Omnipotence and its paradoxes
Vitor Grando da Silva Pereira
Resumo:
Neste artigo analisamos a
coerência do conceito de onipotência, atributo tradicionalmente atribuído ao
Deus das grandes tradições monoteístas. Inicialmente propomos uma descrição
adequada do conceito para que, então, possamos analisar alguns paradoxos tradicionais
que procuram demonstrar a suposta incoerência do conceito de onipotência. Em
nossa análise, fazemos a distinção do (1) conceito de onipotência quando
considerado isoladamente do (2) conceito de onipotência quando considerado em
conjunto com os demais atributos tradicionais de Deus, porque a resposta aos
paradoxos será diferente, a depender de estarmos considerando (1) ou (2).
Palavras-chave: Onipotência. Coerência do teísmo. Filosofia da religião.
Atributos de Deus.
Abstract In this paper we consider
the coherence of the concept of omnipotence, an attribute traditionally
ascribed to the God of the great monotheist traditions. We propose an adequate
description of the concept so as to be able to consider some traditional
paradoxes of omnipotence that challenge the coherence of this concept. In our
analysis, we distinguish between (1) the concept of omnipotence considered by
itself, from (2) the concept of omnipotence when considered conjoined with the
other divine attributes traditionally ascribed to God, because the answer to
the paradoxes will be different depending on (1) or (2).
Keywords: Omnipotence.
Coherence of theism. Philosophy of religion. Divine attributes.
1 INTRODUÇÃO
Entre as objeções lançadas
contra o teísmo num sentido geral, mais especificamente contra o teísmo
cristão, estão as objeções que envolvem a crítica à coerência do conceito de
Deus e de seus atributos, como a onisciência, onipotência, onipresença,
simplicidade, asseidade, considerados tanto individualmente quanto na sua coerência
conjunta. Torna-se fundamental, portanto, a reflexão filosófica sobre tais
conceitos, para que possamos fornecer uma explicação filosoficamente coerente
dos conceitos que o teísmo, em especial o teísmo cristão, atribui a Deus.
O conceito de onipotência é
central a todos os monoteísmos – judaísmo, cristianismo e islamismo – e é um
dos mais majestosos conceitos atribuídos a Deus. Majestoso e, talvez por isso
mesmo, um dos mais problemáticos desses conceitos. Entende-se que tal poder se
deriva não só do fato de constituir uma perfeição e, portanto, necessariamente
pertencer a Deus, mas pela posição preeminente que Deus ocupa em relação a toda
criação. Ele é o criador, sustentador da existência e aquele que confere às
coisas criadas os poderes e limitações que elas têm. No entanto, o conceito de
onipotência enfrenta ataques contra sua coerência. O Paradoxo da Pedra, que
pergunta se Deus seria capaz de fazer uma pedra tão pesada que ele não pudesse
levantar, é uma das clássicas objeções à coerência do conceito. Entretanto, ao
que parece, tais problemas só se colocam em razão de possuirmos uma compreensão
filosoficamente pobre daquilo que acreditamos sobre a onipotência de Deus.
O Antigo Testamento atribui a
Deus o título de El-Shaddai, o Corão lhe atribui o título de Al-Aziz, ambos com
o sentido de Deus Todo-Poderoso. No entanto, o conceito de um ser
todo-poderoso, onipotente, não é bem compreendido. Antes, uma compreensão
equivocada do conceito é amplamente difundida como se onipotência fosse o poder
bruto de fazer absolutamente tudo. Por mais piedosa que possa ser essa
definição, ela é filosoficamente pobre em razão de sua vaguidade. A vaguidade
dessa definição é que faz surgir sérias objeções. Poucos pensadores – talvez à
exceção de Descartes – definiram onipotência dessa forma. A visão cartesiana é
motivada pela reverente ideia de que Deus não pode ser restringido por qualquer
coisa que seja – nem mesmo pelas leis da lógica. A maior parte dos filósofos e
teólogos contemporâneos – senão todos - rejeita essa ideia, porque eles
entendem que as leis da lógica não são limitações genuínas, nem sequer chegam a
ser realizações factíveis. Incoerências lógicas são impossibilidades
intrínsecas, como veremos abaixo.
2 DEFININDO ONIPOTÊNCIA
Aqui, portanto, começa a nossa
definição de onipotência. Contrariando essa muito difundida ideia, onipotência
não é a capacidade de fazer absolutamente tudo, pois isso implicaria a
capacidade de criar até mesmo contradições lógicas, coisas que fogem ao escopo
do poder e, portanto, não são abrangidas pelo conceito. Deus, enquanto
onipotente, pode realizar toda sorte de ações logicamente possíveis, ainda que
fisicamente impossíveis. Desde que não contrarie a lógica, qualquer ação, por
mais absurda que seja, pode ser realizada por um ser onipotente. Por exemplo,
Deus pode tornar o Barack Obama presidente do Brasil em 2018; fazer a Terra
parar de girar em torno do sol ou fazer um homem desafiar a gravidade e começar
a levitar. Embora, naturalmente, tratemos tais coisas como impossibilidades,
sejam físicas, sejam de outra natureza, não há nada que nos impeça de conceber
um mundo onde tais ações sejam realizadas e, portanto, qualquer ser onipotente
pode realizá-las.
Exemplos de contradições
lógicas seriam, por exemplo, Deus fazer com que 2+2=5, fazer um círculo
quadrado ou tornar um número o presidente do Brasil; seria Deus criar o mundo
sem que Ele mesmo existisse, predeterminar as ações livres de indivíduos ou
talvez Deus mentir e ainda assim continuar sendo um Deus “que não é homem para
que minta” (Nm. 23.19). Percebe-se intuitivamente que nada dessas coisas é
factível. Para nos ajudar a esclarecer ainda mais o conceito, pensemos quanto
de poder seria necessário para realizar qualquer dessas ações. Quanto poder
seria necessário para tornar 2+2=5? Quanto de poder seria necessário para criar
um círculo quadrado? Percebemos imediatamente que não há poder suficiente capaz
de criar tal absurdo, pois tais coisas não estão sob o escopo criativo do
poder. Deus possui todo poder que há e possa haver, mas nenhum poder pode criar
uma contradição lógica. Portanto, concluímos que Deus não pode realizar
contradições lógicas, porque tais coisas não estão entre aquelas que o poder
pode fazer. Por isso, quando falamos de onipotência, não estamos falando da
criação de contradições lógicas.
Interessa ao filósofo cristão
notar que o termo lógica guarda relação etimológica com o termo grego logos. No
prólogo do Evangelho de João, lemos que “No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus e o Verbo era Deus [...] e o Verbo se fez carne e habitou entre
nós.” (João 1.1-2, 14). Ocorre que a expressão grega traduzida por Verbo é
justamente logos. Assim, o que o evangelista João está nos dizendo é que o
logos – o princípio racional universal – é a segunda pessoa da Trindade e
encarnou em Cristo, isto é, a natureza da lógica se encontra na pessoa de Jesus
Cristo. A teologia do logos foi desenvolvida pelos teólogos patrísticos, tais
como Justino Mártir, que afirmava que Cristo era a consumação daquilo que os gregos
buscavam, de modo que se a lei veterotestamentária havia sido dada aos hebreus
como um guia até Cristo, a filosofia cumprira a mesma função para os gregos.
Pelo exposto, não seria correto considerarmos que a lógica é externa a Deus e
que Ele lhe é sujeito, mas sim que as leis da lógica são a própria manifestação
do raciocínio divino.
Considerando o exposto,
poderíamos apresentar uma definição incipiente de onipotência filosoficamente
coerente dizendo que determinado ser x é onipotente se, e somente se, for capaz
de realizar qualquer estado de coisas logicamente possível. Assim, eliminamos
as possíveis absurdidades derivadas de um conceito mal formulado.
Alguns filósofos podem sugerir
que esse conceito ainda não é suficiente para definir onipotência, no entanto é
suficiente para nossos propósitos, portanto vamos nos ater a esse conceito
incipiente, deixando de lado discussões mais complexas por ora1. O que importa
é mantermos em mente que o conceito de onipotência não sugere a realização
daquilo que implique incoerências lógicas. Tendo chegado a uma definição de
onipotência, podemos agora utilizá-la para tratarmos de duas objeções comuns à
coerência do conceito.
3 PARADOXOS DA ONIPOTÊNCIA
3.1 PARADOXO DA PEDRA
Considerando nossa definição, podemos
agora enfrentar o Paradoxo da Pedra. Ao lado do Problema do Mal, tal objeção é
uma das mais populares. Poderia Deus criar uma pedra pesada o suficiente que
ele mesmo não consiga carregar? É a pergunta que se coloca ao teísta.
Essa pergunta pressiona o
teísta contra a parede, deixando-o aparentemente com um dilema (um falso
dilema, pode-se dizer), a saber:
1. Deus não pode criar tal pedra e, portanto, não é onipotente. Ou,
2. Deus pode criar tal pedra e,
portanto, não é onipotente.
Aparentemente, esse é um
dilema com o qual o teísta se confronta, e qualquer possibilidade de resposta
supostamente demonstra a incoerência do conceito. Filósofos teístas geralmente
respondem negativamente ao paradoxo. No entanto, penso que antes é preciso
esclarecer melhor o que se entende pelo paradoxo, porque há duas possibilidades
de resposta ao desafio, a depender de como ele é formulado. (1) A pergunta pode
ser formulada em relação a um determinado ser onipotente qualquer, ou (2) a
pergunta pode ser formulada especificamente em relação a Deus. Na primeira, o
que está em jogo é tão somente o conceito de onipotência quando considerado
isoladamente. Afinal, é perfeitamente concebível um ser onipotente que não seja
Deus2. Na segunda, o que está em jogo é o conceito de onipotência considerado
quando atribuído a Deus em conjunto com o restante dos atributos
tradicionalmente atribuídos a Ele.
Ao analisar esse paradoxo,
Richard Swinburne, em seu livro The Coherence of Theism (1977/1993, p.
153-166), trata do primeiro problema. É logicamente possível, ele diz, que um
determinado ser onipotente seja capaz de produzir um objeto tão pesado a ponto
de ser impossível que ele o carregue. Portanto, ele responde afirmativamente ao
paradoxo. A onipotência de uma pessoa inclui sua habilidade de deixar de ser
onipotente, uma habilidade que ela pode escolher exercer ou não exercer. Tal
pessoa pode perfeitamente permanecer onipotente eternamente, sem jamais colocar
em prática sua habilidade de deixar de sê-lo. A presente análise de onipotência
implica tão somente que um ser deve ser capaz de realizar um estado de coisas
logicamente possível no tempo t, ainda que ao exercê-la ele deixe de ser
onipotente num tempo posterior a t. Assim, a resposta de Swinburne é positiva
e, como se vê, nisso não há qualquer implicação sobre a impossibilidade do conceito quando considerado isoladamente.
No entanto, a maior parte dos
teístas acredita que Deus não só é onipotente como é necessariamente
onipotente, i.e., um ser como Deus não pode não ser onipotente, já que
onipotência constituiria um atributo necessário de qualquer ser que seja
considerado Deus. Esse conceito é oriundo da chamada teologia do ser perfeito,
que tem sua origem em Anselmo de Cantuária, que define Deus como o ser maior, e
nenhum outro pode ser pensado maior do que ele (1973, p. 108). Sendo assim, os
atributos de Deus devem ser considerados como possuídos necessariamente, haja
vista que, se ele os possuísse somente contingentemente, não se enquadraria na
definição anselmiana. Agora, se Deus é necessariamente onipotente, a resposta
ao paradoxo tem de ser negativa.
No entanto, isso não
implicaria um problema para a onipotência divina. A existência simultânea de um
objeto inamovível (a pedra) e uma força necessariamente onipotente (Deus) é um
estado de coisas logicamente impossível, portanto, não é algo que possa existir
no mesmo universo. Ora, é impossível que exista um objeto inamovível, visto que
existe um ser dotado necessariamente de um poder antecedente capaz de mover
qualquer coisa. O interessante nessa visão é que é a própria onipotência divina
que implica a impossibilidade lógica de tal pedra. No máximo o objeto pode ser
fisicamente impossível de ser movimentado, mas não o é para um Deus onipotente,
cujo poder excede – e antecede – qualquer outra coisa, ou seja, o poder de uma
pedra não pode ser maior do que o poder do onipotente. Portanto, Deus não pode
criar uma pedra cuja existência seja logicamente impossível.
Concluímos que essa questão é
um problema lógico. Considerando-se tão somente um ser contingentemente
onipotente, concordamos com Swinburne de que a resposta ao paradoxo é
afirmativa. No entanto, tratando-se do Deus cristão, a resposta tem de ser
negativa. É logicamente impossível a coexistência de uma pedra inamovível no
universo em que existe um ser necessariamente onipotente, e criar tal
inconsistência lógica não é uma questão de poder. Se o problema tiver coerência
lógica, é possível para Deus fazê-lo; caso contrário, nem Ele poderá fazê-lo,
como é o caso do problema analisado.
3.2 DEUS PODE PECAR?
O Paradoxo da Pedra é a mais
comum objeção à coerência do conceito de onipotência. No entanto, há problemas
menores como a suposta acusação de impotência a Deus caso respondamos
negativamente à pergunta sobre a possibilidade de Deus pecar. Essa objeção
coloca em questão a coerência conjunta de dois atributos de Deus: sua
onipotência e sua perfeição moral. Se admitirmos que Deus – sendo onipotente –
tem o poder de pecar, então seremos obrigados a admitir que ele não é
perfeitamente bom; se admitirmos que ele não tem o poder de pecar, então,
supostamente, estamos admitindo sua impotência. Dessa forma, parece haver uma
contradição entre dois atributos tradicionalmente atribuídos a Deus: a
onipotência e a perfeição moral.
Em sua Suma Teológica, Tomás
de Aquino analisa algumas objeções comuns à onipotência, e dentre elas coloca a
seguinte:
Objeção 2: O pecado é um ato
de determinado tipo. Mas Deus não pode pecar, nem negar a Si mesmo como é dito
em 2 Tm 2.13. Portanto, ele não é onipotente. (POJMAN; REA, 2008, p. 265-266)
Aquino reconhece a dificuldade
de se definir onipotência pelas dúvidas em torno do que se quer dizer com
“todas” quando se diz que Deus pode realizar todas as coisas. Então, ele afirma
que a compreensão do conceito é que Deus pode fazer todas as coisas possíveis;
e por essa razão, Ele é chamado de onipotente.
Entre essas coisas possíveis,
ele coloca todas aquelas que não impliquem uma contradição em termos; ao passo
que aquelas que implicam contradição não estão sob o escopo da onipotência,
pois não têm o aspecto da possibilidade. É exatamente essa a definição a que
chegamos no início deste artigo.
Ele responde dizendo que o
pecado não é uma capacidade. Antes, o pecado é mais bem definido como uma
incapacidade, pois pecar é “falhar em realizar uma ação perfeita”. Portanto,
ser capaz de pecar é ser capaz de fracassar, coisa que é contraditória com o
conceito de onipotência. Em sendo assim, Deus não pode pecar, justamente em
razão de ser onipotente.
No entanto, data venia ao mestre de Roccasecca, não
parece certo dizer que a onipotência por si só implique a incapacidade de
pecar. Por que pensar que a capacidade de enganar perfeitamente de modo a
alcançar seus intuitos seria uma forma de fracasso? Por que pensar que eliminar
uma vida para com isso alcançar os propósitos egoístas do ser onipotente seria
uma espécie de fracasso? Parece-me claro que um ser onipotente deve possuir
esse poder.
Novamente, parece que Aquino
erra por tentar defender a onipotência de Deus sem a devida distinção entre o
conceito de onipotência considerado isoladamente e o conceito em conjunto com
os demais atributos divinos. No anseio por defender a coerência dos atributos
conjuntos de Deus, parece-me que Aquino acaba por impor, sobre o conceito de
onipotência isoladamente considerado, restrições que não lhe pertencem.
Agora, se admitimos que um ser
onipotente pode pecar, teremos um problema ao considerarmos esse conceito
quando atribuído a um Deus dotado de perfeição moral. Se dissermos que Deus
pode pecar, aparentemente teremos de concluir que ele não é moralmente
perfeito; se dissermos que ele não pode pecar, teremos de concluir que ele não
é onipotente. Assim, temos um aparente conflito quanto à coerência do conceito
de Deus.
A solução deste paradoxo está
na admissão de que Deus possui o poder de pecar, no sentido de que ele de fato
possui todo o poder necessário para atualizar qualquer estado de coisas
logicamente possível, independentemente do valor moral do ato. Todavia, dessa
admissão não decorre que ele seja capaz de nem que ele vá pecar, porque as
ações possíveis de um indivíduo passam, antes de serem realizadas, pelas
considerações de sua vontade. Não é difícil imaginarmos uma dezena de ações as
quais teríamos pleno poder de atualizar, mas que ainda assim diríamos que somos
incapazes de fazer. Quando usamos o termo capacidade nesse sentido, não o
estamos utilizando no seu sentido denotativo oficial. Antes, estamos lhe
atribuindo um sentido que prescinde da noção de capacidade enquanto poder de
fazer. Mas estamos atribuindo ao termo um sentido conotativo absolutamente
distinto, mais ligado à qualidade moral do que aos poderes de determinado
indivíduo. Estamos dizendo, na verdade, que para o indivíduo incapaz nesse
sentido específico a potência para o mal jamais se tornará em ato. Qualquer
indivíduo adulto em plenas condições tem todo o poder necessário para realizar
brutalidades, tais como um assassinato ou o estupro de uma criança. No entanto,
por mais que isso seja perfeitamente razoável de se admitir, ainda assim todos
nós conhecemos (e somos, assim espero) pessoas que diríamos serem incapazes de
realizar tais brutalidades. Isso não se dá por qualquer falta de poder, mas sim
porque tais ações jamais estariam entre nossas volições em razão de nosso senso
moral. O que nos diferencia de um assassino não é o poder de realizar o ato,
mas nosso senso moral aprimorado, que impossibilita que tal potência se torne
ato. Se isso é válido para nós, seres humanos, a fortiori é válido para qualquer ser moralmente perfeito.
Portanto, embora Deus tenha toda a potência de atualizar uma ação pecaminosa,
ele jamais seria capaz de atualizá-la, já que tal coisa jamais poderia estar no
âmbito de suas volições, tendo em vista sua perfeição moral.
4 CONCLUSÃO
Não se pode fazer alvo de
ataques uma definição popular de algum conceito que queremos criticar, pois o
leigo não tem interesse nem ferramentas para compreender as sutilezas da filosofia.
Ao analisarmos o conceito de onipotência, como foi feito neste artigo, parece
ter ficado evidente que o conceito possui suficiente coerência lógica para ser
considerado um conceito válido considerado tanto isoladamente quanto em relação
a um ser como Deus. A definição de onipotência desenvolvida aqui ignora
questões mais complexas como se um ser onipotente é capaz de realizar um estado
de coisas logicamente possível no passado, por considerar que a definição
proposta é suficiente para os problemas tratados aqui. Para discussões mais
definitivas, o leitor é remetido à bibliografia, em especial ao artigo de Flint
e Freddoso.
Título e Texto: Vitor Grando da Silva Pereira, Bacharel
em Teologia (FABAT). Mestrando em Lógica e Metafísica (UFRJ). Áreas de atuação:
epistemologia analítica e filosofia analítica da religião. Publicado na Revista
Brasileira de Filosofia de Religião, edição de agosto de 2016
REFERÊNCIAS
AQUINO, Tomás de. Is God's Power Limited? In POJMAN, Louis;
REA, Michael. Philosophy of Religion: An Anthology. Belmont: Thomson Wadsworth,
2008, p. 265-266. CANTUÁRIA, Anselmo de. Proslógio. São Paulo: Abril S.A.
Cultural e Industrial, 1973. FLINT, Thomas; FREDDOSO, Alfred J. Maximal Power.
In CRAIG, William L. (Ed.) Philosophy of Religion: A Reader and Guide. New
Jersey: Rutgers University Press, 2002 p. 265-282.
MAVRODES, George. Some Puzzles
Concerning Omnipotence. In POJMAN, Louis; REA, Michael. Philosophy of Religion:
An Anthology. Belmont: Thomson Wadsworth, 2008 p. 267268. MORRIS, Thomas V. Our
Idea of God: An Introduction to Philosophical Theology. Illinois: InterVarsity
Press, 1991. MURRAY, Michael; REA; Michael. Introduction to the Philosophy of
Religion (Cambridge Introductions). New York: Cambridge University Press, 2008.
SWINBURNE, Richard. The Coherence of Theism. New York: Oxford University Press,
1993.
Leitura complementar:
Tradução: Vitor Grando da Silva Pereira
Você gosta de implicar-me nos contextos.
ResponderExcluirEU acho na minha vã filosofia que TODO MUNDO é onipotente, onisciente e onipresente.
Todos nós somos nossos próprios deuses.
Esse conceito de onipotência acima é o que todo ser humano possui.
Somos onipotentes ao prever os erros, e tal qual um deus, impotente ante as imprevisibilidades.
Somos oniscientes de nossas capacidades morais e éticas, e onipotentes em quebrá-las.
Somos onipresentes em qualquer sociedade que participemos, desde que tivermos a onipotência e a onisciência de ajudar nas decisões justas.
Resumindo:
Acreditando ou não no divino, nada vai melhorar no Brasil rezando, ou tendo esperanças, temos que lutar pela sociedade no todo.
Temos a onipotência de escolher nossos destinos e os destinos de nossos países, estados, cidades e comunidades.
Temos de estar onipresentes neles, e sempre oniscientes de todas as atitudes empregadas.
Voltando ao meu egoísmo particular, como descrito no meu avatar:
EU SOU MEU PRÓPRIO DEUS, EU ESTOU PERDIDO PARA SEMPRE.
Belo texto! Parabéns! É uma aula de lógica... Para um ateu nada mais que lógica... Seria necessário primeiro provar a existência de Deus para poder-LHE atribuir a onipotência...
ResponderExcluirValdemar
"Por exemplo, Deus pode tornar o Barack Obama presidente do Brasil em 2018" (!)
ResponderExcluirVade retro, Belzebu!
JMA
NÃO NÃO PODE E NUNCA PODERÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ExcluirOra pois, o Filósofo escreve muito bem, disserta assuntos como ninguém, mas não deve ser formador de opinião.
ResponderExcluirVejam os comentários, acho que Religião não se discute, cada um tem a sua e alguns não tem nenhuma, normal.
Heitor Volkart
Gostaria de ENFEITAR o comentário de que não se discute POLÍTICA.
ResponderExcluirPois, meus amigos, política é a única coisa que fazemos juntos com o nosso viver, por toda a vida.
Até aquele recém nascido que recebe leite toda vez que chora, já sabe que se chorar irá mamar, isso é política.
Fazemos política com nossas famílias, esposa e filhos, vizinhos chefes e colegas de trabalho. Fazemos políticas econômicas em nosso dia a dia, e com nossos adversários de clubes esportivos. Por vezes até fazemos políticas irônicas.
COMO NÃO DISCUTIR RELIGIÃO?
TODAS AS RELIGIÕES SÃO POLÍTICAS,como divisar esse paradoxo?
Quem não tem religião, não as discute, como diria TEMER, debatemo-las.
Desculpe Heitor, mas toda filosofia forma opiniões, as ideologias é que não formam opinião nenhuma, porque a ideologia já tem uma opinião formada.
Para finalizar DISCUTIR A EXISTÊNCIA DO DIVINO, não é de modo algum discutir religião.
Aliás, existem centenas ou milhares de deuses diferentes, pois para a mesma bíblia existem cartilhas ideológicas diferentes.
Fazendo uma analogia com o avião que tem sua bíblia operacional, aqueles que utilizam cartilhas operacionais próprias, acabaram morrendo e levando muitos com eles.
Se quiser , mostro acidentes causados dentro da própria VARIG por esses motivos.
fui...