Aparecido Raimundo de Souza
POR QUE SERÁ que será que as pessoas
têm a mania ou a teima, de estourarem as bolinhas dos sacos plásticos que
encontram pela frente? Notem senhoras e senhores, que não são somente os idosos
(ou nossos avós e bisas) que se ocupam em fazer uso dessa prática. A coisa já
se propagou aos nossos pais. Incontinenti, passou ao convívio dos nossos
filhos, amigos, vizinhos e atingiu, em cheio, os adolescentes. Percebam, que
nem eles escaparam dessa mais nova sedução. Como uma nuvem de bons presságios
que tivesse vindo de longe e caído sobre todos os humanos do planeta Terra, sem
nenhuma complacência.
É comum, pois, vermos casaizinhos andando
pelas ruas ou sentados em bancos de praças, ou mesmo em casa, namorando (diante
da televisão que nem de longe lhes chama a atenção, estourando bolinhas), como
também uma garotinha de menos de seis anos, entretida, com o seu canal de
desenhos preferidos, as mãos ocupadas em detonar uma centena de bolinhas de
vento. Que tara maníaca, ou carência viciante seria essa que faz as pessoas
viajarem na maionese?
Não só na maionese, mas num bom copo
de vinho, num pão com linguiça... que espécie de “doidera” da hora, ou bocado
de despautério em pleno século dos celulares modernos, dos carros que se
locomovem sozinhos, dos aviões que cortam os ares obedientes a computadores
sofisticados, invade o coeficiente da inteligência das criaturas, a ponto de
fazê-las esquecer de seus afazeres somente para se aterem ao pipocar do ar, ou
pior, do barulho saído ou provocado pelas bolinhas?
As respostas as nossas indagações
foram as mais variadas possíveis. Algumas sem nexo ou objetivos verdade seja
dita, mas, no geral, voltadas para um mesmo ponto de equilíbrio: a mente sã.
“Alivia a tensão”.
“Relaxa os nervos”.
“Qual o quê! Mexe com os músculos”.
“Evita o LER”.
“Faz esquecer um pouco os problemas”.
“Melhor que uma cerveja”.
“Mais barato que uma transa num
motel”.
“Um chute no saco”.
“Resgata as coisas boas da vida”.
“A gente se desprende do corpo e voa
alto”.
Alguns chegaram ao cúmulo de levarem a
mania para o lado médico. E concluíram: “funciona como uma terapia relaxante
que atinge o seu ápice no exato instante em que o ato de apertar se funde com o
estrondear das bolinhas como um todo”. Pelo sim, pelo não, o “tac, tac, tac,
”repetitivo provoca uma sensação suave, uma emoção soberba e indescritível de
alivio imediato. É um remédio barato e ao alcance de todos, sem os gastos com
farmácias e medicamentos que ajudam a nos destruir a saúde. Em contrapartida, liberta o estresse, as
tensões violentas, espanta o cansaço, e faz com que o organismo volte a sua
postura normal e tranquila. Vale, igualmente, para todos sem contraindicações.
O ato estourativo dessas bolinhas se tornou costume nacional, como o hábito aos
refrigerantes, a cerveja entre os amigos, a pelada nos finais de semana, o
futebol pela televisão.
A cada dia senhoras e senhores,
acreditem, aumenta consideravelmente o número de escolas espalhadas pelo País,
não só da rede pública, como os estabelecimentos particulares (principalmente
as de classe alta), que passaram a adotar, em seus currículos, a postura -
ainda que alienada - de sacrificar bolinhas como uma intermediação para aplacar
ou amortecer os alunos mais inacessíveis e de difícil convivência com os demais
colegas. Em viagens longas, é comum depararmos com pessoas fraturando bolinhas.
E a idiotia não ficou só nas classes menos favorecidas. De forma alguma! Nos
voos comerciais, damas e cavalheiros bem vestidos, entre uma bebida e outra,
retiram de suas bagagens discretos saquinhos com bolinhas para (como dizem lá
no Espírito Santo, os Capixabas) serem “pocadas”.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista. De Ribeirão Preto, São
Paulo, 16-7-2017
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Estourar bolinhas é muito bom, distrai a mente, tira o estresse, é coisa de maluco eu sei! Mas amo porque faço parte dessa maluquice kkkkk. Excelente texto Aparecido parabéns.
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