Cesar Maia
1. Em vários países, a lei eleitoral proíbe qualquer tipo de
propaganda ou campanha três dias antes das eleições. Aqui mesmo, na América
Latina, são os casos do Chile e do Peru, entre outros.
2. No Brasil, embora sem a abrangência da lei de vários países,
nesta eleição de 2016, viveremos um processo semelhante. A lei brasileira, de
2015, ao proibir propaganda eleitoral nas ruas, construiu, de certa maneira, um
cenário público de reflexão e silêncio eleitorais.
3. Com isso, coube às inserções e programas, através das TVs e das
Rádios, ocupar quase plenamente os espaços públicos de propaganda eleitoral.
Quinta-feira é o último dia de propaganda via TVs e Rádios, assim como último
dia de debates nos meios de comunicação (que antes terminavam na sexta-feira).
4. Dessa forma, a partir desta sexta e deste sábado, teremos uma
espécie de “lei” de fato, de silêncio e reflexão. O eleitor, em sua casa, será
certamente impactado por esta nova situação. E no caso específico de 2016, esse
impacto do silêncio e da reflexão será ainda maior pela proporção dos eleitores
que afirmam que ainda poderiam mudar o seu voto.
5. Na Cidade do Rio de Janeiro essa proporção alcança 40%, segundo
o Datafolha. Com a interrupção das inserções e programas nas TVs e nas Rádios,
a sensação do eleitor é que esses 2 dias servirão para, mais que avaliar,
decidir seu voto. No Rio, o candidato que lidera as pesquisas com 30% das
intenções de voto, mesmo que seja afetado, não o será sobre a sua presença no
segundo turno.
6. Mas para os demais candidatos embolados entre 5% e 10% das
intenções de voto, esses dois dias de silêncio e reflexão, vis a vis a alta
porcentagem dos que afirmam que ainda podem mudar o seu voto, podem afetar
todos e cada um, mudando a escala de suas posições e impulsionando qualquer um
deles para o segundo turno.
7. Aqueles que conseguiram, durante os 35 dias de Rádio e TV, fixar
suas imagens e seus temas, a resistência a terem suas porcentagens em pesquisa
abaladas pelo silêncio e reflexão é provavelmente menor. E maior probabilidade
de, neste caso, terem suas candidaturas impulsionadas, desde o degrau que
ocupam, seja ele qual for. Da mesma maneira, uma presença nas ruas de eleitores
e militantes com pouca estridência e com muita conversa poderá produzir um
impacto sobre as candidaturas.
8. A estridência nesses dois dias de silêncio provavelmente
produzirá resultado contrário, irritando o eleitor. Nesse sentido, as
panfletagens tendem a produzir pouco resultado. E muito trabalho para a
Comlurb. Para colher bons resultados afirmando e/ou mudando a intenção de voto
dos eleitores, trata-se muito mais de usar técnicas de abordagem com elegância,
educação, civilidade e suavidade.
9. Existem equipes profissionais para isso, mas poucas e de alcance
limitado. Os partidos deveriam ter treinado seus militantes diretamente, ou
mesmo seus eleitores através de redes sociais fechadas para fazer isso com
milhares de eleitores.
10. Os institutos deveriam se preparar para realizar pesquisas no
sábado a tarde de forma a captar as mudanças que possam estar ocorrendo ou
terem ocorrido.
Título e Texto: Cesar Maia, 29-9-2016
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não aceitamos/não publicamos comentários anônimos.
Se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-