Nos EUA, os dados provam que a
esmagadora maioria dos adultos nascidos na última década do século XX votou
Bernie Sanders.
No Reino Unido, foram também
estes os que votaram em Jeremy Corbyn.
Na França foi esta faixa
demográfica que votou Mélenchon.
Em Espanha, são os eleitores
do Podemos e em Portugal estou em crer que são o grosso do eleitorado do Bloco
de Esquerda.
A pergunta é óbvia:
O que leva estes adultos do século
XXI a seguir a retórica populista de velhos dinossauros marxistas?
Para uns será o resultado da
hegemonia de esquerda na Academia, nos media e na educação, fruto de décadas de
longa marcha gramsciana através das instituições.
Para outros será apenas a
falta de memória de uma geração para a qual o totalitarismo comunista e as
catastróficas implementações do marxismo estão tão longe da experiência, como a
tomada de Lisboa aos mouros.
Para outros são as agruras da
idade. Costuma dizer-se que quem aos 18 não é de esquerda não tem coração e
quem aos 40 é de esquerda, não tem cabeça. Esta geração está no meio e os
optimistas acreditam que as inflamações radicais da idade da borbulha irão
desinflamando até se dar a transição.
Outros ainda entendem que este
regresso ao jurássico das ideias é o resultado do "neoliberalismo",
seja lá o que isso for.
O facto é que esta geração dos
millennials segue a flauta de
Hamelin de velhos marxistas, leninistas, trotskistas e outros istas, num
ataque perigoso à democracia liberal e ganha impulso numa crise coletiva de falta
de memória histórica.
Esta gente, ou esqueceu ou
nunca chegou a saber que a liberdade requer um esforço contínuo de educação e
de atualização. Esta geração distanciou-se do patrimônio moral da democracia
liberal e está disposta a acreditar na narrativa totalitária e na catarse
revolucionária e redentora.
O sistema educativo, a
Academia e os media, dominados por intelectuais orgânicos ao serviço da
distopia, há muito que deixaram de veicular o mérito extraordinário da
construção e manutenção de uma democracia liberal, para se lançarem nos braços
de velhos demagogos marxistas.
Isto talvez não acabe bem... a
liberdade não é um fruto espontâneo de nenhuma árvore e um belo dia acordamos
sem ela.
Título e Texto: José António Rodrigues Carmo, Facebook,
22-6-2017
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