, que velhice lhe coube a
você, me coube a mim ou coube aos aposentados do AERUS ou a todos os
aposentados deste imenso Brasil? Esquecemos de uma coisa importante: o mal se
afigurou medonho, alinhavado em um homem que clamava aos quatro ventos por
justiça social e solução para os males de um Brasil injusto. Este mal se
avizinhou de nós, através de mentiras e artimanhas, eis a herança maldita a nós
imposta: massacrar o aposentado do INSS e banir da face da terra o AERUS da
previdência privada! Não sei até onde vai dar o montante do sofrimento imposto
a cada um de nós como também não sei até onde este sofrimento contribuiu para o
nosso amadurecimento.
Uma coisa é certa, amigo Manuel, o coração não envelhece no que se refere a rugas, o idoso conserva suas faculdades, o discernimento e a leveza de ser, se aprender a conservar vivos os seus interesses. Você, através deste seu gesto, prova que exercita o seu livre pensar e a sua liberdade para agir, deslocar-se, sair de casa, um decidido caminhar, entrar na casa mãe da aviação brasileira, sentar-se em determinado banco e ficar, e permanecer, para viver ou morrer, colher os olhares atônitos, mostrar-se, abrir o livro de sua vida, fazer história, numa partilha de amor entre os colegas que sofrem, padecentes dos mais diversos sofreres, dos mortos e suicidas, tudo isto porque o mais importante não muda, justamente porque a sua força de convicção não tem idade, José...
E agora, José? Meditativo você ficará, olhares lançados sobre seu corpo
alquebrado despercebidos passarão, o seu pensamento voará tão alto, mais alto
que possa seu pensar, vôos fabulosos, aeronaves possantes, países, povos, usos
e costumes, e você por ali pensante, alvo sublime de um ideal divinal...
E agora, José, Manuel o “Enviado”? O importante não muda, é tartamuda a
astúcia do insensível proceder dos homens do poder, a fome não os maltrata,
desbaratada foi a falsa argamassa usada nesta crucial questão mas a sua
força e convicção, nobre amigo, não tem idade.
E agora, José? A solução encontrada é definitiva ou sem parede nua você
ficará? E o frio, José? A pele enrugou, o cabelo embranqueceu, os dias se
sucedem em anos e o mais importante em seu viver resiste: a determinação. Como
I-Juca_Pirama você derrama os olhos seus, com triste voz que os ânimos comovem
e sua voz exclama: meu canto de morte, guerreiros e guerreiras do meu viver,
ouvi: sou filho da Varig, na Varig em idade cresci.
A solução encontrada, ó alma destemida, em última instância, no altar da
aviação, o sacrifício supremo: greve de fome... Enquanto estiver vivo, sinta-se
vivo; se for difícil a caminhada, segura na mão de Deus e trota, se for difícil
trotar, caminha, apóie-se em braços amigos, chore se for hora de chorar; soluce
se for hora de soluçar, o importante é você criar momentos, o importante é
prosseguir quando muitos esperam que você desista. Insista, persista, é nobre a
sua luta, campeão!... Use bengala, rasteje e nunca, nunca se detenha! Aliás, um
artista tem a idade que aparenta ter em cena. Na vida real, José Manuel, você
aparenta ter a juventude de todos nós!
Que a justiça seja feita o mais breve possível, que os homens do poder se
sensibilizem e fiquem do lado dos injustiçados: dos brasileiros que sofrem.
Este é o momento do mais profundo recolhimento: vamos orar por José
Manuel e por nós.
Título e Texto: Carlos Lira, 02-07-2013
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua
história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua
história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Almir Sater e Renato Teixeira
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Força e fé , estamos orando para que sua atitude não seja em vão...
ResponderExcluirRita Maria Barcelos
Deus o ilumine para dar forças a essa criatura de Deus. Estamos com você amigo Jose Manuel.
ResponderExcluir
ResponderExcluirMuito radical esta atitude do José Manoel.
Já temos os colegas no Aerus.
Isto não é bom para sua saúde.
Espero que ele desista disto.
Almir Papalardo
ResponderExcluir2, julho, 2013 em 09:53 |
Preste muita atenção senhora presidente Dilma, é um brasileiro desesperado procurando sensibilizar nossos poderes constituintes, para a injustiça e o descarte que teimam em fazer contra a classe de aposentados, uma categoria desprezada e vítima de uma das maiores discriminações e preconceitos que somos obrigados e ingerir goela abaixo!. O que acontecer com este pobre e descartado cidadão, será a senhora a principal responsável, lembre-se disto! Acabe de vez com essa má-vontade contra os aposentados; não siga os passos covardes dos presidentes que a antecederam.
Senhor José Manuel, não sei se é a melhor atitude tomada; não sabemos se valerá a pena este seu heroico gesto em busca de uma justiça negada que teria que ser espontânea. Não sabemos se tocará a consciência dos principais responsáveis. De qualquer forma, se a sua decisão for irrevogável, que o nosso bem Deus lhe dê as forças necessárias para cumprir tal ingrata missão.
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ACHO QUE TODOS NÓS DEVERIAMOS ESTAR JUNTO A ELE FAZENDO A MESMA COISA..... NESTE MOMENTO, É VIVER OU MORRER, E NUNCA CRITICAR..............
ResponderExcluirMarcos Rabelo Coriamba
Um amigo se sacrificando pelo Aerus.
ResponderExcluirCleia Carvalho