Completei este mês 39 anos
completos de serviço. Sempre no ensino. Se tiver saúde, tenciono completar mais
11 e sair da função pública com 50 anos de serviço completo. Sempre a ensinar. Olho
para os da minha idade e já não vejo nenhum a trabalhar. Todos
reformados, a dizerem mal da troika, da Alemanha e do Governo que lhes
quer cortar o valor da pensão em 10%.
Com tanto
jovem reformado e tão pouca gente a criar riqueza, estou cada vez mais
convencido de que o destino do país é o empobrecimento. Não é só o TC que
impede qualquer reforma estrutural que reduza a despesa do Estado. São também
aquela quase maioria de portugueses adultos que não fazem ponta de um corno e
vivem encostados ao Estado e a dizer mal dele. O caso dos professores é
sintomático da paranoia instalada. O desporto dos professores é dizer mal de um
patrão que lhes paga o salário no dia 23 de todos os meses do ano, dá dispensas
de serviço a centenas de professores para fazerem mestrados e doutoramentos e
coloca numa escola à porta de casa milhares de docentes, por vezes sem horário
letivo, para poderem prestar auxílio a familiares.
Há muitos portugueses inimigos
do trabalho. Resta-nos empobrecer dia a dia, ano a ano, até ficarmos uma
perfeita Albânia. Merecemos esse destino. A mais recente inconstitucionalidade
decretada pelo TC é um passo em frente nesse sentido. A partir de agora, uma
empresa em dificuldade só consegue resolver o problema despedindo todos os
trabalhadores, os bons e os calões. O dono da empresa está impedido de escolher
quem despede. Viva o socialismo!
Título e Texto: Ramiro Marques, no blogue “ProfBlog”
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