Primeiro foi Hélder Ferreira a
confessar que era Sebastião Pereira; a seguir veio Vítor Cunha; de imediato Fernando Melro dos Santos; e finalmente Pedro Correia. Depois surgiram avatares como cogumelos, todos pouco plausíveis e
evidentemente oportunistas.
Pedro Correia nega a autoria
do ominoso texto que saiu no El Mundo a dois dos outros, que reivindica
ostensivamente para si. Que pensar?
Vejamos: Hélder foi denunciado
há tempos por Pacheco Pereira como sendo um indivíduo de extrema-direita que se
exprime recorrentemente em artigos com inadmissível falta de respeito pelas
autoridades;
Vítor Cunha escreve no
Blasfémias, um blogue tolerado em nome da política oficial de liberdade de expressão,
mas que é na realidade um coio de personalidades antissociais;
Pedro Correia é conhecido pelo
seu incansável labor na publicação de trabalhos e notas sobre livros, música,
cinema, blogosfera, assuntos da atualidade, atividade que, todavia, disfarça
mal as suas simpatias pelo PSD, as quais ocasionalmente se atreve a confessar;
e Fernando Melro dos Santos
roça perigosamente a criminalidade, felizmente em artigos inacessíveis, pelo
hermetismo da redação, à compreensão da juventude, que pretende transviar para
doutrinas individualistas, liberais e anárquicas.
Toda esta gente partilha uma visceral aversão ao Poder consagrado nas urnas, entre muitas outras razões porque não o foi; está irmanada numa acidental negação do brilhantismo de Fernanda Câncio, tida como dona do nariz com mais visibilidade no espaço da opinião pública, ainda que segundo muitos encimando uma boca que expele com regularidade asneiras, o que aliás só lhe reforça o encanto; e pertence ao espaço do que, com grande latitude, se pode chamar a direita, aquela parte do espectro político que é responsável pelas injustiças ainda presentes na nossa sociedade e pelo relativo atraso do país.
É provável que as pessoas,
perplexas, concluam que não podem todos estar a falar verdade na reivindicação
da identidade de Sebastião Pereira. Mas sem razão, porque estes quatro nomes se
inserem numa tradição portuguesa, bem firmada, de personalidades múltiplas, da
qual os exemplos mais conhecidos são Fernando Pessoa e Miguel Abrantes. Muito
diferentes entre si (o primeiro sabia escrever e o segundo recebia subsídios),
nem por isso estes percursores deixaram de estabelecer ontologicamente a
possibilidade de um autor com diferentes personalidades e várias personalidades
com a mesma identidade.
Creio ter cabalmente esclarecido
o mistério e com isso prestado um serviço à comunidade e a Fernanda, à primeira
satisfazendo a curiosidade legítima e à segunda libertando-a para se dedicar à
defesa do injustiçado Sócrates.
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-