Vitor Cunha
Recebi, nos últimos dias,
algumas mensagens acerca da minha misoginia, brutalidade, bestialidade e
grunhideira. O habitual, previsível como um chá a meio da tarde, algo que nos
reconforta para o resto do dia. Porém, um anónimo “ya, eu sou de esquerda, yo” sugeriu
que eu fiz um apelo à violação da Mariana Mortágua. Primeiro ri: é altamente
implausível por todos os motivos imagináveis, incluindo alguém desgraçar a vida
só porque eu o teria – eventualmente – sugerido, achar que a Mariana tem
fetiche por assaltos na rua por gajos espadaúdos que não sejam como os xoninhas
que apoiam o Bloco é o mesmo que um apelo à violação. Se há coisa que parece
evidente é que os desejos de Mariana não são concretizáveis, incluíndo esse, caso seja mesmo real.
Depois, sorri ao pensar que
isso era um pretexto para poder evidenciar – mais uma vez – o quão a esquerda
revolucionária está sempre preparada para dar pancada, mas nunca preparada para
a receber.
Depois, ainda, achei piada
quando fui ver que essa micro-indignação é sobre aquilo que acham o máximo na
rádio pública sob a batuta da dupla Quadros e Nogueira.
Mais à frente, fui ler o que
escrevi e constatei que intui um desejo de Mortágua de uma rua mais musculosa,
daquele tipo de rua que é boa para a revolução e depois, quando começa a
incomodar, é transformada em carnificina pelos dirigentes revolucionários.
Depois, deixei de perceber a
acusação: então a deputada propõe roubar proprietários e não está disposta a
ser assaltada ela própria? E a igualdade? E a justa distribuição de riqueza? E
a torre de marfim que a esquerda impoluta inventa para si própria para
justificar as suas atrocidades? E a imbecilidade dos dirigentes do Bloco que,
deixando queimar a ex-estrelinha da sorte Mortágua, fazem um favor aos
socialistas, os que nem têm que anunciar nada excepto, nas entrelinhas, o rumo
ao colapso da tesouraria?
A forma como Mariana se expôs é que é anormal. Não é acusando-me de misóginia, brutalidade, bestialidade e grunhideira – o meu pequeno-almoço – que apagam a vossa própria inépcia para estarem no lado da governação.
Vocês são o protesto, não são
o governo. Cinjam-se ao que sabem fazer, que é cantar “Grândola, Vila Morena” a
meio de apresentações em teatros com quartos-de-banho unissexo com o charro no
bolso.
Ah! E agora um apelo formal:
por favor, não violem a Mariana Mortágua, OK? Não violem ninguém. Isso é mau.
Já agora, não assaltem ninguém, OK? Isso é mau. E, para a próxima, acho que
deviam – mesmo – escolher um alvo que se incomode com o que se diz dele.
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias, 27-9-2016
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Bom falar o que desta senhora que se acha a gatinha de 15 anos ... aprenda uma coisa ser profissional e conduzir precedimentos com transparência... se não pedi para sair vai curtir a aposentadoria ...
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